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Ministro aparece na suposta lista de políticos que seriam beneficiados pelo pagamento de propina oriunda de contratos da estatal, atribuída ao ex-diretor Paulo Roberto Costa
Por Wilson Lima – iG Brasília
Investigada pela Polícia Federal (PF) por possível envolvimento no esquema revelado pela Operação Lava-Jato, a Galvão Engenharia esteve na lista das empresas que participaram da construção da Refinaria Premium I, na cidade de Bacabeira, no Maranhão, obra apadrinhada pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB). A obra, conforme relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), gerou dano ao erário público de R$ 84 milhões.
Oficialmente, o Ministério de Minas e Energia informou apenas que a decisão pela construção da Refinaria “compete à direção da Petrobras e seu Conselho de Administração (do qual o Ministro Edison Lobão não participa)”. No entanto, entre 2007 e 2010, Lobão travou uma guerra interna na Petrobras para que o projeto saísse do papel. Tanto é que, durante o lançamento da pedra fundamental da Refinaria Premium I, Lobão desabafou e classificou o projeto como bandeira de luta pessoal.
“Fiz do projeto da refinaria minha bandeira de luta, minha profissão de fé, de enfrentar resistências e má vontade dos setores poderosos do Centro Sul que não admitiam a organização de uma obra desse porte no Maranhão. Enfrentei descrenças dos invejosos dos pessimistas que não acreditavam ou que não desejavam que esse sonho se concretizasse. Aqui está a resposta para os que disseminavam a desesperança no povo maranhense”, disse, em janeiro de 2010.
Apesar de ter sido anunciada com pompa, a obra gerou polêmica desde então. A projeção inicial era que em 2013 a refinaria entrasse em operação com o refino de 300 mil barris de petróleo por dia e em 2015, ela entrasse em plena capacidade de processamento de petróleo de 600 mil barris de petróleo por dia. Atualmente, a obra ainda em fase de terraplanagem.
Em 2010, três empresas iniciaram a terraplanagem mas não concluíram as obras por decurso de prazo: o consórcio GSF, formado pelas empresas Galvão Engenharia, Serveng Civislan e Fidens Engenharia. Além disso, relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) de 2013 apontou prejuízos da ordem de R$ 84 milhões em função de problemas e atrasos na obra. Na época, o TCU afirmou que a refinaria sofreu “atrasos injustificáveis nas obras e serviços devido a: deficiências de projeto, atraso na expedição da autorização de serviço inicial e demora na liberação de áreas a terraplenar”. Apesar disso, o Ministério de Minas e Energia negou qualquer tipo de irregularidade na obra. A Petrobras não se pronunciou.
Com as investigações da Operação Lava-Jato, a Polícia Federal descobriu que a Galvão Engenharia, uma das empresas que iniciaram a terraplanagem da Refinaria Premium I, efetuou depósitos para a empresa MO Consultoria, do doleiro Alberto Youssef, preso desde o dia 17 de março. Conforme a Polícia Federal, a Galvão Engenharia teria efetuado depósitos da ordem de R$ 1,5 milhões nas contas da MO Consultoria entre abril e março de 2011. A suspeita da PF é de que as empresas que estavam nesse esquema pagavam propina para Youssef para obter contratos com a Petrobras.
No último final de semana, a revista Veja revelou uma lista de políticos que supostamente foram beneficiados com pagamentos de propina oriundos de obras da Petrobras, que teria sido elaborada pelo ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Entre eles, estavam o ministro Edison Lobão e a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB). Durante a operação Lava-Jato, Youssef, considerado o líder da organização criminosa desarticulada pela PF, foi preso em São Luís, no Maranhão. Durante as investigações, a PF descobriu que Youssef teve encontros com assessores próximos da governadora Roseana Sarney e que estava em São Luís para articular encontros com pessoas ligadas ao governo.
O governo do Maranhão negou qualquer relação com o doleiro e a governadora informou que também desconhece qualquer favorecimento obtido de forma ilícita. Procurada pela reportagem do iG, a Petrobras também não respondeu aos questionamentos sobre eventuais irregularidades na obra e as relações dela com o ministro Edison Lobão. A Galvão Engenharia também foi procurada e não deu retorno à reportagem.