domingo, 18 de abril de 2021

EUA exigem ações concretas do Brasil contra desmatamento e Bolsonaro finge que não ouve

 

 

Representante de Joe Biden exige ações imediatas do Brasil

Carlos Newton

Desde a independência do Brasil, jamais se viu uma política externa tão desastrada quanto a teoria do “pária diplomático”, colocada em prática pelo ex-chanceler Ernesto Araújo e mantida por seu substituto Carlos França. O fato concreto é que os Estados Unidos e o mundo exigem do Brasil medidas imediatas contra o desmatamento, que em março alcançou o maior patamar desde que passou a ser monitorado.

Dados coletados pelo Greenpeace junto ao Inpe mostram que, pelo menos, 36 mil hectares de floresta foram perdidos, um novo recorde sinistro que envergonha o país. Apesar de ter havido uma cobertura de nuvens superior ao normal, constatou-se um aumento de 12,5% em relação a março de 2020, o maior da série histórica.

COBRANÇA DOS EUA – Diante desses números, o ex-senador norte-americano John Kerry, que representa o governo Joe Biden em assuntos relacionados ao clima, deu neste sábado uma dura resposta à carta enviada à Casa Branca pelo presidente Jair Bolsonaro, na qual assume o compromisso de cessar o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030.

Em redes sociais, John Kerry afirmou que o compromisso de Bolsonaro contra o desmatamento ilegal é importante, mas os Estados Unidos aguardam “ações imediatas e engajadas com a população indígena e com a sociedade civil para que o anúncio tenha resultados tangíveis.”

COMPROMISSOS – A carta do presidente Jair Bolsonaro foi enviada na quarta-feira (dia 14), e definiu metas e compromissos brasileiros em relação ao meio ambiente, bioeconomia, regularização fundiária, zonas ecológico-econômicas e pagamentos por serviços ambientais.

Segundo a justificativa de Bolsonaro, é preciso criar alternativas econômicas que reduzam o apelo das atividades ilegais e dar condições para que os 25 milhões de brasileiros que vivem na Amazônia possam prosperar materialmente por seus próprios esforços.

Justamente por isso, argumenta ele, não é possível combater o desmatamento apenas com medidas de fiscalização ou “jamais alcançaremos resultados duradouros no domínio ambiental.”

SEM ENROLAÇÃO – A manifestação do representante de Biden mostra que o governo dos Estados Unidos não vai ser enrolado com as promessas de Bolsonaro para 2030. A carta de intenções do presidente brasileiro à Casa Branca chega a ser ridícula, pois levou John Kerry a repetir o que todos querem –  “ações imediatas e engajadas com a população indígena e com a sociedade civil para que o anúncio tenha resultados tangíveis”, repita-se ad nauseam, como dizem os juristas.

Mas Bolsonaro insiste em continuar fazendo exatamente o contrário, ao prestigiar o ministro desmatador Ricardo Salles e demitir o superintendente da Polícia Federal, Alexandre Saraiva, que vinha lutando contra os madeireiros.

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P.S. –
 Fica sem resposta uma inquietante pergunta. Quando o presidente do Supremo, Luiz Fux, pretende marcar o julgamento da petição da ministra Cármen Lúcia propondo a abertura de processo contra o presidente Bolsonaro, que significa seu afastamento do poder por 180 dias? O povo quer saber. Afinal, se nos livrarmos de Bolsonaro, poderemos ver alguma luz no final do túnel. (C.N.)

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