O arquiteto, cantor, compositor e
violeiro baiano Elomar Figueira Mello retrata na música “Retirada” o
sonho de tantos que partem do interior do país à procura de
oportunidades melhores de vida e foi gravada, em 1972, no Lp “Das
barrancas do Rio Gavião”. O disco, independente, gravado no estúdio J.S.
Gravações Bahia, vinha com apresentação de Vinícius de Morais, na qual o
poeta declarava fazer Elomar “uma sábia mistura do romanceiro medieval e
do cancioneiro do Nordeste”, definindo-o como “um príncipe da
caatinga”, tendo em vista que seu trabalho é fiel às suas raízes,
guardando os jeitos, falares e sonoridades do povo do semi-árido e
também as influências medievais européias tão presentes no interior do
Nordeste.
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RETIRADA
Elomar
Vai pela estrada enluarada
Tanta gente a retirar
Levando só necessidade
Saudades do seu lugar
Esse povo muito longe
Sem trabalho, vem prá cá
Vai na estrada enluarada
Tanta gente a retirar
Um ano para a cidade
Sem vontade de chegar
Passa dia, passa tempo
Passa o mundo devagar
Lembrança passa com o vento
Pedindo não retirar
Tudo passa nesse mundo
Só não passa o sofrimento
Na estrada enluarada
Tanta gente a retirar
Sem saber que mais adiante
Um retirante vai ficar
Se eu tivesse algum querer
Nesse mundo de ilusão
Não deixava que a saudade associada com penar
Vivesse pelas estradas do sofrer a mendigar
Vai pela estrada enluarada
Tanta gente a retirar
Levando nos ombros a cruz
Que Jesus deixou ficar
Eu não canto por saber
Nem tanto por reclamar
Tenho minha vida de labuta
Canto o prazer, canto a dor
Que às vezes até labuto
O que Deus do céu não mandou
Vai pela estrada enluarada
Tanta gente a retirar
Passando com traça e vento
Bebendo fel e luar
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RETIRADA
Elomar
Vai pela estrada enluarada
Tanta gente a retirar
Levando só necessidade
Saudades do seu lugar
Esse povo muito longe
Sem trabalho, vem prá cá
Vai na estrada enluarada
Tanta gente a retirar
Um ano para a cidade
Sem vontade de chegar
Passa dia, passa tempo
Passa o mundo devagar
Lembrança passa com o vento
Pedindo não retirar
Tudo passa nesse mundo
Só não passa o sofrimento
Na estrada enluarada
Tanta gente a retirar
Sem saber que mais adiante
Um retirante vai ficar
Se eu tivesse algum querer
Nesse mundo de ilusão
Não deixava que a saudade associada com penar
Vivesse pelas estradas do sofrer a mendigar
Vai pela estrada enluarada
Tanta gente a retirar
Levando nos ombros a cruz
Que Jesus deixou ficar
Eu não canto por saber
Nem tanto por reclamar
Tenho minha vida de labuta
Canto o prazer, canto a dor
Que às vezes até labuto
O que Deus do céu não mandou
Vai pela estrada enluarada
Tanta gente a retirar
Passando com traça e vento
Bebendo fel e luar
(Colaboração enviada pelo poeta Paulo Peres – site Poemas & Canções)
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