segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Com as armas da ficção, Amós Oz merecia receber o Prêmio Nobel da Paz

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Ex-soldado, Amos Oz se tornou um militante da paz
Michel LaubO Globo
Há vários modos de tratar o legado de Amós Oz . O mais frequente subordina os feitos artísticos do escritor israelense à sua militância pela paz no Oriente Médio. Nesse sentido, a morte anunciada na última sexta-feira, aos 79 anos, de câncer, é uma nota triste pelo que representa em termos políticos. Oz desaparece no momento em que discursos como o seu, forjados nas crenças universalistas do humanismo do pós-guerra, padecem diante de um mundo tomado por convicções fanáticas e tribalização.
Mas existe um legado que vai além das grandes batalhas de ideias. Oz deixa uma obra importante na rica tradição da literatura judaica do século XX, em particular da segunda metade.
SIMBOLOGIA – Na conhecida distinção entre autores que celebram a simbologia dessa tradição (Isaac Bashevis Singer, Moacyr Scliar) e os que se debatem contra ela (Philip Roth, Samuel Rawet), Oz começou a escrever na época e no lugar onde já era possível escapar da dicotomia — de resto um tanto imprecisa, inclusive nos nomes citados — de modo original.
A partir da fundação de Israel, em 1948, os elementos que fizeram a glória da ficção judaica mais característica — a aflição existencial, o senso de tragédia e comédia nascido dos caprichos da História — ganharam um cenário novo, distante das intermitências do exílio, cujo presente vibrante e contraditório podia inverter narrativas habituais de deslocamento e perseguição.
Como A.B. Yehoshua, David Grossman e outros, Oz descreveu a vida privada nesse país de extremos, onde há tecnologia de ponta e misticismo retrógrado, instituições políticas tolerantes e violência estatal discriminatória, um misto de estabilidade e instabilidade garantidas pelo grande poder militar e o pequeno poder do terrorismo.
GRANDES OBRAS – Para tanto, ele tratou de fazer o que bons escritores fazem: partir do individual para o coletivo, do local para o universal. De joias minimalistas como “Pantera no porão” (sobre a infância na Palestina ocupada por ingleses) e “Não diga noite” (sobre o tédio conjugal numa pequena cidade do deserto) a triunfos em tom maior como “A caixa preta” (romance epistolar de um divórcio ruinoso) e “De amor e trevas” (autobiografia pautada pela figura trágica de sua mãe), seus livros jamais são pregações generalistas de como o mundo deveria ser.
Pelo contrário, o que se vê neles é um registro próximo — cheio de paixão, sabor, humor — de como as coisas mais provavelmente são. Difícil sair dessas leituras com a mesma sensibilidade que tínhamos ao entrar. O que não deixa de ser uma vitória política: se o objetivo de qualquer militância é transformar a realidade, nem que seja no modesto nível pessoal, foi com as armas da ficção que Amós Oz deixou sua marca mais efetiva.

