Órgão responsável pela vacinação dos indígenas aldeados, aponta ainda que 13.129 índios receberam a 1ª dose (69%) e 9.561 (73%), a segunda dose no Maranhão
De acordo com o vacinômetro informado pelo Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), coordenação do Maranhão, 50% da população indígena maranhense, do total de 19.134 índios que deve receber a vacina, está imunizada. O órgão federal, responsável pela vacinação dos indígenas aldeados, aponta ainda que 13.129 índios receberam a 1ª dose (69%) e 9.561 (73%), a segunda dose. Esses dados são da manhã do dia 15 de abril.
Ficar livre da Covid-19 é um dos desafios enfrentados pelos indígenas no Brasil, dentre tantos outros que eles enfrentam cotidianamente. Com a pandemia, a realidade dos povos indígenas tornou-se ainda mais dramática, uma vez que se soma a um contexto de violências contra suas vidas e seus territórios. Infelizmente, no dia do índio, não dá para ignorar a situação sanitária precária existente nas aldeias indígenas, o que evidenciou a vulnerabilidade das comunidades para enfrentá-la. Condições particulares afetam essas populações, como a dificuldade de acesso aos serviços de saúde, seja pela distância geográfica, como pela indisponibilidade ou insuficiência de equipes de saúde.
Segundo dados da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), até o final de março de 2021, 1.029 indígenas já haviam perdido suas vidas, 51.857 haviam sido contaminados e 163 povos já haviam sido diretamente impactados pela pandemia, sendo a etnia Guajajara a terceira mais atingida no país.
No Maranhão, de acordo com o DSEI-MA, até o dia 15, 1.698 indígenas aldeados foram contaminados pela Covid-19 e 29 foram a óbito. Atualmente há 2 suspeitos, nas terras de Amarante e de Santa Inês, e 15 infectados. 1654 índios estão recuperados da Covid e 1.046 casos foram descartados.
Mesmo com a vacina chegando nas aldeias, o trabalho de combate à Covid não se encerra. De acordo com o coordenador local do DSEI-MA, Alberto José Braga Goulart, medidas estão sendo tomadas para que o vírus não avance nas aldeias, a exemplo do fortalecimentos das barreiras sanitárias; articulação para implantação da rotina de realização de testagem RTPCR nos profissionais antes de adentrarem em territórios; processo de aquisição de teste antígeno para diagnóstico de Covid-19; conscientização e sensibilização para importância das medidas sanitárias para prevenção da Covid; sensibilização da importância da vacina para a Covid-19; garantia de estoque de EPIs para as equipes e medicamentos da atenção básica; além de elaboração de vídeo educativo realizado por lideranças indígenas na língua quanto a importância das medidas de prevenção. “O impacto sempre é o pior possível, independente do número de vítimas, não ficaremos satisfeitos até que todos estejam livres e que não haja mais infectados e nem vítimas. As mortes foram poucas, principalmente pela conscientização, com ajuda de lideranças e caciques, além de toda população, com isolamento, contribuindo para o número menor de infecção, tudo isso sendo conduzido pelos profissionais do DSEI que atuam diariamente na saúde”, disse o coordenador.
Situação dos indígenas é acompanhada pela SESAI
De acordo com a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MA), a situação dos indígenas tem sido acompanhada pela SESAI, Secretaria Especial de Saúde Indígena, pela APIB, Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, e pelo Conselho Indigenista Missionário Regional Maranhão. “A OAB Seccional Maranhão tem estado vigilante acerca das medidas implementadas no Estado com respeito aos povos indígenas e tradicionais em geral. Vimos o impacto da pandemia nos indígenas com imensa preocupação, pois a população indígena, sobretudo os povos mais isolados são extremamente vulneráveis e durante a pandemia as invasões aos territórios não cessaram, bem como a grilagem e o garimpo. É de suma importância que os territórios indígenas sejam demarcados para evitar tais práticas”, disse a advogada Marina Lima, presidente da CDH-OAB.
Durante a pandemia as invasões aos territórios não cessaram, bem como a grilagem e o garimpo
Reforço na vacinação
De acordo com o Painel Covid-19, entre os municípios que estão com baixa cobertura de vacinação estão aqueles que contam com grande concentração de indígenas, como Amarante do Maranhão e municípios da Regional de Saúde de Barra do Corda como Jenipapo dos Vieiras, Arame, Grajaú e Barra do Corda. Estima-se que, no estado, cerca de 2,3% da população indígena esteja se recusando a tomar a vacina.
A vacinação dos indígenas é de responsabilidade do DSEI, mas diante do cenário, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) afirmou reforçar o trabalho já realizado pelas equipes da Força Estadual de Saúde que atuam constantemente nas áreas indígenas.
Os municípios também dão suporte à vacinação dos indígenas oferecendo estrutura, conforme solicitado.
Segundo o DSEI, a população indígena no Maranhão é de 43.151 índios, em 22 terras indígenas, distribuídas em 573 aldeias.
No Século XVII há registros de que a população chegou a 250 mil índios de 30 etnias. De acordo com um estudo da Funai, atualmente existem sete etnias vivendo no Maranhão: Ka’apor, Guajá, Tenetehara, Timbira, Kanela, Krikati e Gamela.
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