Até a última segunda-feira, o sistema dos cartórios só aceitava os nomes de “noivo” do sexo masculino e “noiva” do sexo feminino
Foto: Robson Mendes
Lorena Caliman/Ibahia
Juntas há 11 anos, as professoras Maria*, 43 anos, e Laura*, 34, sabiam que queriam se casar desde o início do relacionamento. Mas o desejo ficou mais próximo a partir da última segunda-feira, quando foi liberada a habilitação de casamentos entre pessoas do mesmo sexo na Bahia.
O casal está entre os 11 que já estão na fila para o casamento civil. De segunda até quarta-feira, foram sete pedidos de casais femininos e quatro de casais masculinos, sendo nove em Salvador, um em Feira de Santana e um em Eunápolis.
Há seis anos, as duas registraram num cartório paulista um contrato de convivência. Depois, oficializaram a união estável. Porém, é num cartório de Salvador que elas vão casar. Aliás, já há até uma festa programada para fevereiro.
“A vida exige que a gente tenha algumas garantias para constituir família, garantir a herança dos filhos. Já estamos habilitadas no Juizado da Infância a adotar, mas desde sempre a gente está atrás da formalização do casamento”, conta Laura.
As duas estão com o processo de adoção adiantado e Laura ainda planeja engravidar. O objetivo do casal, que está concluindo uma reforma em casa, é já estar com o novo membro da família presente no dia da festa de casamento.
A batalha de Laura e Maria pela concretização do casamento civil começou em setembro, antes mesmo de o casamento gay ser regulamentado no estado.
Até a última segunda-feira, o sistema dos cartórios só aceitava os nomes de “noivo” do sexo masculino e “noiva” do sexo feminino. Agora, os casais do mesmo sexo só precisam esperar cerca de 15 dias pela liberação da certidão.
Para a juíza Ana Barbuda, corregedora do setor de cartórios do Tribunal de Justiça da Bahia, o número de 11 requisições em três dias está dentro das expectativas. Ela diz que espera um aumento entre abril e julho, período em que as pessoas casam mais.
A juíza vê com satisfação a liberação do casamento civil gay. “Isso demonstra que existem novos tempos, trazendo a tolerância, a compreensão para o outro”, diz.
Conquista
No caso dos professores Maurício Gerardo Flores, 43, e Felipe Pereira de Jesus, 23, a possibilidade de oficializar o casamento é uma forma de afirmar seus direitos. “É uma conquista pelos direitos iguais, de garantir, de ser tratado como um matrimônio qualquer, de poder falar socialmente que a gente é casado”, diz Maurício.
Juntos há dois anos e meio e morando na mesma casa há dois, eles foram ao cartório oficializar a união estável e transformá-la em casamento na quarta-feira. Mesmo sabendo que ainda precisam esperar alguns dias para receber a certidão do casamento, já fizeram festa e tudo.
Levaram amigos e familiares para o cartório do Pilar e depois, em casa, receberam familiares e amigos para a festa. Bolo de casamento, não faltou. “O bolo teve direito a dois bonecos, sendo que um deles é black power. Foi uma odisseia pra achar”, lembra Maurício.
Felipe conseguiu um emprego no México e os dois partirão de Salvador dia 23 de dezembro, passando na Argentina, país de origem de Maurício, para visitar sua família.
Os dois acompanharam de perto o processo de liberação do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. “Íamos seguindo pela internet. No dia 26 saiu no sistema a possibilidade: ‘noivo e noivo’. A oficial do cartório foi supergentil e falou que já podíamos fazer na quarta-feira, então a gente teve 48 horas pra realizar o casamento. Contamos com a ajuda da minha sogra, dos meus amigos, foi um mutirão”, lembra Maurício.
A “gentil” oficial do cartório do Pilar é Amélia Helena Galrão, 60. Ela conta que tem aumentado o movimento de casais gays, principalmente dos que já têm união estável. “Todos os que eu peguei até agora foram esses casos de transformação de união estável em casamento”, conta.
Pela observação dela, “as meninas são mais discretas, os meninos fazem mais festa”. A alegria, entretanto, é sempre imensa, como na festa de Maurício e Felipe. “Vieram de paletó e gravata, de flores na mão, trouxeram aliança. Foi ótimo”, concluiu.
Salvador: 3º lugar em uniões homoafetivas
De acordo com dados do Censo 2010 do IBGE, Salvador é a terceira capital do país com maior número de casais gays, atrás de São Paulo e Rio. São 1.595 uniões na cidade. Em agosto, pesquisa do Instituto Futura, parceiro do CORREIO, apontou que 33% dos soteropolitanos são favoráveis à relação entre pessoas do mesmo sexo. Na mesma pesquisa, em 2011, 37,3% dos entrevistados se disseram favoráveis. Este ano, o índice de indiferentes ficou em 36,7%, e os entrevistados que se disseram contra os relacionamentos gays foram 30,2%.
