As peças conciliam o maior conforto dos pacientes com a funcionalidade hospitalar, facilitando o trabalho das enfermeiras
Divulgação
As peças não têm a abertura atrás e trazem detalhes que dão mais conforto aos pacientes
Nascida em Minas Gerais e morando em Vitória desde 2006, a design de moda Marilene de Miranda Campos, de 46 anos, conseguiu transformar um drama familiar em um projeto inovador, capaz de minimizar o sofrimento das pessoas que lutam para recuperar a saúde em um leito hospitalar. Ela criou uma coleção com 14 peças de roupas para os enfermos, a primeira patenteada no Brasil.
A Secretaria de Estado de Saúde do Espírito Santo se interessou pela patente e confirma que está avaliando a possibilidade de adotar a coleção em sua rede.
A design nasceu em Rio Vermelho, no Vale do Jequitinhonha, e se mudou, em 1987, para Ipatinga, no Vale do Aço. Ela acompanhou o tratamento de uma irmã, que morreu aos 46 anos, após contrair o vírus HIV. Foi em um hospital de Diamantina, vizinha à cidade natal de Marilene, que ela teve a ideia de criar a coleção, em julho de 2009.
“Percebi que os pacientes se sentem constrangidos com a abertura na parte de trás das vestimentas hospitalares, que deixa as nádegas à mostra. Além disso, essa abertura facilita o surgimento de escaras no corpo, quando eles ficam acamados por longo tempo”, diz.
Peças com mais conforto e funcionalidade
Estudante de design de moda à época, ela criou peças que conciliam o maior conforto dos pacientes com a funcionalidade hospitalar, facilitando o trabalho das enfermeiras. As vestimentas têm aberturas laterais, e não na parte de trás, que são fechadas com velcro. Laços foram substituídos por regulagens de elástico, que servem para adequar a roupa ao corpo das pessoas. Há passagens nos ombros para sondas e um bolso transparente na frente.
“Esse bolso terá o nome do paciente, além do número do prontuário. Isso evita que ocorram trocas na aplicação de medicamentos e que os enfermos sejam identificados pelo número do leito”, ressalta Marilene.
A coleção obedece às regras de padronização, como a confecção das peças em tecido de algodão. “Elas poderão ter cores variadas e eu sugiro a aplicação de estampas para o setor da pediatria”, diz a design. Marilene patenteou seu invento no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), em dezembro de 2010.
“A vestimenta que encontramos nos hospitais públicos e privados do Brasil é a mesma usada no mundo inteiro. Depois da minha patente, o único registro é a criação de algo semelhante por um estilista do Reino Unido, em julho do ano passado”, afirma.
A ideia rendeu a Marilene a segunda colocação em um concurso de design do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em 2010. Negociação entre a Secretaria de Saúde do Espírito Santo e a criadora das peças está em andamento. Ela espera que seu projeto seja usado em todo o Brasil, sobretudo em Minas. “Ele nasceu de uma perda, de um momento difícil. Mas, o importante é que foi um grande aprendizado para mim”.
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