sexta-feira, 16 de abril de 2021

A reabilitação de Lula é uma alternativa para derrotar Bolsonaro nas eleições de 2022

 

 

Charge do Amarildo (agazeta.com.br)

Pedro do Coutto

Analisando-se sob o ângulo político inevitável, as decisões do Supremo Tribunal Federal e a onda da opinião pública revoltada contra Jair Bolsonaro, são os fatores essenciais para que Luiz Inácio Lula da Silva retornasse ao panorama marcante do país hoje e representasse uma forma eficaz de impedir a reeleição do atual presidente da República.

O processo político é dinâmico, ao contrário do que alguns cientistas políticos acreditam ao não levar em conta o caráter mutante de um sistema que abrange tanto a ideia democrática de liberdade, quanto os interesses legítimos tanto das classes produtoras, quanto dos 100 milhões de assalariados que se encontram com os seus vencimentos perdendo para a inflação.

DESASTRE – A ressurreição de Lula significa um posicionamento voltado para impedir a continuidade do desastre que nasceu nas urnas de 2018. Foram episódios que ficarão na história. Desejo que sejam focalizados em toda plenitude pelos historiadores do futuro.

No momento em que Jair Bolsonaro desencadeou precocemente a sua campanha eleitoral, a sociedade brasileira percebeu o risco que o país corria, sobretudo em face da atuação do próprio presidente da República, ameaçando pessoas, ridicularizando a pandemia, promovendo aglomerações, não usando máscara em situações públicas, agredindo pessoas com palavras de baixo calão. Tudo isso criou a necessidade de se ter um candidato capaz de derrotá-lo nas urnas em 2022.

OPONENTE – Percorrendo-se os caminhos políticos, não se encontrou um nome sequer que fosse mais viável eleitoralmente do que Lula da Silva. Na época da comunicação veloz, ficou nítido que o prazo para as eleições seria pouco para uma nova liderança. Apareceu o governador João Doria, mas o seu nome despertou dúvidas quanto às possibilidade de enfrentar o atual chefe do Executivo. Mas Lula tem todas as condições para isso.

Basta ver, conforme já frisei anteriormente, que Lula transferiu a Fernando Haddad, um candidato inexpressivo , 43% dos votos que marcaram o último embate para Presidência da República. Assim, com a decisão do Senado em instaurar a CPI da Saúde e com as decisões da Corte Suprema, as correntes preocupadas com a manutenção da democracia e com a liberdade de expressão, concluíram que o ex-presidente tem condições para evitar a continuidade do desastre que se instalou no Brasil.

COMUNICAÇÃO DO GOVERNO – Reportagens de Jussara Soares e Daniel Gullino, no O Globo, e de Gustavo Uribe, na Folha de São Paulo, nas edições de ontem, destacaram a substituição estabelecida por Bolsonaro na área de Comunicação da Presidência da República.

Bolsonaro afirmou que o país está no limite e aguarda um sinal do povo. Sinal para quê ? Por uma imagem melhor, pode ser. É uma expressão que pode ter sentido duplo, como aquele que marcou a renúncia de Jânio Quadros em 25 de agosto de 1961. A área de Comunicação é disputada, mas a disputa não recai sobre nenhum jornalista profissional. Tem recaído ao longo dos anos, desde o primeiro governo Dilma Rousseff em técnicos em publicidade. A publicidade comercial nao e compativel com a  divulgação política e administrativa

O jornalismo é um teorema, que tem que ser comprovado na prática. A publicidade é um axioma, figura matemática que dispensa comprovações. As empresas estatais de uns tempos para cá, a exemplo de Furnas, não escalam jornalistas para o setor . Limitam-se a nomear pessoas que nada tem a ver com o jornalismo. Sei que agências de Comunicação e Relações Públicas estão por trás deste fenômeno. Claro, inclusive porque os contratos com empresas desse tipo rendem comissões.

ANÁLISE DOS FATOS –  Em matéria de salário não pode haver comissão. Trabalhei 15 anos em Furnas e posso citar o equívoco. Matéria de Comunicação só é eficiente através do jornalismo. Isso porque o jornalista tem sensibilidade para análise dos fatos que serão notícias e sabem dar o tratamento adequado aos conteúdos enviados aos veículos.

O jornalismo é composto também pela importância dos textos elaborados. No governo Bolsonaro não há texto positivo, pois não se conhece do Planalto um projeto sequer construtivo que se destine aos direitos coletivos da população. Não há obras, não se fala em rodovias, ferrovias. Em termos de petróleo, só se fala em aumentos de preços.

ALUGUÉIS DISPARAM – O Estado de São Paulo de quarta-feira coloca em destaque com bastante propriedade a crise social criada pelo reajuste dos aluguéis com base no IGPM da FGV. A matéria abrange tanto os aluguéis residenciais, quanto comerciais. Com o IGPM torna-se impossível os inquilinos pagarem os aluguéis. O IGPM de janeiro de 2020 a janeiro de 2021 acusa um reajuste de 21% e recai sobre as locações, mas o IPCA do IBGE aponta uma inflação de 5,4% no mesmo período.

Logo, com os salários congelados, os atuais inquilinos não conseguem pagar o aluguel, pois este pesa bastante na despesa da população.  A tese de congelar salários e elevar os preços é própria do ministro Paulo Guedes. Não tem cabimento e se tornou impossível.

CONFERÊNCIA DO CLIMA –  No O Globo de ontem, Renato Grandelle assinala que a reunião do clima convocada por Joe Biden começa no dia 22 de abril, encontro no qual Bolsonaro não deve se esquivar. No atual governo, o desmatamento e as queimadas apresentaram um grau de devastação maior do que aquele que existia antes de Bolsonaro assumir e Ricardo Salles ser nomeado para o Ministério do Meio Ambiente.

Na Folha de quinta-feira, Patrícia Campos Mello focaliza a posição do governo americano em relação ao setor, acentuando que a Cúpula dos Líderes, empenhada em conter o aquecimento global, está aguardando – afirmação da jornalista – seriedade por parte do presidente Bolsonaro e do governo brasileiro sobre a questão que aflige o universo.

Bolsonaro, a meu ver, ingressou em seu período final tendo pela frente uma montanha de gelo que necessita remover para cumprir a missão de governo, a qual não vem dando importância.

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