Camila Mattoso
Folha
Alexandre Saraiva, retirado do comando da PF no Amazonas pelo atual diretor-geral Paulo Maiurino, é citado em troca de mensagens de madeireiros investigados pela corporação como o “alvo a ser abatido”. As mensagens mostram como os madeireiros almejavam o delegado fora do cargo.
Em 2 de setembro de 2019, o investigado Roberto Paulino encaminha uma foto do superintendente a um interlocutor de nome Guga. “Alvo a ser abatido”, diz ele. “A frase indica que todas as possibilidades para remover o superintendente da Polícia Federal no Amazonas estão sobre a mesa, em outros termos, caso as vias políticas e/ou judiciais e disciplinares não surtam efeito, não está descartado o uso da violência”, diz a PF.
DESCONTENTAMENTO – Outra conversa de Paulino, essa com Humberto Jacob de Barros Oliveira, também expõe o descontentamento com o delegado e a vontade de tirá-lo do posto. No diálogo, eles falam da necessidade em pedir ajuda a uma pessoa de nome Júlio para a tarefa, ele seria representante dos madeireiros.
“Tem que pedir para o Júlio tirar esse cara daqui. Urgente”, diz Paulino. “Ele vai quebrar todos”, responde Humberto. As conversas integram o inquérito da operação Arquímedes, responsável pela apreensão de 444 contêineres com madeira ilegal.
SALLES NA CONTRAMÃO – Em entrevista à Folha, no domingo, dia 4, Saraiva criticou a atuação de Salles em favor de madeireiros alvos de outra ação da PF, a Handroanthus GLO, responsável pela maior apreensão de madeira da história do país. O delegado disse que nunca tinha visto um ministro ser contra uma ação cujo objetivo é preservar a floresta amazônica.
Na quarta-feira, dia 14, ele encaminhou ao Supremo Tribunal Federal uma notícia crime contra o ministro e o senador Telmário Mota (Pros-RR), também pela atuação em favor dos investigados. Um dia depois foi substituído do cargo por decisão do novo diretor-geral da PF, Paulo Maiurino.
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