‘Há gangues no serviço público’, diz Santos Cruz, futuro secretário de governo

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Desigualdade social é a maior preocupação do general
Ana Dubeux e Denise RothenburgCorreio Braziliense
Um dos homens de confiança do presidente eleito, Jair Bolsonaro, o general Carlos Alberto dos Santos Cruz recebeu do amigo, de mais de 40 anos, a complexa missão de comandar a Secretaria de Governo a partir de terça-feira. Ali, no ministério, cuidará do bilionário Programa de Parceria de Investimentos (PPI), da publicidade estatal e da relação com prefeitos, governadores e integrantes de sindicatos e organizações civis.
“A porta de entrada é aqui. Os grupo têm de se sentir com liberdade. MST, ONGs, gays, Fiesp, OAB, índios, todos”, disse Santos Cruz em entrevista ao Correio na última sexta-feira, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede do governo de transição, que acaba oficialmente nesta segunda-feira.
Existe o risco real em relação à posse de Bolsonaro?Seja uma probabilidade ou não, você tem que mitigar ou eliminar. Qualquer possibilidade de risco você tem de fechar, não pode trabalhar com ela. Isso vem da própria campanha, quando Bolsonaro sofreu o atentado. Temos de fechar todas as possibilidades. Hoje, temos problemas menos por posicionamento político e mais por inconsequência.
Qual será a missão do senhor no ministério?Aqui (na Secretaria de Governo) existia uma área só para interlocução com parlamentares. A secretaria foi para a Casa Civil e para cá vieram dois órgãos mais técnicos: a Secom (Secretaria de Comunicação) e o PPI (Programa de Parcerias de Investimentos). Só que essa interlocução com parlamentares, essa conversa com a bancada vai ficar com o Onyx Lorenzoni, até pela personalidade dele. É um parlamentar, tudo fica ajustado. Mas só que você não tem no governo uma porta só de entrada ou um só elemento de interlocução. Por exemplo, aqui eu terei uma secretaria de assuntos federativos, onde você interage com governadores e prefeitos.
A parte de emendas parlamentares vai ficar com o senhor?Sim. Agora, é mais técnica. O pessoal pensa que a emenda parlamentar é coisa só de político, mas não é. É muito mais técnica do que política. Tanto de acompanhamento quanto da verificação, se as emendas estão corretas, se o elemento de despesa está correto, se está na ação certa, se é impositiva ou não. Aí você tem de ter uma conexão entre a Secretaria de Governo e a Casa Civil. Então, na realidade, se trabalha em conjunto. Governo funciona por harmonia. Às vezes, há assuntos específicos. Falar com o parlamentar é uma relação pessoal, com o prefeito já tem uma característica mais institucional.
O senhor será uma espécie de coordenador dos ministérios?Apesar de aqui ser uma porta de entrada de prefeitos e governadores, os governadores, às vezes, têm um canal mais direto com a Presidência. E a massa do trabalho aqui, digamos assim, é mais de atendimento de prefeitos. Se uma coisa é por emenda parlamentar, acontece muito por convênios, e o convênio é no nível ministerial. Então, aqui, você faz alguma coordenação, com a área política, com os ministérios. Se você pegar convênios que foram celebrados e não foram realizados, há dinheiro parado na ponta da linha. Não tem nada a ver com desvio de recursos. Não foi executado, porque, às vezes, o cara não sabia fazer. Ou até o próprio parlamentar entra com uma emenda para facilitar o município dele, mas não tem experiência. Temos que ajudar a fluir.
Existia uma conversa de que o senhor foi indicado para, quando possível, neutralizar determinadas ações do Onyx…Não tem esse espírito, não. Não é característica minha trabalhar com agenda escondida. Pelo contrário, acho que a gente vai trabalhar em harmonia, porque ele tem uma personalidade política de contato com outro parlamentar, com bancada. É a vida dele. Acredito que ele vai ter um bom desempenho, e eu também tenho bastante experiência de vida em vários setores.
Há o problema dele em relação a investigações, e o senhor daria essa blindagem…Esse é um assunto em que não tenho mergulhado. Não estou tendo tempo de ver esse tipo de coisa. É uma coisa que ele tem de esclarecer, pessoal.
Acabar com o Ministério da Segurança foi um retrocesso?Havia duas opções. Uma era fortalecer a Senasp dentro do Ministério da Justiça. A outra, foi criar um Ministério da Segurança Pública, mas ele demorou para se estruturar. Nem chegou a se estruturar totalmente. Depois de criado, é que o pessoal começou a ver o organograma, a trazer gente. Enquanto isso, ficou dependente do Ministério da Justiça. A Senasp é que era o coração dele, mas a cabeça do ministério nunca chegou a ficar completa. Quando você cria, o ideal é já colocar o ministro e todas as vagas da estrutura para que possa funcionar. Como, desde a campanha, Bolsonaro disse que iria diminuir o número de ministérios, isso entrou num bolo de simplificação. O problema não é se o ministério é independente. O problema é funcionamento. Temos de ver se vai funcionar direito. Segurança pública é resultado.
Ficou definida uma revisão de atos da gestão Temer dos últimos 60 dias. O senhor pretende rever algo relacionado às concessões?O PPI é um programa que vem tendo sucesso. Faz 30 meses que ele está em vigor e tem um corpo técnico muito bom. O PPI começou mais ou menos com 195 projetos a serem ofertados ao mercado, já tivemos 122. Mas essa lista de produtos é dinâmica. Nesses 30 meses, rendeu ao governo investimentos de R$ 140 bilhões. Então, é um programa sério que vem tendo sucesso baseado na qualidade técnica e na credibilidade. O investidor só vai assumir um risco de construir uma estrada para recuperar o lucro dele em 30 anos se sentir segurança jurídica no contrato. Vamos dar uma olhada em uma lista de 70 e poucos projetos, mas sem revisão de mérito. O PPI tem boa imagem.
Tem alguma área que ainda não foi tão contemplada?A área de aeroportos, algumas estradas, como pequenos trechos interrompidos, na Transnordestina, na BR-163. Eixos importantes.
Em relação ao protagonismo de militares, qual a avaliação do senhor? Há uma piada de que Bolsonaro não montou um ministério, mas um quartel.Fiquei 48 anos no Exército e nunca fiz essa conta. Não me importo com isso. Conheço pessoas excelentes na parte civil, tanto que meu secretário executivo é civil, da CGU. E tem outros militares que estou convidando, porque é natural passar 48 anos na instituição e conhecer pessoas. Estou aqui, porque conheço Bolsonaro desde a época de tenente. O conhecimento é uma coisa normal, você chama pessoas em quem têm confiança. A história de contar o número de militares é um tipo de discriminação que não leva a nada. Vejo como uma herança, revivendo como se fosse uma coisa perigosa, colocando alguma coisa em risco. Isso não existe.
Há uma relação com 1964?Em 1964 era outro contexto.  Não tem nada a ver. Tem gente discutindo 1964, eu tinha naquela época 12 anos.
