Carlos Newton
Como dizia o genial Gonzaguinha, não dá mais para segurar. Está mais do que comprovado que o capitão Jair Bolsonaro não tem a menor condição intelectual nem o necessário equilíbrio emocional para continuar presidindo o Brasil. Trata-se de fato concreto, ponto pacífico, realidade factível e incontestável.
Quando o presidente da República anuncia publicamente que “o Brasil está no limite”, acentuando que “o pessoal fala que eu devo tomar providências”, para então ameaçar que “eu estou aguardando o povo dar uma sinalização”, qualquer pessoa entende que se trata de um golpe de Estado, e isso é inadmissível. Em regime de democrático, o presidente da República jamais pode se manifestar nesse sentido. E ainda falou em “providências imediatas”…
NINGUÉM LIGA – A verdade é que o Brasil está se transformando num país surreal. O presidente Bolsonaro faz uma declaração dessa gravidade e a repercussão é mínima. Até mesma as lideranças de oposição se omitem, parecem não levá-lo a sério, ao invés de exigir que ele diga que “pessoal” é esse, que inclusive lhe cobra “providências imediatas”.
Seriam os militares da ativa, indignados pela perda de popularidade de seu comandante-em-chefe? Seriam os oficiais da reserva, sempre inconformados e provocadores? Seriam os militares que infestam o governo e tomaram gosto pelo poder? Ou seria o tal gabinete do ódio, com apoio dos adoradores do guru virginiano Olavo de Carvalho?
Na verdade, ninguém sabe, ninguém viu, mas desta vez a ameaça de Bolsonaro teve endereço certo – o plenário do Supremo Tribunal Federal, do outro lado da Praça dos Três Poderes.
AMEAÇA DIRETA – Em seu delírio persecutório, Bolsonaro foi adiante e revelou seu propósito, ao dizer: “Amigos do Supremo Tribunal Federal, daqui a pouco vamos ter uma crise enorme aqui. Vi que um ministro despachou um processo pra me julgar por genocídio. Olha, quem fechou tudo e está com a política na mão não sou eu. Agora, não quero brigar com ninguém, mas estamos na iminência de ter um problema sério no Brasil”, completou o presidente. Segundo Bolsonaro, ainda “há tempo de mudar, é só parar, usar menos a caneta e mais o coração”.
Caramba! O presidente da República toma uma iniciativa dessa gravidade e nenhum jornal deu a manchete “Bolsonaro ameaça a Supremo”. E o presidente do STF, Luiz Fux, também não se manifestou. Deveria ter simplesmente respondido à altura, marcando logo a data de julgamento do pedido da ministra Cármem Lúcia para abrir o processo contra o presidente da República. Agendar essa importantíssima questão é o mínimo que se espera de Fux, caso não esteja acovardado pelos rugidos de Bolsonaro.
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