Pedro do Coutto
O correspondente do jornal O Estado de São Paulo em Paris, Andrei Netto, traçou um roteiro excelente, no plano econômico, e dele extraiu entrevista de página inteira com o empresário Jean Charles Naouri, presidente do gigante Casino, que assumiu esta semana o comando do Supermercado Pão de Açúcar, das Casas Bahia, do Ponto Frio. As fotos foram de Márcio Fernandes e Marcos de Paula. A matéria foi publicada na edição de segunda-feira 25.
Jean Charles Naouri, argelino de nascimento, naturalizado francês, que está agora empenhado em assumir o controle da tradicional Galeria Lafayette, em Paris, e luta paralelamente pelo supermercado Monoprix, outro grande do setor, foi, me parece, bastante franco, até sobre o lado financeiro do Casino no Brasil. Tanto assim que descartou, de modo absoluto, qualquer acordo com o adversário o Carrefour,ou mesmo intenção de adquiri-lo. E deixou nítida a estratégia que vai adotar à frente do conglomerado a partir de agora.
Mas teria sido importante – o que não aconteceu ao longo da entrevista – uma referência clara e direta quanto à posição dos empregados do GPA, das Casas Bahia e do Ponto Frio. Só as Casas Bahia possuem 56 mil empregados. O Ponto Frio tem menos. Porém o Pão de Açúcar tem mais, especialmente em São Paulo, onde é fortíssimo. Acredito assim que Pão de Açúcar. Casas Bahia e Ponto Frio atinjam, em conjunto, em torno de 150 mil funcionários. Incluindo suas famílias, tal soma envolve pelo menos isso. Teria sido importante se Neouri tivesse se dirigido a essa massa humana com uma mensagem social positiva e tranqüilizadora. Talvez venha a fazê-lo em breve. Vamos ver.
A oportunidade continua em aberto. Sobretudo porque Jean Charles afirmou não desejar entendimento com a família Klein (Casas Bahia) tampouco com a Sra. Lilly Safra (Ponto Frio). Com esta, inclusive, a falta de sintonia deslocou-se, disse ele, para a esfera judicial. Quanto a Abílio Diniz, o presidente do Casino informou ter oferecido ao empresário brasileiro permanecer na presidência do Conselho de Administração do GPA. Mas não sei – acrescentou – se ele vai aceitar. Assinalou também que Casas Bahia e Ponto Frio pertencem a Viavarejo, liderada pelo Pão de Açúcar. Não tenho nenhuma intenção de vender a Viavarejo, afirmou Naouri.
Mas em me referi à questão do emprego porque num dos pontos da entrevista a Andrei Netto, Jean Charles revelou uma estratégia diversa as que vinha sendo adotada pelo Pão de Açúcar e, antes dele, pelas Casas Sendas.
Trata-se da criação de hipermercados. O homem que comanda o Casino disse claramente que os hipermercados funcionam plenamente em áreas de renda menor. E não funcionam bem nas áreas de renda mais alta. Nestas áreas, defendeu a estratégia que ele chama de “proximité”, proximidade entre os pontos de venda e os consumidores. Algo assim, me parece, com a política de colocar unidades leves próximas umas das outras, como procedeu, no Rio, o supermercado Zona Sul.
Se Jean Charles adotar este sistema é porque pretende reduzir as lojas de maior porte e investir nas de médio e pequeno porte. Como ficam os empregados? – razão do título deste artigo. E os do Ponto Frio, cujo relacionamento é ainda complicado? E a posição das Casas Bahia no mercado publicitário brasileiro? As Casas Bahia, que despenderam mais de 1 bilhão e 200 milhões em 2011, maior anunciante do país, como vai passar a proceder? Só Jean Charles Naouri pode desvendar o futuro nesta altura dos acontecimentos. A exemplo da canção popular, como será o amanhã? Responda se puder.
( Tribunadainternet )
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