Acha que a sociedade enxerga assim essa herança negativa?Acho que não. É mais de grupos de interesse político. A sociedade, aliás, aceita muito bem os militares. É uma das instituições com mais credibilidade. Se o sujeito fizer uma besteira, não fez uma besteira apenas para ele, mas está manchando toda a instituição. Se ele fizer uma coisa boa, beneficia toda a instituição. Temos obrigação de fazer direito.
Mas não existe um risco de essa imagem das Forças perder credibilidade caso o governo fracasse?Uma coisa é ter envolvimento político, outra é ter envolvimento de governo, de administração. O perfil do militar não é partidário. Alguns até são vinculados a partido, até para participar de cargo eletivo. Mas eu, por exemplo, não sou filiado. O risco dessa confusão sempre existe. Tudo aquilo que você fizer de certo ou errado vai refletir na instituição toda. Agora, também, os militares não podem ficar afastados completamente da política, porque somos parte da sociedade. O sentimento de obrigação é muito grande para fazer dar certo e dar o bom exemplo numa sociedade que está clamando não só por segurança, por ação, por emprego, mas pedindo exemplos de administração, na parte de conduta pessoal num país que, infelizmente, vem vivendo quatro, cinco, seis anos só com escândalos de corrupção.
Esse caso do assessor de nome Queiroz agora, envolvendo diretamente o filho de Bolsonaro, está ainda por ser explicado. Como o senhor tem visto essa situação?Em primeiro lugar, não interessa se o valor é baixo ou alto. A pessoa pública tem de explicar. Você vê escândalos de R$ 51 milhões dentro do apartamento, o outro deposita R$ 9 milhões na conta de pensão dele no Banco do Brasil. Então, se for analisar em número, não é grande. Mas não é isso que interessa. Pessoa pública tem de explicar, compete a ela explicar. Outra coisa que tem de separar é o que é parlamentar e o que é assunto de governo. O Flávio Bolsonaro é parlamentar, é deputado estadual. Isso não é assunto de governo. Mas aumenta a curiosidade, aumenta a exploração… O próprio nome acaba vinculando, mas é um assunto absolutamente particular, que tem de ser explicado por um parlamentar estadual e não é um assunto de governo.
De qualquer modo, iniciar o governo com uma situação como essa…Dá margem à curiosidade e gera discussão, interpretação… Mas não é assunto de governo.
Possivelmente, no governo, não existe alguém tão próximo do presidente eleito como o senhor. Qual é o perfil de Bolsonaro?O Bolsonaro é isso que vocês estão vendo. Conheço há mais ou menos 40 anos. A nossa amizade vem da equipe esportiva, fazia pentatlo militar como ele. Então, é aquela amizade que vem da época dos 25, 26 anos de idade, uma fase boa da vida. E ele continua a mesma coisa. Um sujeito voluntarioso, um cara corajoso, espontâneo. Dá as respostas na lata. Ele mostra o que pensa e todo mundo que está à volta tem que ajudar. Qualquer autoridade, os assessores têm obrigação de dizer a verdade. Você não precisa acertar 100%.
Mas o estilo voluntarioso, na política, não pode atrapalhar o relacionamento com o Congresso?Acho que não. Fica mais fácil de conhecer. Difícil é lidar com uma pessoa que você não sabe o que ela está pensando. Ele é um sujeito simples.
No governo, o senhor acredita que ele deva manter esse estilo?Ele nunca mudou. Mas também, com quase 30 anos de Congresso, sabe avaliar as coisas. Ele é intuitivo. Antes, se tinha o conceito de que, para ganhar a eleição, tinha que estar vinculado à grande mídia, tinha que ter um marqueteiro de renome. Ele percebeu rápido que era isso aqui (aponta para o celular). É percepção, não é estudo técnico. Tanto que as grandes redes de televisão e os próprios candidatos tradicionais acabaram ficando um pouco perdidas. A realidade era outra, então, a percepção na vida às vezes é mais importante que o conhecimento técnico.
Em que momento o senhor percebeu que ele ganharia a eleição?Quando começou a campanha e a plataforma de Bolsonaro era a mesma da população, pedindo segurança e cansada de corrupção. Estamos há quantos anos vendo escândalos na primeira página todos os dias? Outra coisa: num país onde o salário mínimo é de R$ 954, você ter escândalo todo dia com uma perda de noção de valores, passando de mil para milhões e chegando a bilhão? Isso cansou. Estive na Coreia do Sul. A presidente deu informações privilegiadas para uma amiga e pegou 24 anos de prisão. E ninguém foi para a rua, para a frente do presídio. Em Israel, o primeiro-ministro pegou seis anos por 60 mil dólares. Aqui põe R$ 100 mil na cueca. O cidadão comum, que sofre o tempo todo, cansou.
Por que o Brasil chegou a esse ponto?Governantes irresponsáveis e criminosos deram mau exemplo e, dali para baixo, o crime veio se espalhando. No Rio, onde estava o crime organizado? Todo mundo pensa no cara da boca da favela com o fuzil na mão. O crime organizado no Rio começava no Palácio da Guanabara, passava pelo Tribunal de Contas. Você tem o crime organizado armado e desarmado. Não pode quebrar galho. Tem que identificar bem a coisa. Então, você tem essa conduta errada, do comandante, do chefe que se espalha. O poder de irradiação é incrível. Outra coisa: a imprensa, ou nenhum segmento da sociedade, alertou para esse problema no Rio. Não se pode deixar chegar a esse ponto.
Qual a tolerância para corrupção?Tem que ser zero. Não se pode ter tolerância para a corrupção, porque é crime. O sujeito pode fazer erro administrativo. O cara errou, comprou um equipamento ali, por exemplo, e se enganou. Mas roubar dinheiro e formar gangues dentro do serviço público, não pode. O crime de corrupção, por conceito, envolve necessariamente dinheiro público. Entre dois particulares, existem maus negócios. E é muito difícil roubar dinheiro público sozinho. Então, a corrupção é clássico de crime organizado. Ninguém junta R$ 51 milhões dentro de sua casa sem ter conivência de outros.
O senhor apontou essas “gangues dentro do serviço público” no Rio. E na área federal?O Rio é mais emblemático. Mas existe escândalo na Petrobras, Correios, nos fundos de pensão, no Banco do Brasil, nos empréstimos para o exterior. Imagine se me dão R$ 60 bilhões e eu aplico tudo no Nordeste. Pega o dinheiro das Olimpíadas, por exemplo. As obras precisavam ser feitas, mas não por causa das Olimpíadas. A administração está em questão, não as obras. Pega os estádios…
Foi um erro ter feito Olimpíadas e Copa do Mundo?Acho que foi. Eu gosto de futebol, sou fanático, só que o que se vê hoje em dia, num país com a necessidade e a desigualdade que nós temos, não se pode dar ao luxo disso. Na África do Sul, tem estádio abandonado. Aqui, a mesma coisa. Essas são arenas para qual tipo de espetáculo? Não são compensadoras em termos financeiros. Sem contar o 7×1 que tomamos em casa. Mas isso faz parte do jogo. Esse dinheiro tinha de ser aplicado corretamente em outros setores. Se pegasse todo o dinheiro que foi gasto na Copa do Mundo, colocasse no Nordeste… Você vê gente que junta 1m³ de lenha para vender por R$ 2. Em vez de mandar R$ 60 bilhões para Venezuela, para Cuba, por que não enfia esse dinheiro no Nordeste para resolver o problema do pessoal? O sacrifício hoje no Brasil tem que ser feito pelo pessoal que está em cima. O que eu preciso hoje? De nada. Só da minha saúde. Agora, o pessoal de baixo precisa ser resgatado de alguma forma.
