sexta-feira, 2 de julho de 2021

CPI, manifestações e recuo do Centrão podem elevar o risco do impeachment de Bolsonaro

 

 

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Charge do Son Salvador (Charge Online)

Fernando Luiz Abrucio
Portal Terra

A mistura de um populismo voltado à manutenção de seu eleitorado, com uma base aliada parlamentar garantida com a distribuição de cargos, verbas e poder clientelista ao Centrão – esta tem sido foi a fórmula adotada por Bolsonaro para manter seu posto. Até o momento, esse objetivo vem sendo alcançado.

Porém, três fenômenos colocam em risco o projeto político bolsonarista. Em primeiro lugar, a CPI da Covid tornou-se mais perigosa com a denúncia de prevaricação do presidente da República no caso da vacina Covaxin.

INCORRUPTÍVEL – Qualquer caso de suposta corrupção sempre é grave, mas duas coisas tornam esse fato ainda mais inflamável: o bolsonarismo mantinha sua aura de incorruptível até agora, mesmo com as rachadinhas de Flávio Bolsonaro ou as negociatas do então ministro Ricardo Salles com madeireiros, e isso, provavelmente, não se sustentará mais, pois o que está em jogo agora é que se planejou roubar dinheiro público na compra de algo que faltou aos brasileiros: a vacina.

Um segundo fenômeno é o crescimento paulatino das manifestações pedindo a saída do presidente. As últimas já foram maiores do que as anteriores, e as próximas tendem a ter maior expressão ainda, sobretudo por conta do novo escândalo do Covaxingate.

Não são apenas eleitores de esquerda que estão indo às ruas e, com o cheiro de corrupção que custou vidas ficando cada vez mais forte, mais gente tenderá a ignorar o isolamento social para gritar contra Bolsonaro.

SAÍDA ESTRATÉGICA – Um terceiro fator pode ampliar a adesão ao impeachment: o Centrão pode recuar de seu apoio incondicional a Bolsonaro e afotar uma forma mais branda de oposição. No caso do Centrão, o temor é que o presidente, para se livrar do escândalo, coloque toda a culpa na base aliada. Desse modo, talvez seja melhor sair antes que a casa caia.

Já para os que advogam a chamada terceira via, fica cada vez mais claro que só há uma chance de evitar a polarização no segundo turno: derrubar Bolsonaro em um processo que mostre que ele é culpado por mortes e irregularidades administrativas. E Se os partidários de um candidato centrista não abraçarem o impeachment logo, podem perder relevância política na eleição de 2022.

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