(Foto: Daniel Pinto)
Belém - Em pleno
dia de Re x Pa, a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do
Pará (Susipe) realizou uma ação na Praça da República promovendo
reintegração dos detentos do Estado à sociedade e a promoção da paz na
cidade.
Ao todo, 50 detentos do regime semiaberto
das Unidades Prisionais de Abaetetuba, Santa Izabel e do Centro de
Recuperação Feminino do Coqueiro participaram do mutirão de limpeza da
praça. Entre as ações houve a lavagem dos coretos, varrição da praça e a
grama dos canteiros foi aparada.
No total, 180 detentos participam do
“Conquistando a Liberdade”, todos passam por seleção psicossocial e
treinamento antes de irem às ruas.
Para o juíz Deomar Barroso, coordenador do
projeto, o objetivo é levar o projeto a uma praça por mês em Belém:
“essa campanha ambiental e de educação no trânsito é muito importante
para uma cidade mais organizada e tranquila. Quem gosta de Belém tem que
sair do discurso. Não basta falar, tem que ser educado ao dirigir, não
jogar lixo nas ruas da cidade, entre outros gestos. Quem gosta, cuida”.
O detento Anderson Chaves participa pela
primeira vez da ação e aprovou a experiência. “É uma grande iniciativa.
Fico feliz porque eles estão depositando na gente uma confiança que
muitas pessoas daqui de fora não têm. Isso é muito importante pra
gente”, fala.
Ao todo, foram 40 homens e 10 mulheres a
participar da ação. O diretor da Susipe, Ivaldo Capeloni, fala do
projeto com orgulho. “Esse projeto na praça é um extra, na verdade. O
que nós fazemos é levar os detentos para escolas públicas. Lá, eles dão
palestras de alerta. Falam dos erros que cometeram e assim, dão um
exemplo para os estudantes”, explica o diretor.
O “Papo di Rocha” é uma conversa entre
presos e jovens sobre o perigo das drogas e os perigos do mundo do
crime. Como mediador, há sempre um pedagogo ou psicólogo da unidade onde
o interno está.
Depois do bate papo os detentos fazem a
revitalização das escolas visitadas, que são públicas Estaduais ou
Municipais. Eles fazem limpeza, pintura, reforma da instalação elétrica,
entre outros serviços.
A detenta Thaís Reis também participou pela
primeira vez: “É bom para mudar um pouco de cenário. Isso nos dá
confiança. Ficar trancado sempre, preso ali dentro, não nos faz bem. É
muito bom, achei muito bacana”.
Os detentos que participam não ganham apenas
a oportunidade de sair, mas também tem um dia da pena reduzido a cada
três dias de trabalhos desse tipo. O agente prisional Olavo Guilherme
explica que tudo depende do livre arbítrio. “Eles precisam escolher e
querer trabalhar. É uma pena que alguns não queiram participar, pois
acreditam que nasceram para outros objetivos”.
Atualmente, o projeto “Conquistando a
Liberdade” acontece simultaneamente, toda última quinta-feira do mês,
nos municípios de Abaetetuba, Capanema, Marabá, Marituba, Mocajuba,
Paragominas, Salinópolis, Santa Izabel e Tomé-Açú, além da capital.
Ivaldo Capeloni explica que o objetivo é
estender o projeto para todo o Estado: “queremos que todo lugar que
tiver uma unidade penitenciária tenha também esse projeto”. Entre os
parceiros da Susipe no projeto está o Tribunal de Justiça, que trabalha
na liberação dos presos para as ações, o Propaz, Ministério Público do
Estado, Defensoria Pública e a Polícia Militar, que acompanha todas as
ações do projeto.
O trabalhador Nilson Cardoso, da Secretaria
Municipal de Urbanismo (Seurb), também gostou do projeto. “É muito
bonito, muito valioso. É importante cuidar dessa socialização dos
detentos. Eles já erraram na vida e agora merecem uma segunda chance,
que é o que eles estão tendo agora”, aprova.
O projeto “Conquistando a Liberdade”
acontece desde 2012 em nove municípios paraenses. Deomar Barroso, resume
a palavra: ressocialização. “Nós queremos resgatar a autoestima dos
detentos, reinseri-los na sociedade, queremos que eles se sintam úteis”,
ressalta.
O prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho,
também esteve presente e destacou o caráter ambiental da ação. Ele
plantou uma das mil mudas de lírios da paz que os detentos colocaram por
toda a praça.
(Diário do Pará)
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