E, diante dessas situações, as Forças Armadas precisam de atenção maior? Existe expectativa de mais investimentos…É normal a expectativa de orçamento, de salário… Você tem problemas salariais também na parte militar, de obsolescência de equipamentos, de manutenção… O pessoal da Amazônia precisa de mais assistência. Agora, no geral, em termos de Brasil, o que um sujeito como eu está precisando agora? Só da minha saúde. Se não quiser dar aumento para mim, especificamente, não estou preocupado.
As corporações do serviço público capturaram o Estado?Corporações e pessoas perderam a noção de igualdade. Você não pode ter uma disparidade social como nós temos. A pessoa que tem qualquer cultura tem que entender que não é só o problema dele que tem de ser resolvido. Nossa tarefa, inclusive da imprensa, é ajudar o pessoal de baixo. Transparência, colocar todo mundo na parede através da transparência. A democracia funciona pelo jogo de pressão, e a imprensa é fundamental. Ela não pode se omitir. O governo não pode deixar de mostrar a realidade. Completamente livre, tem que saber tudo que acontece, mas responsável. Agora, você não pode ter uma imprensa que divulga só sensacionalismo por questões de audiência e financeira. Não, tem uma responsabilidade moral também.
Como vai ser a relação com a imprensa no governo Bolsonaro?Pelo que vi da campanha, a relação era tensa com a imprensa, mas não com toda ela. Parte específica perdeu essa conexão com a população, tanto que Bolsonaro saiu em vantagem e ganhou a eleição. Mesmo com uma grande parte de artistas mobilizados, com todos os slogans de acusações absurdas sem fatos, falando de homofobia, não sei o quê… A imprensa exagerou, perdeu um pouquinho da noção de realidade, os institutos de pesquisa divulgavam o que nem sempre ia acontecer. Da minha parte, é 100% liberdade. Pode perguntar o que quiser, e espero que o relacionamento seja o mais responsável possível. Só a publicidade das coisas é que traz transparência, tanto que critiquei que não houve mecanismo de alerta no Rio e na Petrobras. Esse mecanismo tem que ser a imprensa, do MP, dos órgãos de controle. Infelizmente, a imprensa não foi tão investigativa. Às vezes, está muito preocupada com o dia a dia.
Agora, na Lava Jato, sim. Até mesmo o ministro Moro reconhece que, sem ajuda da imprensa…Não tinha como… A matéria da Lava Jato também era compensadora.
E havia muita transparência.Isso é fundamental. E, da Lava-Jato, parece que foi (divulgado) só um pedacinho. Acho que a imprensa tem bastante campo para investigar.
Agora, outra área que também ficará sob a sua batuta: a liberação de verba publicitária. Que linha o senhor deve adotar?Em primeiro lugar, a gente deve fazer uma revisão de toda a estrutura de comunicação governamental. Todo mundo sabe, por exemplo, o tamanho da EBC, isso aí tem que dar uma olhada para utilizar.
Então a EBC não será extinta?Não tenho uma resposta para isso. Mas o que tem é que passar por uma boa revisão. Até onde a gente precisa, o que pode fazer através das redes privadas, o custo disso tudo. Isso tem que ser revisto. Agora, a política de relacionamento é completamente aberta. Tem que ver se a despesa é apropriada ou não. Se tem que fazer uma campanha de vacinação, tem que fazer uma campanha de vacinação. Não há saída. Se tem que divulgar ações governamentais, tudo bem. Sou contra ideologia.
Pensa em fazer alguma campanha sobre a Previdência?Tem que ser feito. A reforma da Previdência é um assunto extremamente importante, mas tem que ser uma coisa, em primeiro lugar, com bom esclarecimento. Esclarecimento transparente, honesto, mostrando realmente as contas para que todo mundo entenda a matemática. Os cidadãos precisam entendê-la. Estamos gastando tanto, recolhendo tanto… A auditoria completa e transparente é necessária. Num país com uma desigualdade muito grande, você tem que saber quem vai pagar mais e menos e isso mexe com privilégios, com categorias e todo mundo, as corporações querem defender seus privilégios.
Os militares estão dispostos a ceder?Eu não tenho números agora e não sei se os militares são o problema da Previdência. Tem o Judiciário, tem os militares, tem o funcionalismo público em geral. No funcionalismo público, alguns estão em legislação em antiga. Mais novos estão em outro regime. Não dá para falar só de funcionário público. Na reforma que houve em 2001 para os militares, por exemplo, houve muita modificação. O problema das filhas acabou e até hoje o pessoal fala. Há várias coisas para se resolver. Todo mundo vai ter que rever seus interesses. Tem gente que ultrapassa o teto, há o problema da idade. Em muitas categorias, há gente que se aposenta muito cedo. Estou com 66 anos e estou trabalhando. Até três anos atrás, estava na África carregando mochila e fuzil. Mas a média não é essa. Tem categorias muito sofridas. O serviço de polícia de rua, de agente penitenciário, é muito estressante e pesado. No geral, acho que aqueles que estão em melhores condições precisam ceder em favor daqueles menos beneficiados.
O Congresso será um problema?Valorizo muito essa turma nova que está chegando. Vai ser uma boa composição: a turma experiente e a turma nova.
Quais as metas a partir de agora?A família, mais uma vez, terá que entender que eu vou ter que sair cedo e voltar tarde. Na ONU, por quatro anos e nove meses, vinha em casa de dois em dois meses. Na parte profissional, a primeira coisa é consolidar essa estrutura. Estamos fazendo uma revisão no organograma. Uma relação de confiança com estados e municípios. Não interessa qual é o grupo social, ele tem que se sentir com liberdade.
O MST?Sem problema nenhum. Isso faz parte da sociedade. Você se sente como uma porta de entrada para qualquer organização, como ONGs, gays, organismos internacionais, Fiesp, OAB, índios… A porta de entrada é aqui.
Existe uma preocupação de várias minorias de não serem recebidas.Isso é um absurdo. Quem divulga isso é completamente fora da realidade. Somos pagos para isso. É obrigação receber todo mundo, a finalidade é essa.
A polarização política em determinadas declarações do presidente eleito não acabaram estimulando esse tipo de pensamento?O estilo pode levar a estereótipos. E houve a exploração da campanha. Era a opção que tinha o outro lado (para atacar). Eles tinham muitas acusações de corrupção, desmando etc. E aqui, pegaram a homofobia, não gosta de mulher etc. Então, realmente, a polarização trouxe estereótipos. Mas não tem nada a ver.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG 
– Excelente entrevista. Está longa, mas vale a pena ler na íntegra. Revela um quadro da situação bem verdadeiro. (C.N.)

