terça-feira, 8 de setembro de 2015

Mãe pede que filho fique preso

Mãe pede que filho fique preso  (Foto: Celso Rodrigues)
Mãe de Carlos Silva diz não aguentar mais as atitudes do filho (Foto: Celso Rodrigues)
Cansada de apanhar do filho e ter os pertences da própria casa furtados por ele, a empregada doméstica Patricia Nazaré das Mercedes, 35 anos, suplicou, na sala do delegado, na Seccional da Sacramenta, para que Carlos Alberto das Mercedes Silva, 21, o filho, ficasse preso por tempo indeterminado. Após mais um desentendimento em família, guardas municipais conduziram Carlos para a Seccional da Sacramenta, na tarde de anteontem. 
Segundo o inspetor da Guarda Municipal, Elton Moura, os agentes faziam ronda pela Vila da Barca, no bairro do Telégrafo, por volta de 13h30, quando foram chamados à residência de Patricia. No local, encontraram Carlos alterado e com um terçado pronto para desferir golpes em um familiar. Patricia relata que expulsou o filho da própria casa por não aguentar mais conviver com ele. “Ele cometeu assalto, roubou, já me bateu. Na última vez me deu pauladas no braço, na cabeça’’. A mãe registrou um boletim de ocorrência na Sacramenta em 15 de agosto, para relatar as agressões.“Eles me jogaram na rua’’, diz Carlos Silva. A mãe dele rebate. “A gente te fala o que fazer, fala, fala e tu não ouves”. Patricia culpa o próprio pai, avô de Carlos, e que não foi identificado, pelo tipo de vida e comportamento que o jovem tem. “Ele sempre passava a mão na cabeça do menino. Se eu dissesse algo, meu pai vinha e me batia. Apanhei muito por querer repreender ele. Desde os 10 anos se envolveu em coisa errada. Ele parece que não tem mais jeito’’, desabafa a empregada doméstica.
De acordo com o delegado Miguel Cunha, Carlos é acusado de participar de assaltos a ônibus que trafegam pela Pedro Álvares Cabral e Arthur Bernardes. Ele se veste com roupa de gari, entra por trás dos coletivos sem pagar passagem. Após minutos mostra a faca aos passageiros. A polícia tem imagens das câmeras dos ônibus durante a ação que comprovam o envolvimento. Carlos não deixou claro com quem conseguiu o uniforme de gari apreendido pelos policiais. 
CINCO PRISÕES
Ao puxar a ficha criminal dele, o sistema mostrou cinco prisões em flagrante por roubo e furto entre junho de 2014 a agosto de 2015. O que chama a atenção do delegado Miguel Cunha é que, durante esse período, a Justiça expediu quatro alvarás de soltura. Indignado, ele se recusa a autuá-lo em flagrante pela sexta vez. 
‘’Estou em protesto por essa situação. Se eu autuá-lo, daqui a três, quatro dias veremos ele em liberdade. Ele vai voltar a bater na mãe, roubar as pessoas. Esse é meu protesto. Outro delegado irá autuá-lo. Eu não’’, garantiu Miguel Cunha. 
O último crime que Carlos cometeu foi em 23 de agosto último, ao invadir a casa de Eranilde Lobato, 35, moradora da Vila da Barca. De acordo com a Polícia, ele agiu acompanhado de mais cinco pessoas, três homens e duas mulheres. A quadrilha roubou R$ 6 mil, joias e eletreletrônicos. A vítima esteve na Seccional, na tarde de ontem, e o reconheceu.
Eranilde conseguiu recuperar R$ 2.050, máquina fotográfica, cordão de ouro e relógio, encontrados com Deyvison Moraes Carvalho, 29, comparsa de Carlos. Deyvison foi levado pela mãe para prestar depoimento na Seccional da Sacramenta, após a irmã ter encontrado os pertences da vizinha com Deyvison. Ela avisou a mãe, que não pensou duas vezes em entregá-lo a Polícia.
 Em depoimento, Deyvison se defende e diz que apenas encontrou uma sacola com dinheiro e objetos dentro de uma das casas abandonadas da Vila da Barca e decidiu levar para casa. Deyvison responderá inquérito policial por furto qualificado. Carlos voltará para uma unidade prisional. O cunhado dele, Henrique Nascimento, 23, espera vê-lo longe da família por um bom tempo. “Queremos que ele fique preso. Os familiares têm medo porque ele só anda com faca”, finalizou Henrique.
(Renata Paes/Diário do Pará)

Nenhum comentário:

Postar um comentário