Andre Brant/Hoje em Dia
Prédio Montes Claros Lavar dinheiro público
Prédio que teve um dos apartamentos negociados

Pagamento mensal de propina a lobistas, servidores municipais e até a prefeito, sob o termo “taxa de administração” ou “adubo”, e lavagem de dinheiro por meio de duas construtoras de luxo, situadas em Belo Horizonte. É deste modo que uma quadrilha, já presa por duas vezes pela Polícia Federal (PF), atuou em ao menos seis prefeituras mineiras.
Inquérito da Polícia Federal, interceptações telefônicas e denúncia apresentada pelo Ministério Público Estadual (MPE), aos quais o Hoje em Dia teve acesso, revelam um suposto esquema de fraude em licitações pelo interior, especialmente no Sul do Estado, com um sistema sofisticado de lavagem do dinheiro por meio de investimentos imobiliários nas construtoras Cobrasa e Prisbel.
 

As ações narradas na investigação, sob segredo de Justiça, dizem respeito à operação “Convite Certo”, desencadeada pela Polícia Federal em abril de 2011. Na ocasião, foram presos Fabrício Alves Quirino, mentor do esquema, e alguns comparsas, entre eles Marco Antonio Reis, que é assessor parlamentar.
Investimentos
Nas investigações, a polícia descobriu que Fabrício usava o esquema para aplicar o dinheiro que recebia de licitações fraudadas. Para não ser pego, decidiu investir no ramo imobiliário. Contou com a ajuda, segundo a PF e o MPE, das construtoras Prisbel e Cobrasa.
Fabrício “comprava” apartamentos diretamente com os donos das empresas, quando ainda estavam na planta. O dinheiro era entregue, porém, não era firmado um contrato de compra e venda em seu nome.
Os imóveis ficavam em nome das construtoras, que os revendiam a outros clientes. A Cobrasa, por exemplo, emitiu promissória para Fabrício. Ao menos dois imóveis tiveram transações concretizadas, um deles ao custo de R$ 1 milhão. “Os pagamentos feitos nas operações de compra e venda são compensados nas contas bancárias das respectivas construtoras, de modo a propiciar a ocultação de patrimônio do indiciado, viabilizando, ao mesmo tempo, novas perspectivas de negócios junto às empresas Cobrasa e Prisbel”, diz relatório da PF.
O caso acabou de chegar à Justiça, que não se manifestou. Por enquanto, apenas Fabrício e servidores municipais foram denunciados