O marxismo ainda nos ajuda a entender o mundo capitalista e globalizado

Resultado de imagem para marx frasesMarco Aurélio NogueiraEstadão
Não seria necessário que diversos integrantes do futuro governo Bolsonaro insistissem na ideia de “libertar o Estado brasileiro do marxismo cultural” para que se percebesse que um espectro voltou a circular no Brasil em 2018.  Esse espectro atende pelo nome de Karl Marx, filósofo e ativista político alemão (1818-1883), um dos fundadores do comunismo moderno e patrono da mais influente teoria política contemporânea.
O mundo comemorou, ao longo de 2018, os 200 anos de nascimento de Marx. Registros feitos por inúmeros seminários, congressos científicos, livros, artigos, filmes e entrevistas dedicaram-se a homenagear o pensador alemão e a verificar em que medida suas teses continuam a dialogar com a realidade do mundo atual.
MARX VIVE – O balanço foi positivo, mostrando que Marx, em que pese ao incontornável desgaste sofrido com a passagem da história, permanece vivo como intérprete do nosso tempo e, em particular, das transformações do capitalismo.
O Brasil não ficou fora das comemorações, mas terminou o ano com o reposicionamento político dos inimigos de Marx, concentrados agora no combate ao “marxismo cultural”, entendido como a disposição de ocupar totalitariamente os espaços públicos via controle da cultura e de suas instituições, da escola à imprensa e às artes, tudo devidamente concentrado em cercear a liberdade de pensar e falar, modelar mentes e impor agendas inadequadas à sociedade (gênero, aborto e clima, por exemplo). Na versão simplória corrente, essa preponderância do “marxismo cultural” estaria a impedir a “regeneração nacional” e a contaminar os diferentes âmbitos da vida familiar e do Estado, indo da escola à política externa.
DESCONHECIMENTO – O antimarxismo dos nossos dias não conhece Marx, não leu seus livros nem as análises de seus intérpretes. É pura ideologia, que opera por sobre a espuma levantada pela circulação das ideias marxistas e pelas disputas ideológicas em torno delas. O que lhe falta de rigor filosófico e conhecimento histórico é compensado por uma combatividade histriônica que pouco se importa com o que Marx realmente disse ou com o significado de suas proposições.
Despreza tudo o que o marxismo trouxe de contribuição crítica – por exemplo, sua teoria sobre o funcionamento do capitalismo – para vê-lo exclusivamente pela lente do militante revolucionário, devidamente desfocada. É um antimarxismo inquisitorial, que pressupõe que as ideias de Marx seriam tóxicas a ponto de impregnar aqueles que delas se aproximam, como um vírus.
NOVO LIVRO – Os antimarxistas teriam muito a aprender, por exemplo, com o livro do cientista político alemão Michael Heinrich, “Karl Marx e o Nascimento da Sociedade Moderna”, uma alentada pesquisa em 3 volumes que começou a ser publicada no Brasil pela Editora Boitempo.
A obra não é um panegírico e trata Marx de maneira fria e realista, situando-o na sua época e vendo-o sem qualquer mitificação. O pressuposto é simples: cada geração desenvolverá uma nova perspectiva em relação à vida, à obra e ao significado de Marx, conforme as transformações das condições históricas.
O nosso tempo trouxe consigo um Marx já bastante processado criticamente, saturado, manipulado de muitas maneiras. Já foi responsabilizado pelos crimes do stalinismo, por ditaduras, assim como já foi santificado e posto num pedestal como profeta da emancipação definitiva da humanidade.
UM CLÁSSICO – O Marx com que lidamos hoje é bem diferente daquele das décadas finais do século XX. As novas gerações o veem como um “clássico”, não como o mestre infalível da revolução, até porque a própria ideia de revolução se alterou bastante. A reprodução das condições gerais do capitalismo, porém, dão a ele uma atualidade que muitos outros clássicos não têm.
O primeiro volume do livro de Heinrich nos ajuda a inserir Marx na história e a vê-lo em sua pujança filosófica, em seu desejo de liberdade, em sua adesão progressiva ao humanismo materialista, em sua relação com a dialética de Hegel. É um Marx que assiste ao amadurecimento do mundo moderno e começa a interpretá-lo.
Mais tarde, já depois de ter escrito com Friedrich Engels o famoso Manifesto Comunista, Marx sai da Alemanha, passa por Paris e Bruxelas até se instalar em Londres. É o Marx mais conhecido, autor de O Capital. Crítica da economia política e de ensaios políticos, ativista do nascente movimento socialista. O Marx que passará para o século XX será sobretudo esse, devidamente incorporado primeiro pela cultura da socialdemocracia alemã e, depois, do comunismo soviético, do qual se espalhará pelo mundo.
ENTENDER O MUNDO – Diferentemente do que pensam os antimarxistas atuais, o marxismo continua a nos ajudar a compreender o mundo do capitalismo globalizado, mesmo que esse capitalismo seja mais potente e diversificado, disposto na vida como um sistema global irresistível, muito distante do capitalismo do século XIX, que Marx visualizava como fadado a ingressar numa crise terminal.
Mas não é preciso admitir o fim do capitalismo para concluir que esse sistema todo-poderoso não conseguiu até agora apaziguar suas contradições ou evitar crises recorrentes de natureza sistêmica. Desse ponto de vista, Marx errou e acertou. Suas descobertas não só foram incorporadas ao modo moderno de pensar a vida, como são fundamentais para que consigamos decifrar o estado em que se encontra a Humanidade ao final da segunda década do século XXI.

