Fernanda Nunes
Estadão
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Diante de uma plateia de
petroleiros no Rio de Janeiro, o ex-diretor da área de Exploração e
Produção da Petrobrás Guilherme Estrella se posicionou nesta
quarta-feira, 10, pela primeira vez sobre as denúncias de corrupção na
estatal, que já levaram à prisão do ex-diretor de Abastecimento Paulo
Roberto Costa. “É um bandido que exerceu por 30 anos cargo de gerência”,
disse. “Nas famílias ou mesmo nas instituições religiosas, tem gente
boa e gente ruim. O Paulo Roberto é um bandido, que foi denunciado por
este governo.”
Em tom de desabafo, Estrella afirmou que o
esquema de corrupção investigado na Petrobrás não teve origem no governo
comando pelo PT e defendeu a reeleição da presidente Dilma Rousseff
para o crescimento do investimento no setor de petróleo. “Vocês estão
pensando que roubalheira na Petrobrás só aconteceu nesse governo?”,
questionou à plateia do seminário Modelo Energético Brasileiro.
Sobre o caso da refinaria Pasadena, cuja
compra por cerca de US$ 1,2 bilhão é investigada pelo Tribunal de Contas
da União (TCU) e motivou a criação de Comissões Parlamentares de
Inquérito (CPI) no Congresso, Estrella repetiu o argumento da presidente
Dilma Rousseff, de que o resumo técnico apresentado para balizar a
compra da refinaria era falho.
CLÁUSULAS
Segundo ele, não foi dada “ênfase” nas
cláusulas de put option (que obrigou a compra dos 50% de participação da
Astra Oil pela Petrobras, em caso de desavença entre as sócias) e
Marlim (que previa rentabilidade mínima de 6,9% à Astra) e que, de
acordo o TCU, causaram prejuízos à estatal.
Assim como Dilma, que presidia o conselho de
administração da estatal, Estrella não negou a existência das duas
cláusulas no parecer jurídico sobre as condições do contrato entre as
duas empresas. Sem citar o nome do então diretor da área Internacional,
Nestor Cerveró, responsável pelo projeto, ressaltou, contudo, que faltou
“ênfase” na apresentação das condições do negócio.
Para Estrella, da forma como foi apresentado o
projeto, ele se enquadrava adequadamente ao plano estratégico da
companhia de ampliar a produção de óleo diesel, em um momento em que o
consumo do combustível crescia na mesma proporção em que a economia se
desenvolvia. A escolha por adquirir a refinaria nos Estados Unidos teve
ainda, segundo ele, o propósito de tornar mais rentável os negócios no
exterior, já que, em vez de exportar a matéria-prima, o petróleo bruto e
pesado, de pior qualidade que o brent do Golfo do México, a companhia
escolheu utilizar o óleo para produzir combustível, com mais
possibilidade de retorno financeiro, sobretudo no país que é o maior
consumidor mundial.
FUTURO
Por cerca de quatro horas de evento, Estrella
foi o centro dos questionamentos sobre o futuro da Petrobrás e do
pré-sal com uma possível mudança na política brasileira, caso a
candidata pelo PSB à presidência da República, Marina Silva, seja
eleita. Filiado ao PT e funcionário de carreira da estatal por quase 50
anos, Estrella enfatizou por todo o tempo a necessidade de manter a
atual presidente Dilma Rousseff no cargo para o desenvolvimento do setor
petróleo no País.
A opinião do ex-diretor é que, apesar da
crise econômica mundial de 2008 ter “atropelado” o crescimento do
Brasil, o PT, desde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva trouxe
soberania à Petrobrás, em contraposição ao que ele enxerga como tendo
sido o plano do PSDB, na época de Fernando Henrique Cardoso, de
restringir em 40% a participação da Petrobrás nas operações de
exploração e produção de petróleo e gás.
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