Através do trabalho de reciclagem, detentos podem ter penas reduzidas. Projeto pretende doar cadernos feitos por eles para crianças carentes.
Por incrível que pareça, nos últimos 20 anos, a população mundial cresceu menos que o volume de lixo por ela produzido. O acúmulo e os impactos causados pelo lixo são pautas de constantes discussões de governos e ONGs no mundo inteiro. No Maranhão, um projeto feito na cidade de Colinas, a 437 km de São Luís, ajuda a desenvolver a consciência ambiental em detentos da Unidade Prisional da cidade.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) considera resíduo sólido todo material, substância, objeto ou bem produzido por atividade humana em estado sólido, semissólido, gasoso (contido em recipientes), ou ainda líquido, cujo descarte deliberado em esgotos ou corpos d’água seja proibido, a menos que sejam realizados tratamentos prévios, que permitam tal descarte.
O projeto “Papel Transformador: Implantação da Coleta de Papel para Reciclagem” quer ensinar técnicas de reciclagem de papel aos apenados. Feito através de uma parceria da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) com a Unidade Prisional de Colinas (UPR), são disponibilizadas caixas em todos os setores da instituição e o papel coletado mensalmente é levado à unidade.
Com esse material, os detentos são estimulados fazer a reciclagem através do artesanato. A psicóloga da Unidade Prisional, Tássia Marília, diz que além da consciência ambiental, esse trabalho também beneficia os detentos através do sistema de remição de pena por trabalho (Artigo 126 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984).
“Temos um grupo chamado Arte Livre, que conta com detentos, que fazem parte do projeto. Além do papel, usamos todo tipo de material reciclável, como plástico, pneus, vidros, pet e etc. e, por meio de oficinas, esse material é utilizado para produção de cadernos, sacolas, origami, canudos e muito mais. Além da consciência ambiental tem a questão da geração de lucro para os detentos. E eles adoram e sempre pedem por mais”, destacou a psicóloga.
Entre as peças produzidas pelos detentos estão cadernos. A intenção, segundo Cícera Borba, diretora da UEMA em Colinas, é de que essas peças sejam doadas para crianças carentes da região. "Nós fornecemos o papel e os detentos tem a oportunidade de transformar esse papel em arte, dando, assim, prioridade para reciclagem. E em contrapartida nós ainda temos a mão de obra desses detentos que fazem a nossa limpeza externa no Campus e, com isso, eles conseguem reduzir a pena. Então, para nos é um projeto belíssimo porque de fato o papel está transformando vidas”, finaliza.
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