Toffoli não atende pedidos de liberdade de Lula e outros presos da Lava Jato

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Toffoli deixou as decisões para os respectivos relatores
André de SouzaO Globo
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, não aceitou uma série de pedidos de liberdade feitos por investigados da Lava Jato ou seus desdobramentos, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-secretário de Saúde do Rio de Janeiro Sérgio Côrtes. Em geral, Toffoli entendeu que as solicitações devem ser analisadas pelos ministros relatores. Assim, não as aceitou nem as negou. Como a Corte está de recesso desde o dia 20 de dezembro e volta a funcionar normalmente apenas em 1º de fevereiro de 2019, isso significa que os pedidos não serão julgados nesse período.
Durante o recesso, cabe ao presidente do tribunal tomar decisões urgentes. Em geral, ele se reveza com o vice-presidente da Corte nessa atribuição. Assim, em parte do mês de janeiro, o atual vice, ministro Luiz Fux, ficará encarregado de analisar os pedidos que chegarem ao STF.
CASO DE LULA – A defesa de Lula, preso desde abril de 2018 em Curitiba após condenação na Lava-Jato, é uma das mais ativas no STF. Um dos últimos pedidos foi feito no começo deste mês. O relator, ministro Edson Fachin, solicitou informações a diversos órgãos, como a 13ª Vara Federal de Curitiba, que era comandada pelo ex-juiz Sérgio Moro, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), com sede em Porto Alegre, e a Procuradoria-Geral da República (PGR).
As respostas foram enviadas, mas não a tempo de Fachin tomar uma decisão. Com o começo do recesso, o caso foi entregue a Toffoli, que preferiu deixar a decisão para o relator em fevereiro.
SEGUNDA INSTÂNCIA – A decisão do ministro Marco Aurélio Mello, do STF, de mandar soltar todos os condenados em segunda instância já foi revista por Toffoli no dia 19 de dezembro. Mas, nesse processo, a defesa de Lula apresentou outro pedido de liberdade. Com o recesso, Marco Aurélio não chegou a analisá-lo e, posteriormente, Toffoli não o atendeu.
As duas decisões do presidente do STF nos pedidos de liberdade de Lula foram tomadas em 20 de dezembro, mas foram lançadas no andamento processual no site do tribunal apenas no dia 28.
VÁRIOS HABEAS – Outros alvos da Lava-Jato também apresentaram pedidos de liberdade: Márcio Pinto de Magalhães, executivo de uma empresa com contrato com a Petrobras; Carlos Fernando Costa, ex-presidente da Petros, o fundo de pensão dos funcionários da estatal; e o empresário Ronan Maria Pinto. Mas os habeas corpus foram protocolados já durante o recesso. Assim, o relator, ministro Edson Fachin, não pôde analisá-los. Toffoli, por sua vez, entendeu que não cabia a ele julgar os pedidos de Magalhães e Costa. No caso de Pinto, o presidente do STF já negou o habeas corpus.
Toffoli também deixou de atender vários pedidos de liberdade ou medidas cautelares de investigados em desdobramentos da Lava-Jato no Rio de Janeiro. É o caso de Affonso Henriques Monnerat Alves da Cruz, ex-secretário na administração do governador Luiz Fernando Pezão; de Luiz Carlos Vidal Barroso, o Luizinho, assessor de confiança de Pezão; do ex-secretário estadual de Saúde Sérgio Côrtes; da doleira Claudine Spiero; de Leonardo Mendonça Andrade, ex-assessor da Assembleia Legislativa do estado; do deputado estadual Coronel Jairo (MDB); do advogado Fábio Augusto Riberi Lobo; e do empresário Cesar Augusto Craveiro de Amorim.
COM OS RELATORES – Toffoli não negou nem aceitou os pedidos. As decisões serão tomadas pelos relatores. Alguns casos estão com o ministro Gilmar Mendes, outros com Cármen Lúcia ou com Alexandre de Moraes.
Fora da Lava-Jato e seus desdobramentos, Toffoli também deixou de analisar um pedido de Marcos Valério, condenado no processo do mensalão, para progredir de regime e obter o benefício da prisão domiciliar. O caso ficará para o relator, ministro Luís Roberto Barroso.
Também chegaram a Barroso, já durante o recesso, os pedidos de liberdade do prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, e do empresário de ônibus João Carlos Félix Teixeira. Assim, coube a Toffoli analisá-los. O presidente da Corte, porém, deixou para Barroso tomar a decisão em fevereiro. Ambos os presos são investigados no mesmo esquema.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – A insegurança jurídica é total e absoluta, ninguém pode prever o que acontecerá no Supremo. Se o presidente fosse Gilmar Mendes, por exemplo, já teria soltado essa gentalha toda. Na opinião dele, corrupção não é crime, apenas desvio de conduta. Se é que vocês me entendem, como dizia o jornalista Maneco Muller, o “Jacinto de Thormes”. (C.N.)

