Ele disse que vive há 135 dias um "calvário sem trégua" por ter sido julgado e condenado mesmo sendo "íntegro"
Brasília.
Depois de manter-se em silêncio por mais de um mês sobre as denúncias
que o ligam ao empresário Carlos Cachoeira, o senador Demóstenes Torres
(sem partido-GO) subiu ontem à tribuna do Senado Federal para fazer um
novo discurso em que se diz inocente.
Ao
falar para um plenário vazio, o ex-líder do DEM disse que vai discursar
diariamente, até o dia da votação do pedido de sua cassação FOTO:
AGÊNCIA SENADO
Demóstenes pediu desculpas aos colegas, disse
que é vítima de uma campanha "difamatória" conduzida pela mídia e
Polícia Federal e afirmou estar incomodado com o "isolamento" imposto
pelos parlamentares.
Ao falar para um plenário vazio, o ex-líder
do DEM disse que vai discursar diariamente, até a próxima quarta-feira
(11), quando o pedido de sua cassação deve ser votado no plenário.
Antes, o parecer de Humberto Costa (PT) passa pela análise da Comissão
de Constituição e Justiça (CCJ), amanhã. "Não concederei apartes para
poder apresentar minha versão. A versão dos demais já foi apresentada".
O
senador disse que vive há 135 dias um "calvário sem trégua" por ter
sido julgado e condenado mesmo sabendo ser "íntegro". "A tática dos
detratores é implodir probidade de décadas de trabalho, esforço e
dedicação. Destruição tijolo a tijolo, em pílulas, para terem assuntos
que aniquilem minha imagem".
Demóstenes se desculpou com os 44
senadores que discursaram em seu apoio no dia 6 de março, quando falou
pela primeira vez da tribuna da Casa sobre as denúncias. Depois,
estendeu o pedido de desculpas aos demais parlamentares.
Ele
pediu para ser julgado pelos colegas não pelo "achincalhe" público, mas
pelas acusações em que diz ser inocente. Em um desabafo, disse que o
"pior´ da situação atual é não ter o apoio de colegas do passado. "A dor
provocada pelo escândalo é insuportável. Meu organismo não tem mais
lágrimas a verter. Compreendo as razões de alguns para me alvitarem. Os
holofotes transformam em comparsa o colega educado que chega a mim com
urbanidade".
Chaga
O senador disse que se
sente uma "chaga contagiosa do apodrecido pela exposição", mas não
pelos fatos. Afirmou que vai provar sua "honradez e retidão".
Demóstenes
rebateu novamente as acusações do PSOL ao Conselho de Ética. Disse que
não usou o mandato para beneficiar Cachoeira, não recebeu recursos dele e
nem mentiu quando afirmou desconhecer negócios ilegais do empresário. O
senador reiterou que a Polícia Federal fez uma seleção de áudios de
conversas em que foi citado ou participa dos diálogos com o objetivo de
prejudicá-lo.
CPI do caso Cachoeira pede ajuda à Interpol
Brasília/Palmas.
A CPI Mista que investiga as relações do contraventor Carlos Augusto de
Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com políticos e empresários pediu
ajuda da Interpol, a polícia internacional, para rastrear os negócios
do contraventor. O requerimento pedindo ajuda da Interpol é de autoria
do vice-presidente da CPI, deputado Paulo Teixeira (PT-SP) e já foi
encaminhado para a Polícia Federal, responsável por repassar a
solicitação de apoio.
Segundo Teixeira, há suspeitas de que o
contraventor tenha negócios no exterior. Segundo o deputado, em
depoimento à CPI no último dia 10 de maio, o delegado da Polícia Federal
Matheus Mella Rodrigues, responsável pela Operação Monte Carlo, afirmou
que Cachoeira tinha uma empresa sediada no exterior e um bingo com
endereço em uma das ilhas britânicas, Curaçao, perto da costa
venezuelana.
Prefeito de Palmas
O PSDB e o
PPS apresentaram ontem à CPI do Cachoeira requerimentos para convocar o
prefeito de Palmas (TO), o petista Raul Filho. O prefeito foi flagrado
em vídeo negociando com o contraventor Carlinhos Cachoeira. O prefeito
afirmou que recebeu doações de Cachoeira na campanha eleitoral de 2004.
( Folha )
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