sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Marina se compara a Lula e diz que ministro Lobão causa ‘vergonha’

 

 





Marina Silva sobre Lobão: "É uma vergonha alheia quando começa a falar de energia"
Marina Silva sobre Lobão: “É uma vergonha alheia quando começa a falar de energia”
ITALO NOGUEIRA (FOLHA DE SÃO PAULO)
A ex-ministra Marina Silva (PSB), candidata à Presidência, afirmou nesta quinta-feira (11) que o PT e o PSDB se aliaram para criar boatos sobre seu programa de governo. Ela criticou o que chamou de tentativa de desconstrução de sua imagem com críticas de petistas sobre sua passagem no governo Lula, e também alfinetou a gestão da presidente Dilma Rousseff (PT) no setor energético, ao afirmar que o ministro Edison Lobão (Minas e Energia) causa “vergonha alheia” ao governo.
Marina comparou as críticas de que tem sido alvo ao mesmo que ocorreu com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante as eleições de que participou.
“Os dois partidos se uniram para espalhar boatos. O Aécio se perfilou com o PT agora fazendo o mesmo trabalho de desconstrução de uma forma preconceituosa, utilizando os mesmos argumentos usados contra o presidente Lula”, afirmou.
“Mesmo tendo sido vereadora, deputada, senadora e ministra, [ele diz]: ‘A Marina é boazinha’. A pior desconstrução é a que parte do falso elogio. ‘Mas é inexperiente, não tem capacidade’. [...] Vejo o que está acontecendo comigo o que ocorreu com o Lula. O Collor venceu o Lula em cima de muitas mentiras. Talvez por isso tenha pago um preço muito alto. Não se pode ser presidente em cima de mentiras”, disse a candidata do PSB durante sabatina do jornal “O Globo”.
Recentemente, a presidenciável do PSB criticou Lula por, segundo ela, repetir “um acervo de desqualificações e preconceitos” que ele mesmo sofrera quando disputou o Planalto.
Ela citou como boatos a suposta ameaça à exploração do pré-sal e à continuidade de programas sociais, e a subserviência a banqueiros.
Marina criticou também ex-companheiros do governo Lula que agora a criticam. Sem citá-lo nominalmente, lembrou araques feitos recentemente pelo ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral).
“Coisas que eu não falei quando estava no governo, não tenho o direito de falar hoje. Isso [criticar ex-colegas de governo] não denuncia nada sobre as pessoas de quem estou falando, mas a mim, o meu caráter. Outro dia recebi críticas de um ex-colega. Da minha experiência com ele no governo, só tenho boas lembranças. O que ele diz ao meu respeito que não disse antes, tomo como sendo uma crítica política, por circunstâncias”, disse Marina.
“VERGONHA ALHEIA
Apesar de se dizer contrária às críticas pessoais, ela alfinetou o ministro Edison Lobão (Minas e Energia), com quem conviveu por cinco meses no governo federal. “É uma vergonha alheia quando começa a falar de energia”.
Marina afirmou que a estratégia de ambos decorre da ausência de um programa de governo, que tanto a presidente Dilma como Aécio Neves (PSDB) ainda não lançaram, a menos de um mês da eleição.
“Quero discutir ideias. Eu gostaria que o Aécio e a Dilma tivessem apresentado o programa de governos. Isso significa ganhar a eleição com um cheque em branco, com diretrizes genéricas para fazer o que bem entende com aqueles que tem a lógica de tomar um pedaço do Estado para chamar de seu.”
A candidata voltou a afirmar que pretende governar com os melhores quadros de diferentes partidos, citando nominalmente o PDT, PMDB, PSDB e PT. Ela chamou a tentativa de “aeróbica do bem”, por tentar valorizar as instituições partidárias.
“Se eu fizesse a aeróbica do mal, faria como fazem hoje: pegaria só os piores quadros dos partidos. Não gasto tempo falando do Renan, Collor e Sarney. Gasto mais tempo mencionando o Jarbas [Vasconcelos], [Pedro] Simon [todos políticos do PMDB]“.
Marina defendeu investimentos na exploração do pré-sal, mas disse que o Brasil, assim como outros países, deve apostar no desenvolvimento de novas fontes de energia. Ela reconheceu, contudo, que o petróleo seguirá como principal fonte na matriz energética no curto prazo.
A candidata do PSB afirmou que a ameaça ao pré-sal não vem de sua candidatura, mas da corrupção e a má gestão da Petrobras.
“O que ameaça o pré-sal é o que está sendo feito com a empresa. Uma empresa que vale a metade do que valia quando Dilma assumiu e que deve quatro vezes o que devia antes. Lançaram uma cortina de fumaça sobre esse tema talvez já sabendo das denúncias que viriam. [...] Os partidos perderam o vínculo com a sociedade. Como as pessoas vão confiar em um partido que coloca por 12 anos um diretor para assaltar os cofres da Petrobras”, disse ela.
Marina afirmou que não suspenderá as obras da usina hidrelétrica de Belo Monte, mas afirmou que levará em consideração os impactos ambientais e sociais na continuidade da obra.

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