Aposentados devem aos bancos R$ 128,3 bilhões em empréstimos consignados

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Charge do Duke (dukechargista.com.br)
Vicente NunesCorreio Braziliense
O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) decidiu apertar as regras para concessão de empréstimos consignados a aposentados e pensionistas a fim de diminuir o assédio dos bancos aos seguros. Também passará a cobrar R$ 127 milhões por ano dos bancos que fazem esse tipo de financiamento a título de ressarcimento de seus custos administrativos, previsto em lei.
Segundo o presidente do INSS, Edison Garcia, os bancos só poderão procurar aposentados e pensionistas depois de seis meses (180 dias) da concessão dos benefícios. Caso queiram reduzir esse prazo, os segurados terão que ir pessoalmente aos bancos onde têm conta para pedir o desbloqueio. Mesmo assim, só a partir de 90 dias depois do recebimento do primeiro benefício.
ISSO É ASSÉDIO – A decisão do INSS se justifica. Muitos aposentados e pensionistas são informados, primeiro pelos bancos, de que seus benefícios foram aprovados. Ou seja, antes mesmo de o INSS avisar os segurados, os bancos já estão oferecendo empréstimos. “Isso é assédio, constrangimento. Temos que acabar com isso”, afirma Garcia.
Essas restrições também evitam o uso de informação privilegiada, pois os bancos podem ter esquemas para obter imediatamente dados de quem se aposentou ou passou a receber pensão. “Com esses limites, inclusive, estamos seguindo orientação do Ministério Público, que tem questionado muito o assédio das instituições financeiras sobre os segurados”, explica.
CARTÃO DE CRÉDITO – Outra decisão importante: os bancos terão de informar aos segurados que pode ocorrer juros diferenciadas nos empréstimos consignados por meio de cartão de crédito quando a margem permitida pelo INSS for ultrapassada. É uma forma de dizer para os beneficiários que eles estão pagando mais caro por uma linha de crédito.
Nesse caso, o INSS seguiu um acordo celebrado com a Defensoria Pública da União (DPU) na Justiça Federal do Maranhão para evitar a falta de informação dos idosos. “É um critério de proteção dos aposentados e pensionistas não informados”, frisa Garcia. Para os bancos, é muito fácil empurrar empréstimos além da conta sem dar as devidas informações aos segurados.
Pelos dados do Banco Central, os aposentados e pensionistas do INSS devem, aos bancos, apenas no crédito consignado, R$ 128,3 bilhões, um recorde. Somente neste ano, o volume dessas operações aumentou 10,4%, o correspondente a R$ 12 bilhões. Quer dizer: o saldo devedor cresceu mais de R$ 1 bilhão por mês entre janeiro e novembro.
CUSTOS ADMINISTRATIVOS – Essas operações são muito rentáveis para os bancos, sobretudo por ter segurança de que não haverá calote. Para manter esse filão, porém, terão que ressarcir os custos administrativos ao INSS.
Segundo Garcia, o instituto tem uma série de despesas para atender os segurados em busca de informações sobre consignados.  “Temos ouvidoria, atendimento nas agências, processos administrativos. Tudo isso tem custo”, afirma.
Para chegar aos R$ 127 milhões que os bancos pagarão por ano ao INSS pelo consignado, foram necessários quatro meses de estudos. “Detalhamos tudo. Os bancos alegam que já pagam os custos de operação da Dataprev, empresa que processa a folha de pagamento de aposentados e pensionistas. E que, nessa conta, já estão embutidos os custos administrativos do INSS. Não é verdade”, destaca o presidente do instituto. “Esse ressarcimento foi previsto na lei que criou o consignado em 2003. Isso nuca foi cobrado”, emenda.
MESMAS TAXAS – Agora, os bancos terão que pagar ao INSS e à Dataprev. Isso, no entender de Garcia, não resultará, necessariamente, em aumento das taxas de juros dos consignados a aposentados e pensionistas, pois há como negociar custos com a Dataprev. Em média, as instituições financeiras cobram 27,2% de juros ao ano dessa clientela.
A resolução do INSS que será publicada no Diário Oficial da União desta segunda-feira, 31 de dezembro, trará ainda o bloqueio para a concessão de consignado a aposentados e pensionistas que denunciarem fraudes em seus benefícios.
Os bancos só poderão voltar a emprestar para esses clientes depois de solucionar os problemas. O prazo, para isso, será de até 90 dias. “Nesses casos, bloquearemos as margens de empréstimos”, diz Garcia. “Queremos que esse mercado de crédito a aposentados e pensionistas seja mais seguro e mais transparente.”

Bolsonaro afirma que lamenta o boicote de PT e do PSOL em sua posse

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Bolsonaro postou o comentário em sua conta no Twitter
Karla GambaO Globo
O presidente eleito Jair Bolsonaro lamentou em seu Twitter a decisão das bancadas PT e do PSOL no Congresso de não participar de sua posse no próximo dia 1º de janeiro. Em uma nota divulgada nesta sexta-feira, o PT destacou que o “resultado das urnas deve ser respeitado” e que sempre reconheceu “a legitimidade das instituições democráticas”.
No entanto, justificou que faltou “lisura no processo eleitoral”, criticou a proibição da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e disse que houve “manipulação criminosa” das redes sociais para difusão de notícias falsas contra seu candidato.
DIZ O PT – “Não compactuamos com discursos e ações que estimulam o ódio, a intolerância e a discriminação. E não aceitamos que tais práticas sejam naturalizadas como instrumento da disputa política. Por tudo isso, as bancadas do PT não estarão presentes à cerimônia de posse do novo presidente no Congresso Nacional”, diz a nota .
Também na sexta, o PSOL divulgou uma nota anunciando que a bancada do partido não estaria presente na posse de Bolsonaro. “A posse é um ato formal da Justiça Eleitoral, mas também é um momento de festa. Mas para o PSOL não há nada a comemorar”, diz o texto.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Trata-se de um comportamento infantil do PT e do PSOL. A alternância no poder é a mais importante característica do regime democrático. Os políticos de situação e oposição devem se encarar como adversários, jamais como inimigos, e sempre respeitosamente. Aliás, é por isso mesmo que eles se chamam de “Excelências” no trato parlamentar, embora estejam muito longe de alcançar um patamar que possa ser considerado pelo menos médio, quanto mais excelente… (C.N.)

