A
dica é do sempre presente comentarista Adriano Magalhães, que nos
indicou esta surpreendente reportagem do Estadão, mostrando a que ponto
chegou a desfaçatez das autoridades brasileiras, incluindo a presidente
Dilma Rousseff e o ministro Guido Mantega. Confiram a reportagem sobre a
Formula 1, que é outra mutreta antiga da estatal, que não ganha nada
gastando fortunas no circo de Brian Ecclestone.
###
Petrobrás deu convite VIP para genro de Dilma
Andreza Matais e Murilo Rodrigues Alves
Brasília – Lista inédita dos convidados VIP da Petrobrás para assistir
ao GP do Brasil de Fórmula 1, em novembro, revela que o agrado,
originalmente usado pela estatal “para relacionamento com grandes
clientes corporativos”, teve como beneficiados o genro da presidente
Dilma Rousseff, Rafael Covolo; dois filhos do ministro da Fazenda, Guido
Mantega; e a irmã, o cunhado e a sobrinha da ministra do Planejamento,
Miriam Belchior, além de parlamentares da base aliada e seus familiares.
Mantida em segredo pela gerência executiva de Comunicação Institucional
da Petrobrás, a lista foi obtida pelo Estado via Lei
de Acesso à Informação. O cargo é ocupado desde 2003 por Wilson
Santarosa, sindicalista amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva. O pedido de informações foi negado duas vezes, e só foi atendido
por decisão da presidência da Petrobrás. As cortesias dão direito à
vista privilegiada da pista do Autódromo de Interlagos, além de acesso
aos boxes das escuderias, hospedagem em hotel cinco estrelas e buffet de
bebidas e comidas durante o GP. Estima-se que o custo unitário dos
convites oferecidos pela Petrobrás chegue a R$ 12 mil – o ingresso mais
caro vendido ao público no ano passado, com benefícios semelhantes,
valia R$ 11.200. A Secretaria de Comunicação Social do governo afirmou
ontem que Covolo “compareceu ao GP Brasil” a convite da Petrobrás,
desacompanhado da mulher, Paula Rousseff, e que Dilma não sabia do
convite. “A presidenta disse que, se tivesse sido (consultada), teria
dito para ele não comparecer. Isso porque, embora não exista
irregularidade, não vale o incômodo.” Procurado, Covolo avisou pela
secretária que “não tinha interesse em se manifestar”. O secretário
adjunto do gabinete de segurança da Presidência, coronel Artur José
Solon Neto, também foi convidado. O oficial confirmou o convite, mas
disse não saber por que foi escolhido. Pedido. Dois
filhos de Mantega, que preside o Conselho de Administração da Petrobrás,
estão na lista VIP da estatal, assim como amigos deles. O pedido de
ingressos para Carolina e Leonardo Mantega partiu do próprio ministro.
Procurada, Carolina fez um pedido. “Por favor, eu gostaria que você não
escrevesse essa matéria.” Perguntada se ganhou o ingresso do pai,
repetiu: “Eu não quero falar sobre isso”. Leonardo não foi localizado.
Os filhos de Mantega levaram um amigo, Felipe Isola. “Eu fui convidado
porque gosto de assistir à Fórmula 1. O camarote é minha posição
preferida”, afirmou. Questionou se tinha algum negócio com a estatal que
justificasse a cortesia, Isola disse que a pergunta deveria ser feita à
Petrobrás. “Não sou da empresa, mas conheço pessoas de lá”, afirmou. Em
nota, Mantega afirmou que “os convites mencionados pela reportagem
foram dados pela empresa devido ao fato de o ministro ser conselheiro da
companhia, tratando-se de uma prática usual da Petrobrás para com seus
conselheiros”. Miriam Belchior é outra ministra e conselheira da
Petrobrás cujos parentes foram ao camarote. Irmã da ministra, Virgínia
confirmou ao Estado ter recebido o ingresso, mas
desligou o telefone ao ser perguntada sobre como ganhou o convite. Por
meio de sua assessoria, a ministra afirmou que membros do Conselho de
Administração constituem um dos diversos “públicos” de interesse da
estatal. “Esse procedimento é praxe por parte de qualquer empresa
pública ou privada que patrocina grandes eventos. Não infringe nenhuma
norma estabelecida.” O marido da titular das Relações Institucionais,
Ideli Salvatti, o subtenente do Exército Jeferson da Silva Figueiredo,
também foi convidado para o camarote VIP. A ministra recebeu o convite,
mas afirmou não ter ido ao evento. Figueiredo não quis falar sobre o
assunto. Base. O ex-presidente do Senado, José Sarney
(PMDB-AP), também tem um parente na lista VIP da Petrobrás. O neto do
senador, João Fernando Sarney, não quis falar sobre o convite. O Estado identificou
na lista nove deputados federais, um distrital e dois senadores, além
de suas mulheres, irmãos, namoradas e filhos. Lá estão o líder do
governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e o senador Gim Argello
(PTB-DF), dois dos principais articuladores contra a CPI da Petrobrás. O
gabinete de Argello confirmou o uso da credencial, estendida ao irmão e
à mulher, mas disse que “não utilizou o serviço de hospedagem a que
tinha direito”. Chinaglia não quis comentar. Por meio de assessoria,
Marcus Pereira Aucélio, subsecretário de Política Fiscal do Tesouro,
Paulo Fontoura Valle, subsecretário da Dívida Pública do Tesouro, e
Marcio Holland, secretário da Fazenda, confirmaram a presença no evento,
mas disseram que, ao aceitarem o convite, “consideraram que a Petrobras
é uma empresa pública e não enxergaram nenhum potencial conflito de
interesses, por se tratar de evento promocional e com convite extensivo a
várias outras autoridades”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário