Icó Católicos desta cidade, localizada na região
Centro-Sul, e devotos oriundos de outros municípios do Ceará e de
Estados vizinhos, vivem a expectativa de participação, amanhã, do
encerramento dos festejos em louvor ao Senhor do Bonfim (Jesus
Crucificado). A partir das 17 horas começa a tradicional procissão pelas
ruas do centro histórico. Cerca de 20 mil fiéis devem participar da caminhada. A festa é histórica, com 263 anos de devoção e é considerada uma das maiores do Ceará.
Católicos
da cidade de Icó e devotos oriundos de outros municípios do Ceará e de
Estados vizinhos vivem a expectativa do fim dos festejos fotos: Honório
Barbosa
Hoje à noite, acontece a última noite de novena.
Encerrando o ciclo de preparação para a Festa do Senhor do Bonfim
amanhã. "O novenário é um momento de preparação, reflexão sobre os
ensinamentos de Jesus. É um verdadeiro retiro espiritual", assinalou o
bispo emérito da Diocese de Iguatu, dom José Mauro Ramalho. "Tão
importante, quanto participar das novenas é a presença dos devotos na
missa e na procissão no dia da festa dedicada ao santo". Às 9 horas
desta terça-feira será celebrada missa solene presidida pelo bispo da
Diocese de Iguatu, dom João Costa.
Dezenas de voluntários, que
formam a Guarda do Senhor do Bonfim, ornamentam e conduzem o andor com a
imagem, que é uma relíquia histórica, oriunda de Portugal há mais de
dois séculos e meio. Homens e mulheres, de forte fervor e devoção, que
fazem proteção, evitando o acesso direto dos devotos no momento da
caminhada. Eles insistem em tocar e beijar o santo.
A partir das
16 horas de amanhã, uma multidão estimada em 20 mil pessoas ocupa o
Largo do Thebérge, centro histórico de Icó, tombado pelo Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1997. Os devotos
aguardam com ansiedade a saída da imagem do Senhor do Bonfim do
santuário. Movidos pela fé e emoção, entoam cânticos, fazem orações,
gritam viva e aplaudem Jesus.
Os devotos vão chegando e formam
uma imensa fila que se arrasta pelas ruas largas e históricas da velha
Icó. Na frente do cortejo religioso, os Irmãos do Santíssimo Sacramento e
a Banda de Música do município. Atrás, o andor com a imagem de Jesus
Cristo Crucificado. Muitos pagadores de promessa caminham descalços ou
com pedras sobre a cabeça. A cor branca predomina nas vestimentas. Nas
janelas dos casarões históricos, toalhas brancas, flores e imagens do
Senhor do Bonfim. Os moradores vestem suas melhores roupas para assistir
ao cortejo religioso. Depois de duas horas de procissão, ocorre a
esperada queima de fogos. Dura cerca de cinco minutos e assinala a
chegada da imagem ao altar em frente ao santuário. Os pagadores de
promessa saem acompanhando a queima das bombas colocadas sobre o chão
que vão explodindo em cadeia. Em seguida, ocorre a bênção do Santíssimo
Sacramento no altar.
O novenário realizado no ano passado
assinala um marco divisor na festividade em louvor ao Senhor do Bonfim, a
partir da organização e de maior atenção dada ao aspecto litúrgico e
espiritual, com a chegada de frades carmelitas, que assumiram a
paróquia. "O número de participantes no novenário triplicou", comemora a
professora e uma das organizadoras da festa, Eleneuda Souza. "O foco
está na fé, na espiritualidade e os devotos estão mais entusiasmados".
O
aspecto humano e atencioso dos frades carmelitas contribuiu para o
crescimento da Festa do Senhor do Bonfim. "São quatro religiosos que
encontram disposição e tempo para celebrar nas comunidades rurais e nos
bairros mobilizando e atraindo os católicos", explicou Eleneuda Souza.
"Desde o novenário do ano passado que Icó vivencia uma nova realidade
religiosa".
Ontem, aconteceu após a novena, que teve como
pregador o padre Anastácio Ferreira, o tradicional leilão. No sábado,
houve missa solene às 17h30 para assinalar o primeiro aniversário de
elevação à Santuário do Senhor do Bonfim. Depois, houve a novena que
teve como pregador o padre João Batista Moreira, da paróquia de Nossa
Senhora do Perpétuo Socorro de Acopiara. Hoje à noite, última novena,
terá como pregador, o ex-pároco de Icó, Manoel Bonfim Soares.
Durante
dez dias, os devotos homenageiam o santo. A demonstração de fé começa
cedo. Diariamente, às 4h30 da madrugada os fiéis fazem caminhadas para
os bairros. À noite, celebram novenas, cujos pregadores são padres
convidados da Diocese de Iguatu.
Crescimento
O
frade Rogério Severino de Lima, pároco de Icó, destacou o crescimento
da festa a partir da busca pelo sagrado, da reflexão, do silêncio e da
oração. "É um momento de grande vivência religiosa, da experiência da fé
desse povo, de uma tradição de quase três séculos", observou. "A Festa
do Senhor do Bonfim é um evento eminentemente religioso com enfoque nos
temas da Igreja e na valorização do Evangelho. As pessoas participam
rezando". A programação não inclui, portanto, shows profanos, de bandas
de forró.
O casal de aposentados, Francisco Rodrigues e Maria
Ribeiro, moradores do Rio Grande do Norte, há 25 anos participa do
novenário e da tradicional caminhada de 1º de janeiro em louvor ao
Senhor do Bonfim. "A gente sempre vem para uma noite de novena e para a
procissão", disse Maria Ribeiro. "É uma forma de pagar promessa e
agradecer a Jesus pela vida".
No próximo dia 6 de janeiro, os
católicos do município voltam a se reunir para festejar a subida da
imagem do Senhor do Bonfim ao altar principal. É mais um rito religioso
marcado por intensa participação e queima de fogos.
Mais informações:
Santuário do Senhor do Bonfim
Centro Histórico de Icó
Telefone: (88) 3561. 1052
HONÓRIO BARBOSAREPÓRTER/Diário do Nordeste
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