quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Uma armadilha para Marina

Carlos Chagas
Como estava previsto para o último mês de campanha, está aberta a temporada das baixarias. Dilma compara Marina a Jânio Quadros e a Fernando Collor. Aécio acusa Marina de plagiar o Plano de Direitos Humanos de Fernando Henrique. Marina reage, lembrando que Dilma jamais disputou uma eleição, excetuada a que a levou ao palácio do Planalto.
O problema é que os três grandes candidatos, sem esquecer os oito pequenos, afastam-se cada vez mais do que seria fundamental para a decisão do eleitorado. Porque o vazio permanece quando se indaga de todos quais as medidas que adotarão para garantir segurança ao cidadão comum, levar todas as crianças para a escola, acabar com as filas nos hospitais, recuperar ferrovias, rodovias e portos – e quanta coisa a mais? Não vale ficar nas generalidades onde eles se encontram, ou seja, é pouco dizer que vão investir na segurança, na educação, na saúde e na infraestrutura. É preciso anunciar como, apontar de onde virão os recursos.
Jânio Quadros elegeu-se vereador, deputado estadual, prefeito, governador, deputado federal e presidente da República. Renunciou porque era meio doido e porque pretendeu dar o golpe, tornando-se ditador. Fernando Collor também cumpriu etapas eleitorais, abandonando o governo para não ser cassado pelo Congresso. Marina jamais deu sinais de querer sobrepor-se ao regime democrático, assim como não há, a seu lado, nenhum PC Farias. Se for para comparar programas e lições, todos os candidatos a postos eletivos copiam a Bíblia e a Constituição. Será plágio?
Pelo jeito, Marina começa a cair na armadilha, pois não deixa passar as referências de seus adversários. Replica, ensejando as tréplicas e as seguintes. Deixa de atentar para o fato de que quando lançada candidata, após a tragédia que levou Eduardo Campos, não havia divulgado plano algum, ganhando o favoritismo pela sua imagem e seu passado. Se agora não resiste e entra na arena preparada pelos outros candidatos para enfraquecê-la, perde tempo e oportunidade de crescer ainda mais nas preferências populares.
SÓ O DEVER DE CASA NÃO BASTA
O Lula vem acompanhando Dilma em sua campanha pela reeleição, participando de comícios e carretas. Aparece com frequência na televisão, nos programas de propaganda eleitoral gratuita, mas para virar o jogo, não basta. Os números continuam confirmando e aumentando a vitória de Marina. Nos conciliábulos do PT prevalece o raciocínio de que o ex-presidente necessita produzir algum fato espetacular. O diabo é imaginar qual…


( Carlos Chagas/Tribuna da Internet )



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