*Nomes fictícios
Juntas há 11 anos, as professoras Maria*, 43 anos, e Laura*, 34, sabiam que queriam se casar desde o início do relacionamento. Mas o desejo ficou mais próximo a partir da última segunda-feira, quando foi liberada a habilitação de casamentos entre pessoas do mesmo sexo na Bahia.
O casal está entre os 11 que já estão na fila para o casamento civil. De segunda até quarta-feira, foram sete pedidos de casais femininos e quatro de casais masculinos, sendo nove em Salvador, um em Feira de Santana e um em Eunápolis.
Há seis anos, as duas registraram num cartório paulista um contrato de convivência. Depois, oficializaram a união estável. Porém, é num cartório de Salvador que elas vão casar. Aliás, já há até uma festa programada para fevereiro.
“A vida exige que a gente tenha algumas garantias para constituir família, garantir a herança dos filhos. Já estamos habilitadas no Juizado da Infância a adotar, mas desde sempre a gente está atrás da formalização do casamento”, conta Laura.
As duas estão com o processo de adoção adiantado e Laura ainda planeja engravidar. O objetivo do casal, que está concluindo uma reforma em casa, é já estar com o novo membro da família presente no dia da festa de casamento.
A batalha de Laura e Maria pela concretização do casamento civil começou em setembro, antes mesmo de o casamento gay ser regulamentado no estado.
Até a última segunda-feira, o sistema dos cartórios só aceitava os nomes de “noivo” do sexo masculino e “noiva” do sexo feminino. Agora, os casais do mesmo sexo só precisam esperar cerca de 15 dias pela liberação da certidão.
Para a juíza Ana Barbuda, corregedora do setor de cartórios do Tribunal de Justiça da Bahia, o número de 11 requisições em três dias está dentro das expectativas. Ela diz que espera um aumento entre abril e julho, período em que as pessoas casam mais.
A juíza vê com satisfação a liberação do casamento civil gay. “Isso demonstra que existem novos tempos, trazendo a tolerância, a compreensão para o outro”, diz.
Conquista
No caso dos professores Maurício Gerardo Flores, 43, e Felipe Pereira de Jesus, 23, a possibilidade de oficializar o casamento é uma forma de afirmar seus direitos. “É uma conquista pelos direitos iguais, de garantir, de ser tratado como um matrimônio qualquer, de poder falar socialmente que a gente é casado”, diz Maurício.
Juntos há dois anos e meio e morando na mesma casa há dois, eles foram ao cartório oficializar a união estável e transformá-la em casamento na quarta-feira. Mesmo sabendo que ainda precisam esperar alguns dias para receber a certidão do casamento, já fizeram festa e tudo.
Levaram amigos e familiares para o cartório do Pilar e depois, em casa, receberam familiares e amigos para a festa. Bolo de casamento, não faltou. “O bolo teve direito a dois bonecos, sendo que um deles é black power. Foi uma odisseia pra achar”, lembra Maurício.
Felipe conseguiu um emprego no México e os dois partirão de Salvador dia 23 de dezembro, passando na Argentina, país de origem de Maurício, para visitar sua família.
Os dois acompanharam de perto o processo de liberação do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. “Íamos seguindo pela internet. No dia 26 saiu no sistema a possibilidade: ‘noivo e noivo’. A oficial do cartório foi supergentil e falou que já podíamos fazer na quarta-feira, então a gente teve 48 horas pra realizar o casamento. Contamos com a ajuda da minha sogra, dos meus amigos, foi um mutirão”, lembra Maurício.
A “gentil” oficial do cartório do Pilar é Amélia Helena Galrão, 60. Ela conta que tem aumentado o movimento de casais gays, principalmente dos que já têm união estável. “Todos os que eu peguei até agora foram esses casos de transformação de união estável em casamento”, conta.
Pela observação dela, “as meninas são mais discretas, os meninos fazem mais festa”. A alegria, entretanto, é sempre imensa, como na festa de Maurício e Felipe. “Vieram de paletó e gravata, de flores na mão, trouxeram aliança. Foi ótimo”, concluiu.
Salvador: 3º lugar em uniões homoafetivas
De acordo com dados do Censo 2010 do IBGE, Salvador é a terceira capital do país com maior número de casais gays, atrás de São Paulo e Rio. São 1.595 uniões na cidade. Em agosto, pesquisa do Instituto Futura, parceiro do CORREIO, apontou que 33% dos soteropolitanos são favoráveis à relação entre pessoas do mesmo sexo. Na mesma pesquisa, em 2011, 37,3% dos entrevistados se disseram favoráveis. Este ano, o índice de indiferentes ficou em 36,7%, e os entrevistados que se disseram contra os relacionamentos gays foram 30,2%.
*Nomes fictícios
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