Conheça as inacreditáveis finalistas do Concurso Piada do Ano de 2018

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Candidatura de Lula ao Nobel tornou-se piada internacional
Carlos Newton
Não dá mais tempo, o ano de 2018 está terminando e a Comissão Julgadora, reunida neste sábado no Centro Cultural do restaurante Paz e Amor, em Ipanema, em meio a poucos comes e muitos bebes, começou a julgar a escolha da Piada do Ano. A última inscrição aceita, na chamada undécima hora, foi a decisão do ministro Raul Julgmann de determinar por decreto a redução do número de homicídios no país, uma piada jurídico-administrativa do maior nível.
Foi impressionante o grau de dificuldade para selecionar as finalistas entre as milhares de piadas inscritas. Exaustos, quase levados à loucura, os jurados já não sabiam mais o que beber ou comer para ganhar inspiração.
ALTA CRIATIVIDADE – Realmente, o elevado nível das anedotas concorrentes mostra a esplendorosa criatividade dos políticos e autoridades do país, que sabem acumular dívidas públicas e piadas impagáveis. Vejam algumas das finalistas:
Deputado petista diz que nova Constituição de Cuba reconhecerá propriedade privada”; “PT vai recorrer à Justiça para que Lula dê entrevistas na cadeia”; “Fachin diz que divergências na Segunda Turma são naturais”; “Câmara já tem mais de mil projetos em regime de urgência…”; “Temer diz que, assim como o técnico Tite, também vai se levantar”; “Irmão de Geddel pede à Câmara nova perícia nos R$ 51 milhões”.
Outras consideradas finalistas de altíssimo nível: “Lentidão do Supremo é culpa da PF e do Ministério Público…”; “Meirelles diz que não é candidato do governo nem do mercado…”; “Jair Bolsonaro agora diz que nunca defendeu intervenção militar”; “No plantão de domingo, Lula é solto duas vezes, mas fica preso”; “TSE diz que urna eletrônica brasileira é perfeita e imune a hackers”.
FORTES CONCORRENTES – Estão na disputa muitas outras concorrentes que merecem o troféu: “Pesquisa da CUT desmente todas as outras e elege Lula no 1º turno”; “PT vai pedir permissão para Lula gravar na prisão os vídeos de campanha”; “Marco Aurélio manda soltar todos os condenados em segunda instância”; “PT lança candidatura de Lula ao Prêmio Nobel da Paz 2019”; “Temer diz que só levará mágoa pelos ataques morais”; “Negociar a rendição de Battisti com a defesa dele mais parece uma Piada do Ano”.
Também se destacaram entre as finalistas as seguintes piada: “Toffoli solta Dirceu com habeas corpus que a defesa nem pediu”; “Temer diz que não se preocupa com processos e inquéritos”; “Propinas a Aécio e Perrela entregues em caixas de sabão… em pó”; “Lula depõe e diz que vai provar que o sítio de Atibaia não é dele”; “Rocha Loures diz que não sabia que havia dinheiro na mala…”; “Stedile quer retomar trabalho de base e sonha em libertar Lula”; “Temer sai da toca e se oferece para reformar a Previdência”; “Gleisi afirma que Haddad vai ganhar a eleição e libertar Lula”; “Vox Populi diz que Haddad já está encostando em Bolsonaro”.
PIADAS A MANCHEIAS – Os jurados disseram que a criatividade dos piadista merece um estudo acadêmico em termos sociais, políticos e patológicos. Vejam mais algumas finalistas: “Interventor militar devolve recursos que deveria utilizar contra o crime…”; “Haddad defende punição de petistas que enriquecem na política”; “Haddad ainda nem foi eleito e Gleisi já fala em indulto a Lula”; General Augusto Heleno culpa mídia por atentado a Bolsonaro”; “Haddad se lança candidato culpando “as zelites” do país”; Alckmin faz ofensiva para passar a ser o “candidato dos pobres”; “Haddad minimiza o papel de Lula em sua subida nas pesquisas”. “Dilma quer ser eleita para vai retomar seu veio humorístico”.
E as outras finalistas, também com muitas chances, são as seguintes: “Advogado insiste que a ordem da ONU para soltar Lula tem que ser cumprida”; “Meirelles ainda pensa que sua candidatura é apoiada por Temer”; “Fiz uso de caixa 2, mas não agi como corrupto”, alega Sérgio Cabral”; Toffoli quer acabar com os feriados exclusivos do Judiciário”; “Centrão vai mudar porque terei rigor ético, afirma Alckmin”; “Filha de Jefferson alega que PTB é alvo de perseguição judicial”; “Na cadeia, Lula ‘escreveu’ artigo para o Correio Braziliense”; “Maia anuncia que ‘desistiu’ da Presidência para apoiar Alckmin”; “Grupo de advogados pede a prisão de Moro e do diretor da PF”.
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P. S.
 – Na última hora, tentaram inscrever a piada de que “Objetivo de Netanyahu no Brasil é festejar o Réveillon em Copacabana e pedir forças a Yemanjá”, mas a inscrição não foi aceita, porque se trata de um segredo de Estado e é melhor deixar Bolsonaro pensar que o líder israelense veio realmente assistir à sua chatíssima posse em Brasília. Além disso, os jurados do concurso Piada do Ano ficaram com meio de represálias do Mossad, o temido serviço secreto de Israel. (C.N.)

Na poesia de Quintana, a mulher/criança diz que se chama Esperança

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Site Poemas & Canções
O jornalista, tradutor e poeta gaúcho Mário de Miranda Quintana (1906-1994), constrói o poema no 12º andar do prédio, numeral que significa o mês de dezembro, no local onde uma mulher/criança espera o Ano Novo, simbolizado por seus olhos verdes, de um verde que significa esperança, a esperança de uma vida melhor.
ESPERANÇAMário Quintana
Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
– Ó delicioso voo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança…
E em torno dela indagará o povo:
– Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
– O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA…