ABRINA VALLE, SERGIO TORRES, RIO – O Estado de S.Paulo
Atrasos
nas obras, falhas de planejamento e custos excessivos levaram a
Petrobrás a rever o cronograma de entrada em operação das quatro
refinarias planejadas desde a década passada para que, até 2020, o
Brasil consiga autossuficiência na produção de derivados de petróleo.
Por
causa da produção interna insuficiente, a companhia vem sendo obrigada,
desde o ano passado, a importar combustível para evitar o
desabastecimento no mercado nacional, aquecido pelo aumento do poder de
consumo da população. Entre janeiro e abril deste ano, a importação
média diária foi de 80 mil barris.
A
presidente da petroleira, Graça Foster, citou ontem o exemplo da
Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, ao falar de equívocos cometidos
nas fases de planejamento e construção.
A
refinaria já era para estar funcionando desde novembro do ano passado,
mas apenas 55% das obras foram executadas. O novo prazo, agora, é
novembro de 2014. Até anteontem, era junho de 2013.
Os
dados expostos por Graça na apresentação do Plano de Negócios 2012-2016
abordam o sobrepreço da Abreu e Lima, que deveria estar sendo
construída em parceria com a petroleira PDVSA, estatal da Venezuela.
Até hoje a companhia não incorporou-se à obra, mas o projeto conjunto continua mantido, segundo Graça.
Preço.
Ao ser idealizada em 2005 pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e
Hugo Chávez, a refinaria pernambucana custaria US$ 2,3 bilhões. Com o
atual cronograma, o custo é US$ 20,1 bilhões, conforme os números
apresentados pela presidente.
“A Rnest
(Refinaria do Nordeste, como foi chamada inicialmente a Abreu e Lima) é
uma história a ser aprendida, escrita, lida pela companhia, de tal
forma a que não seja repetida. Existe claramente um aumento
significativo do investimento inicial, do seu marco zero, em setembro de
2005. O óleo a ser refinado conta hoje com atraso de três anos. É
claro, absolutamente claro, o não cumprimento integral da sistemática de
aprovação de projetos neste caso específico. Uma história a ser
aprendida e não repetida”, disse.
Outro
problema grave identificado pela nova diretoria da Petrobrás é a
situação do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Graça
Foster proibiu a divulgação do novo prazo para a entrada em
funcionamento da primeira refinaria do Comperj (o projeto prevê duas),
que seria em setembro de 2014. Essa data já foi abandonada. Antes de
fixar uma nova, a presidente exige a realização de estudos aprofundados.
“Quando
a gente fala de Comperj, está reavaliando e determinando o cronograma
físico o mais preciso que se possa. Se me perguntarem: quando é que
entra o primeiro trem (forma como a refinaria é chamada na Petrobrás) do
Comperj? Eu não deixo ninguém responder. Só depois dessa avaliação”,
disse.
Os atrasos e mudanças no
cronogramas, que atingem ainda as refinarias Premium 1 (Maranhão) e
Premium 2 (Ceará), não significam, segundo Graça, que a Petrobrás está
desistindo dos projetos.
“Não se
discute, vai fazer sim. Nós precisamos, sim, dessas refinarias. Todas as
quatro. As refinarias são fundamentais, mas precisam ser avaliadas.
Preciso saber quanto custa, quanto que eu já fiz de físico. Físico e
financeiro andam juntos. Nenhum projeto foi retirado, nenhum. Não existe
corte de projeto”, anunciou.
O
projeto da Premium 1 não será concluído antes de 2017. O novo cronograma
significa um atraso em relação à data anterior. A primeira fase da
unidade começaria a operar em 2016. A estatal também informou que a
segunda fase do Comperj e a Premium 2 não serão inauguradas antes de
2017.
Nenhum comentário:
Postar um comentário