sábado, 3 de julho de 2021

Multinacionais aproveitam o desmonte da Petrobras e já extraem 27% do petróleo brasileiro

 

 

Charge di Amorim (site da Aepet)

Andreza de Oliveira
Site da Aepet

Em meio a menor participação da Petrobras no setor estratégico de petróleo e gás, com privatizações e vendas de ativos, gigantes multinacionais encontraram a oportunidade ideal para adentrar o terceiro maior segmento responsável por atividades econômicas no Brasil.

Aumentando exponencialmente seus desinvestimentos desde 2014, a petrolífera brasileira tem se desfeito de suas participações em campos terrestres, focando em atividades no polígono do pré-sal, na região Sudeste – o que ocasionou uma ociosidade e queda de cerca de 27% da participação da empresa no setor brasileiro de petróleo e gás. 

AVANÇO DAS RIVAIS – Não por acaso, de acordo com a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), a iniciativa privada, somada às maiores petrolíferas estrangeiras que atuam no Brasil, como a Shell, Sinopec, Total e Petrogal, já respondem por 27% de toda produção nacional do setor petrolífero. 

Para suprir a lacuna deixada pela Petrobrás, a maior atuação de multinacionais é até vista como uma solução positiva da perspectiva de alguns pesquisadores. Entretanto, o avanço do processo privatista da estatal já provocou o desligamento de mais de 37 mil trabalhadores próprios por meio de programas de demissão voluntária.

De acordo com o balanço anual da Petrobras, divulgado no fim do último ano, desde 2014 a empresa sofreu uma redução de 43% de seu quadro efetivo de funcionários, passando de 86.108 para 49.050 trabalhadores.

PERDE MÃO DE OBRA – Economista e pesquisadora do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho (Cesit), na Unicamp, Marilane Teixeira explica que, ao desligar parte dos trabalhadores, a estatal rompe com uma mão de obra qualificada e com habilidades altas devido às necessidades da companhia.

Na visão da pesquisadora, as empresas multinacionais, além de não terem obrigatoriedade em recolocar os brasileiros no mercado de trabalho, podem priorizar os maiores cargos a um quadro efetivo vindo de fora e ofertar à população nacional vagas com menos benefícios.

“Essas empresas não terão problema em contratar trabalhadores com salários mais baixos, com menos direitos e reduzir o nível de qualificação, se comparado ao que os petroleiros da Petrobras adquiriram nos últimos anos”, afirma.

SALÁRIOS MENORES – Responsável pela Federação Única dos Petroleiros no Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e também economista, Cloviomar Cararine corrobora com Marilane Teixeira sobre a menor qualidade das vagas ofertadas aos brasileiros por multinacionais.

“Quando acompanhamos os acordos coletivos dessas empresas do setor privado, os benefícios são piorados se comparados à Petrobras, como menores salários e maiores exposições à risco”.

Para ele, também não existe uma garantia de que as grandes petrolíferas estão comprometidas com a geração de emprego no Brasil e a maneira como essas companhias agregarão mão de obra brasileira dependerá da estratégia adotada por cada empresa. “A geração de empregos vai depender muito dos investimentos e estratégias que as empresas multinacionais adotarão, porque elas não necessariamente estão investindo aqui”

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Os defensores da privatização devem estar extasiados com a notícia. Venderam a pedra de que os preços iam cair com a concorrência, mas aconteceu o contrário — aumentou o lucro das multinacionais. Ah, Brasil! Aliás, os caminhoneiros estão muito satisfeitos com essa política e se preparam para nova greve nacional., (C.N.)

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