Carlos Chagas
Agride o bom-senso dizer que o mensalão não influi nas eleições. Simples raciocínio para agradar o PT, é claro. No entanto, perguntem ao Lula. De uma semana para cá ele vem repetindo que seu governo foi o que mais instrumentos criou para combater a corrupção. Que todas as denúncias foram apuradas e que até importantes auxiliares seus responderam e respondem na Justiça. Por que estaria o primeiro-companheiro tão preocupado assim?
Parece coisa de jumento imaginar qualquer eleição desligada do que se passa ao redor do eleitor. Até a chuva interfere na votação. Passaria despercebido um escândalo que há meses freqüenta a primeira página dos jornais e alimenta boa parte do noticiário na televisão e no rádio, além das redes sociais e das conversas de botequim? É claro que se procurarem bem encontrarão um solitário cidadão desinformado sobre o mundo à sua volta, imaginando que mensalão é um mês com mais de 31 dias. Torná-lo regra, porém, em vez de exceção, envolve ignorância ou má-fé.
A pálida performance dos candidatos do Partido dos Trabalhadores a prefeito de capital demonstra a influência do escândalo verificado no começo do governo Lula, agora objeto maior do noticiário e da indignação nacional. Como sempre, certos institutos de pesquisa tentam contrariar a natureza das coisas na reta final, divulgando números ilusórios e atendendo a clientes que pagam bem. Antes da eleição, por certo.
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O SEGUNDO TEMPO
Mesmo não tendo terminado, o ano político ficará por conta do resultado das eleições, do término do julgamento do mensalão e da consolidação das candidaturas de Henrique Eduardo Alves e de Renan Calheiros para as presidências da Câmara e do Senado.
As atenções voltam-se para o segundo biênio do governo Dilma Rousseff. Terá a outra metade as mesmas características da primeira? Há quem se dedique à prospecção, calculando bondades e maldades futuras. A reeleição da presidente é um alvo escancarado, mas não significa que tudo se desenvolverá em função dele. Existem metas intermediárias, como desatar o nó que impede a retomada do crescimento econômico, assim como a importância de superar as dificuldades nos setores de educação, saúde e segurança pública.
Dar uma nova forma à substância permanente que caracteriza a administração federal envolverá uma responsabilidade compartilhada com o Congresso e os governos estaduais. Sem esquecer os partidos políticos. Pode estar entrando em campo o ecumenismo, melhor dizendo, a colegiabilidade, sem detrimento do mesmo conteúdo expresso nos primeiros dois anos.
( Tribuna da Internet )
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