sexta-feira, 2 de julho de 2021

Bolsonaro cometeu um erro colossal ao tentar se blindar atacando a CPI da Covid

 

 

Charge do Amarildo (diariodocentrodomundo.com.br)

Pedro do Coutto

O presidente Jair Bolsonaro e a sua assessoria direta no Palácio do Planalto cometem um erro político colossal ao tentar negar a investida do então diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, tentando concretizar uma proposta de corrupção feita ao representante da Davati Medical Supply, Luiz Paulo Dominguetti Pereira, gravada tanto por celular quanto pelo circuito interno do restaurante em que se encontraram pela primeira vez em Brasília.

O assunto, como era de se esperar, foi a manchete principal de O Globo e da Folha de São Paulo desta quinta-feira. Bolsonaro atacou todos integrantes da CPI chamando-os de “bandidos” e, ao mesmo tempo, classificou de mentiras as versões que apontam para um lance de corrupção em larga escala numa encomenda de vacinas da ordem de R$ 1,6 bilhão, operação da qual Ferreira Dias teria exigido US$ 1 de propina para cada dose de vacina negociada. Na Folha de São Paulo, a reportagem é de Daniel Carvalho e de Ricardo Della Coletta. No O Globo,  de Jussara Soares e Paula Ferreira.

NEGATIVA – A empresa Davati Medical Supply, através de seu presidente, Herman Cárdenas, nega ter negociado a propina que envolveria a venda de 400 milhões de doses da Astrazeneca para o Ministério da Saúde. A negativa será analisada no inquérito aberto na Polícia Federal com base nos trabalhos da CPI da Pandemia.

O governo resiste também em substituir o deputado Ricardo Barros do posto de líder do governo na Câmara pois ele é o autor da indicação do diretor acusado de negociar a propina com o representante da Davati Medical Supply. Enquanto isso, Raquel Lopes e Renato Machado, também na Folha, destacam que a CPI decidiu convocar o vendedor da vacina Luis Paulo Domingueti Pereira, que depõe nesta manhã à CPI, e também convidar o deputado Ricardo Barros para prestar esclarecimentos.

PREVISÃO – Há cerca de dois meses, eu que não sou profeta, disse nesta coluna que Bolsonaro poderia nao completar o mandato em consequência de suas próprias atitudes e contradições que levaram o candidato vitorioso nas urnas de 2018 a se transformar no presidente que adotou caminhos contrários aos compromissos assumidos com os eleitores e eleitoras.

Argumentei que a crise ocorria dentro de uma atmosfera densa, lembrando a pressão existente que atingia o Planalto. Disse, inclusive, que tudo poderia levar a esse desfecho e que Bolsonaro poderia até não disputar a própria reeleição. Ao que tudo indica, a crise política e administrativa está seguindo a previsão.

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