Paulo Cappelli
O Globo
O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) afirmou em entrevista ao Globo que não houve prevaricação por parte do presidente Jair Bolsonaro após as denúncias apresentadas pelo servidor Luis Ricardo Miranda e seu irmão, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF). Flávio sustentou que o pai avisou ao então ministro da Saúde Eduardo Pazuello sobre as denúncias e que o retorno teria sido que não havia nada irregular no processo de compra. Questionado se o caso fez com que o governo reavaliasse a relação com o Centrão, o senador afirmou que os partidos “são fundamentais para o país”.
O presidente Jair Bolsonaro prevaricou ao não acionar a Polícia Federal ou o Ministério Público quando foi avisado das suspeitas na compra da Covaxin?
Óbvio que não teve prevaricação. O presidente informou ao ministro da Saúde (na época, Eduardo Pazuello) o que tinha sido relatado. O ministro, na sua hierarquia de comando, cobrou também algum retorno, se havia algo de irregular. O retorno foi que não havia nada irregular, processualmente falando. Nada tinha de materialidade ali (na denúncia).
Há algum documento ou registro mostrando que o presidente comunicou a Pazuello e que alguma providência foi tomada?
Acredito que não. Isso acontece muito pelo telefone. “Olha, tem uma denúncia aqui, uma suspeita de irregularidade no contrato tal. Dá uma olhada e vê se tem algo de irregular”. Aí avaliam que não tem nada e falam: “Chefe, a princípio não tem nada”. Não tem por que acusar o presidente Bolsonaro de prevaricação.
O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (citado no caso Covaxin), e Roberto Dias, ex-diretor do Ministério da Saúde, são ligados ao centrão. O centrão prejudica o governo?
Não, em absoluto. Mais uma vez: não tem prova de absolutamente nada. O depoente (Luiz Dominguetti) foi perguntado se conhecia Ricardo Barros, se conhecia algum parlamentar. Ele falou que não conhecia ninguém. O nome do Ricardo Barros surge de uma denúncia infundada, né? O próprio presidente nunca confirmou que tenha falado o nome de Ricardo Barros, né? Por enquanto, só o deputado Luís Miranda diz que o presidente falou isso.
Então o presidente nega que tenha citado Barros como o responsável pelo esquema?
Não sei se já negou. Estou dizendo que, até agora, não tem nada que comprove isso. É uma tentativa de construir uma narrativa, não há fatos concretos.
No caso do Roberto Dias, ele foi exonerado…
O próprio ministro explicou que foi uma questão de prevenção. Vamos esperar o que vai acontecer. Deixa ele afastado, até para depois não acusarem o ministério de adulterar algo por interesse próprio. Por enquanto, repito, nada que comprometa ninguém.
Haverá reavaliação da relação do governo com o centrão?
Não. De forma alguma. Os partidos que são adjetivados de centrão são fundamentais sempre para o país. Representam parcela significativa da população. Quando há pleitos legítimos e republicanos, devem, sim, ser atendidos pelo governo. O governo não tem pessoas com perfis ideais em todos os locais do Brasil. A máquina é muito grande, apesar de todo o esforço do presidente de enxugar a máquina pública. Essa (crítica que fazem ao centrão) é uma tentativa de colocar contra o governo aliados que são importantes para o país.
O contrato com a Covaxin foi suspenso. A oposição classifica como “confissão de culpa”, argumentando que, se não havia nada de errado, não tinha por que suspender.
É aquela a narrativa, né? Se não suspendem o contrato, vão acusar o presidente ou o governo de estar levando alguma vantagem ou sendo imprudente de não investigar antes de comprar a vacina. Então, a decisão foi de suspender e ver o que que vai aparecer. A princípio, até agora, absolutamente nada. Então, eu, da minha parte, não vejo por que suspender a compra, a não ser que a Anvisa tenha algo contra e não autorize a importação da vacina. Aí é uma questão técnica.
Como avalia o depoimento de Luiz Dominguetti?
Um devaneio. Todo mundo esperando que tenha alguma prova de que havia algum pedido de propina e, no final, não trouxe prova nenhuma. Já foi, inclusive, contraditado. Ninguém negou que houve a reunião. As pessoas jantam por diversos motivos. Ele vai ter dificuldade de provar, já que não há provas de nada.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O senador Flávio Bolsonaro se comporta como o professor Pangloss, célebre personagem de Voltaire. Parece viver no melhor dos mundos, está tudo normal, não há corrupção, ninguém quis comprar a Covaxin, as demissões nada significam. Deve ser algum problema mental, não é possível que tenha os parafusos no lugar. (C.N.)
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