ITALO NOGUEIRA (FOLHA DE SÃO PAULO)
A ex-ministra Marina Silva
(PSB), candidata à Presidência, afirmou nesta quinta-feira (11) que o
PT e o PSDB se aliaram para criar boatos sobre seu programa de governo.
Ela criticou o que chamou de tentativa de desconstrução de sua imagem
com críticas de petistas sobre sua passagem no governo Lula, e também
alfinetou a gestão da presidente Dilma Rousseff (PT) no setor
energético, ao afirmar que o ministro Edison Lobão (Minas e Energia)
causa “vergonha alheia” ao governo.
Marina comparou as
críticas de que tem sido alvo ao mesmo que ocorreu com o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva durante as eleições de que participou.
“Os dois partidos se
uniram para espalhar boatos. O Aécio se perfilou com o PT agora fazendo o
mesmo trabalho de desconstrução de uma forma preconceituosa, utilizando
os mesmos argumentos usados contra o presidente Lula”, afirmou.
“Mesmo tendo sido
vereadora, deputada, senadora e ministra, [ele diz]: ‘A Marina é
boazinha’. A pior desconstrução é a que parte do falso elogio. ‘Mas é
inexperiente, não tem capacidade’. [...] Vejo o que está acontecendo
comigo o que ocorreu com o Lula. O Collor venceu o Lula em cima de
muitas mentiras. Talvez por isso tenha pago um preço muito alto. Não se
pode ser presidente em cima de mentiras”, disse a candidata do PSB
durante sabatina do jornal “O Globo”.
Recentemente, a
presidenciável do PSB criticou Lula por, segundo ela, repetir “um acervo
de desqualificações e preconceitos” que ele mesmo sofrera quando
disputou o Planalto.
Ela citou como boatos a
suposta ameaça à exploração do pré-sal e à continuidade de programas
sociais, e a subserviência a banqueiros.
Marina criticou também
ex-companheiros do governo Lula que agora a criticam. Sem citá-lo
nominalmente, lembrou araques feitos recentemente pelo ministro Gilberto
Carvalho (Secretaria-Geral).
“Coisas que eu não falei
quando estava no governo, não tenho o direito de falar hoje. Isso
[criticar ex-colegas de governo] não denuncia nada sobre as pessoas de
quem estou falando, mas a mim, o meu caráter. Outro dia recebi críticas
de um ex-colega. Da minha experiência com ele no governo, só tenho boas
lembranças. O que ele diz ao meu respeito que não disse antes, tomo como
sendo uma crítica política, por circunstâncias”, disse Marina.
“VERGONHA ALHEIA“
Apesar de se dizer
contrária às críticas pessoais, ela alfinetou o ministro Edison Lobão
(Minas e Energia), com quem conviveu por cinco meses no governo federal.
“É uma vergonha alheia quando começa a falar de energia”.
Marina afirmou que a
estratégia de ambos decorre da ausência de um programa de governo, que
tanto a presidente Dilma como Aécio Neves (PSDB) ainda não lançaram, a
menos de um mês da eleição.
“Quero discutir ideias. Eu
gostaria que o Aécio e a Dilma tivessem apresentado o programa de
governos. Isso significa ganhar a eleição com um cheque em branco, com
diretrizes genéricas para fazer o que bem entende com aqueles que tem a
lógica de tomar um pedaço do Estado para chamar de seu.”
A candidata voltou a
afirmar que pretende governar com os melhores quadros de diferentes
partidos, citando nominalmente o PDT, PMDB, PSDB e PT. Ela chamou a
tentativa de “aeróbica do bem”, por tentar valorizar as instituições
partidárias.
“Se eu fizesse a aeróbica
do mal, faria como fazem hoje: pegaria só os piores quadros dos
partidos. Não gasto tempo falando do Renan, Collor e Sarney. Gasto mais
tempo mencionando o Jarbas [Vasconcelos], [Pedro] Simon [todos políticos
do PMDB]“.
Marina defendeu
investimentos na exploração do pré-sal, mas disse que o Brasil, assim
como outros países, deve apostar no desenvolvimento de novas fontes de
energia. Ela reconheceu, contudo, que o petróleo seguirá como principal
fonte na matriz energética no curto prazo.
A candidata do PSB afirmou que a ameaça ao pré-sal não vem de sua candidatura, mas da corrupção e a má gestão da Petrobras.
“O que ameaça o pré-sal é o
que está sendo feito com a empresa. Uma empresa que vale a metade do
que valia quando Dilma assumiu e que deve quatro vezes o que devia
antes. Lançaram uma cortina de fumaça sobre esse tema talvez já sabendo
das denúncias que viriam. [...] Os partidos perderam o vínculo com a
sociedade. Como as pessoas vão confiar em um partido que coloca por 12
anos um diretor para assaltar os cofres da Petrobras”, disse ela.
Marina afirmou que não
suspenderá as obras da usina hidrelétrica de Belo Monte, mas afirmou que
levará em consideração os impactos ambientais e sociais na continuidade
da obra.
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