terça-feira, 1 de março de 2016

MICHEL TEMER CONVALIDA AS CRÍTICAS DO PMDB AO GOVERNO DILMA



Charge do Boopo (blogchacrinha.blogspot.com)
Pedro do Coutto
Ao abrir e encerrar o programa do PMDB, em rede nacional de televisão na noite de quinta-feira, de forma tácita o vice Michel Temer convalidou a onda de críticas que representantes selecionados pela legenda desferiram contra o governo Dilma Rousseff, tanto no plano econômico quanto na esfera relativa à condução política. Nenhum dos seis ministros que o PMDB possui no Executivo foi escolhido para falar. O próprio Michel Temer, ao fechar as cortinas, defendeu vagamente uma clássica união de forças para que – acrescentou – possamos viver dias melhores.
Um pé na nuvem do impeachment, outro na sombra do Palácio do Planalto. O PMDB, no fundo, revelou sua insatisfação. Cabe a pergunta inevitável: por quê, então, não rompe com a  presidente Dilma Rousseff? E na apresentação encontrava-se o deputado Eduardo Cunha, que inclusive, já afirmou ser desafeto da presidente da República. Um pé na calçada do impedimento, outro à beira do lago da Esplanada de Brasília.
O impeachment é difícil, quase impossível, até porque o PSDB, principal partido da oposição, está dividido quanto à hipótese. A corrente de José Serra, potencial candidato à sucessão de 2018, é favorável a uma união nacional com Michel Temer. Mas a corrente de Aécio Neves empenha-se na anulação do segundo turno das eleições de 2014, pelo TSE, e uma nova convocação às urnas. O que seria uma repetição do duelo entre ele e Dilma Rousseff, em condições eleitorais muito diversas daquelas que marcaram o pleito final de outubro de 2015. Agora, como assinala a reportagem de Simone Iglesias, Eduardo Barreto, Júnia Gama e Fernanda Krakovics, O Globo de sexta-feira, até o próprio PT demonstra publicamente sinais de divisão quanto aos rumos imprimidos por Dilma Rousseff.
E A BASE ALIADA?
Com isso, desarticula-se a base parlamentar aliada no Congresso, sobretudo, pelo lado do PT, com o surgimento de um projeto de desgravo ao ex-presidente Lula. Desagravo contra quem? Contra a própria sucessora, que, na visão da ala lulista, não estaria defendendo o ex-presidente das acusações que lhe são desfechadas. Mas como poderia e deveria? Não se explica o fato, pois o próprio Lula não está conseguindo defender a si mesmo. Surgem acusações sucessivas, envolvendo-o com empresas privadas, como a Odebrecht, OAS, UTC, para ficarmos somente nessas.
Num episódio no qual o marqueteiro João Santana diz não saber de quem recebeu 7,5 milhões de dólares no exterior, qualquer esforço para esclarecer panoramas tão nebulosos resultará inútil. Acusado, por exemplo, de  haver nomeado Renato Duque para a diretoria da Petrobrás, Lula atribuiu o fato a uma indicação de José Dirceu. Este, por sua vez, atribuiu a responsabilidade a Sílvio Pereira, secretário geral do PT. Incrível. Quem podia usar a caneta? Não era Sílvio Pereira.
DILMA ISOLADA
Percorrendo tal trilha de absurdos e de confirmação de escândalos, o que Dilma Rousseff poderia ou pode fazer? Nada. Portanto, não existe motivo para qualquer desagravo incluindo o Planalto como alvo. Difícil defender Lula, mais difícil ainda culpar a presidente da República pelas ações da Polícia federal e da Procuradoria Geral da República. De qualquer forma, entretanto, o isolamento de Dilma se amplia. Com isso sua base de apoio balança. Uma situação de alarme no convés do navio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário