Carlos Newton / charge de Miguel Paiva (Site 247)
O empresário Carlos Wizard botou o galho dentro, como se dizia antigamente, e se recusou a depor na CPI da Covid, escorado em mais uma ridícula decisão do Supremo que nem era necessária, pois as testemunhas são obrigadas a comparecer, não a depor. Lembrem o caso de Lula, que ficou ironizando a Justiça, enquanto os líderes petistas diziam que o povo sairia às ruas para impedir o depoimento do ex-presidente. O Ministério Público então pediu a condução coercitiva e Lula acabou depondo, sem haver nenhuma revolta popular.
Pois bem, enquanto Wizard ficava calado, socorrendo-se num bizarro texto sobre seu fervor religioso, o deputado Ricardo Barros, ainda líder do governo, tirava uma onda de valentão, colocando-se à disposição da CPI para depor.
EM REUNIÃO VIRTUAL – O ato de coragem do parlamentar foi relatado pela repórter Mariana Carneiro, de O Globo, que abordou a reunião de líderes do governo, realizada virtualmente segunda-feira para tratar das pautas do governo, mas acabou servindo para o líder na Câmara se explicar aos colegas e à ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda.
“Eu sei me defender. Não vou sair da liderança.” – com essas duas frases, o deputado Ricardo Barros (PP-PR) resumiu sua disposição para enfrentar as denúncias de envolvimento com o contrato irregular da Covaxin, em investigação na CPI da Covid – narrou a repórter.
Como se sabe, Ricardo Barros foi ministro da Saúde no governo Michel Temer e até hoje exerce influência política no ministério. E ele deixou bem claro que não pretende recuar, nem submergir, como cogitavam alguns aliados. “Eu entendo do assunto”, afirmou o líder do governo, segundo informaram à jornalista alguns dos presentes à reunião virtual.
BARROS NEGOU – Depois da publicação da matéria de Mariana Carneiro, que trabalha com a colunista Malu Gaspar, o deputado Ricardo Barros entrou em contato com o Globo para dizer que as frases atribuídas a ele não são verdadeiras. Mas a repórter Mariana Carneiro manteve as informações publicadas.
Em tradução simultânea, Barros perdeu uma boa oportunidade de ficar calado. Pensou que sua bravura fosse ficar trancafiada na reunião virtual e não imaginou que as denúncias dos irmãos Miranda pudessem evoluir na espantosa velocidade que está sendo imprimida.
Quanto às denúncias, são tão verdadeiras que já causaram muitas demissões. O ministro Eduardo Pazuello, por exemplo, caiu dois dias depois do encontro de Bolsonaro com os irmãos Miranda, no Palácio da Alvorada. Na mesma semana, foi detonado o secretário-executivo, coronel Elcio Franco.
Agora, após os depoimentos dos irmãos na última sexta-feira, já caíram o diretor de Logística, Roberto Ferreira Dias, e logo em seguida o assessor, tenente-coronel Marcelo Blanco da Costa. Ou seja, a fila está andando e o governo derrete em pleno inverno.
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P.S. – O respeitável público terá oportunidade de conferir a coragem do líder Ricardo Barros, que está cercado na CPI pelos sete lados, como se diz no jogo-do-bicho. A liderança que exercia na quadrilha do Centrão já não existe. Os parlamentares centristas não têm compromisso com fracassados. Eles só obedecem a quem comanda a caixa registradora sem ser apanhado em flagrante delito. Assim, o depoimento de Barros na CPI será um espetáculo verdadeiramente inesquecível. A não ser que ele decida seguir o exemplo de Carlos Wizard e se manter em silêncio. (C.N.)
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