O advogado e poeta baiano
Gregório de Mattos Guerra (1636-1695), alcunhado de “Boca do Inferno ou
Boca de Brasa” é considerado o maior poeta barroco do Brasil e o mais
importante poeta satírico da literatura em língua portuguesa, no período
colonial. Gregório ousava criticar a Igreja Católica, muitas vezes
ofendendo padres e freiras. Criticava também a “cidade da Bahia”, ou
seja, Salvador, como neste soneto.
###
TRISTE BAHIA
Gregório de Mattos
Tristes sucessos, casos lastimosos,
Desgraças nunca vistas, nem faladas.
São, ó Bahia, vésperas choradas
De outros que estão por vir estranhos.
Sentimo-nos confusos e teimosos
Pois não damos remédios as já passadas,
Nem prevemos tampouco as esperadas
Como que estamos delas desejosos.
Levou-me o dinheiro, a má fortuna,
Ficamos sem tostão, real nem branca,
macutas, correão, nevelão, molhos:
Ninguém vê, ninguém fala, nem impugna,
E é que quem o dinheiro nos arranca,
Nos arrancam as mãos, a língua, os olhos.
###
TRISTE BAHIA
Gregório de Mattos
Tristes sucessos, casos lastimosos,
Desgraças nunca vistas, nem faladas.
São, ó Bahia, vésperas choradas
De outros que estão por vir estranhos.
Sentimo-nos confusos e teimosos
Pois não damos remédios as já passadas,
Nem prevemos tampouco as esperadas
Como que estamos delas desejosos.
Levou-me o dinheiro, a má fortuna,
Ficamos sem tostão, real nem branca,
macutas, correão, nevelão, molhos:
Ninguém vê, ninguém fala, nem impugna,
E é que quem o dinheiro nos arranca,
Nos arrancam as mãos, a língua, os olhos.
(Colaboração enviada pelo poeta Paulo Peres – site Poemas & Canções)
Nenhum comentário:
Postar um comentário