sábado, 29 de março de 2014

Contradições de Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, deixam Graça Foster em má situação

Carlos Newton
Reportagem de Tiago Décimo, em O Estado de S. Paulo, revela que a assessoria do ex-presidente da Petrobrás José Sergio Gabrielli contradisse, na tarde de quarta-feira, a atual presidente da estatal, Graça Foster e afirmou que ”não era desconhecida” a informação de que havia um comitê para gerir a refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), salientando que a criação desse colegiado até constava no acordo de acionistas celebrado para a administrar a unidade.
Em entrevista publicada quarta-feira por O Globo, quarta-feira, Graça Foster afirmou ter sido surpreendida ao saber da existência do comitê, disse que ainda não se sabe qual era a função do comitê de proprietários de Pasadena e garantiu que a Petrobrás vai procurar “os estatutos, as atribuições, o poder e onde estão as atas”. “Não fica pedra sobre pedra”, afirmou a executiva, completando que não aceita “de jeito nenhum (…) que me venha um comitê que eu não saiba”.
NÃO SABE DE NADA
Caramba, a presidente da Petrobras é igualzinha ao Lula: não sabe de nada. Se Gabrielli diz que o comitê era “conhecido”, e o esse colegiado era até integrado por um ex-diretor da Petrobras (Paulo Roberto Costa, que está preso por lavagem de dinheiro e outros crimes), como a presidente Graça Foster deu entrevista a O Globo dizendo que desconhecia a existência desse comitê? Então ela não sabia que alguém representava a Petrobras nesse comitê internacional? E não sabia que esse alguém era justamente o ex-diretor Paulo Roberto Costa, o coringa desse bilionário escândalo petrolífero? E ainda diz que “não vai ficar pedra sobre pedra”… Será que a veterana engenheira Graça Foster vai mudar de ramo e se dedicar agora ao ramo das demolições?
TENTANDO DESDIZER…
Em nota divulgada na noite de quarta-feira, contudo, a assessoria de imprensa do ex-presidente Gabrielli voltou atrás, dizendo que ele não deu declarações neste sentido e que não existe conflito com Graça Foster. Ficou mal para os dois: ele, por saber demais: ela, por dizer que não sabe nada. O que todos sabem é que, em 2005, a empresa belga Astra Oil comprou o sucatão da refinaria de Pasadena por ridículos US$ 42,5 milhões.
No ano seguinte, a Petrobrás adquiriu 50% do ativo por US$ 360 milhões, num contrato inacreditavelmente lesivo. E em 2012, após disputa judicial, a companhia foi obrigada a comprar o restante da refinaria, num desembolso total de US$ 1,18 bilhão.
Dilma Rousseff, que à época presidia Conselho Administrativo da estatal, atribuiu a compra da polêmica refinaria a um relatório “falho”. E após o caso vir à tona, um dos responsáveis pela elaboração do relatório da compra, o ex-diretor da área Internacional da Petrobrás, Nestor Cerveró, foi exonerado de seu cargo. Diante do episódio, será criada no Senado uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar o caso. E o Tribunal de Contas da União (TCU), a Polícia Federal, o Ministério Público e a Controladoria-Geral da União investigam a aquisição por suspeita de prejuízos aos cofres públicos.
Na verdade, não há mais suspeita. O que há é uma maracutaia de altíssimo nível, que está balançando a Petrobras e o Palácio do Planalto, em pleno ano eleitoral.
 
 

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