Elias Murad
Para encerrar o ano, resolvi, através das minhas experiências, fazer um alerta aos jovens usuários de drogas que classificam seus colegas de dependência como as pessoas mais importantes de suas vidas. É muito difícil no universo da drogadição você deparar com um jovem fazendo uso de drogas sozinho. Geralmente, eles estão em bando, se não, pelo menos em dupla. Normalmente, um fator simples para avaliar se um adolescente está usando drogas é saber se seu melhor amigo o está.
Eles são, por sua própria natureza, gregários, isto é, gostam de conviver em turmas ou grupos. Estão sempre testando novos comportamentos ou procurando estabelecer a sua identidade. Têm grande desejo de se relacionar e de serem aceitos por pessoas de sua própria idade. O gregarismo é atuante em todas as idades, mas é um impulso extremamente forte na adolescência.
Há pouco tempo fui procurado pelo pai de um usuário que morreu de overdose. No seu desabafo ele contou que os colegas de seu filho, em plena noitada embalada por drogas, quando viram que ele estava passando mal, abriram a porta do carro e o colocaram, delirando e tendo convulsões, num passeio qualquer de uma rua sem nome e foram embora, provavelmente esquecendo aquele episódio e dando continuidade aos delírios da noite. O rapaz morreu sem ao menos ter passado por uma tentativa de socorro…
Essa narrativa é válida para a maioria dos casos. Fora de si e completamente drogados, eles têm medo de assumir alguma culpa ou mesmo de serem flagrados pelo porte ou uso de drogas. Muitas vezes não se encontram em condições de encarar o acontecimento. O relacionamento entre eles surgiu de um interesse comum por substâncias tóxicas e não pode ser chamado de amizade.
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VÁRIOS RELATOS
Ouvi vários relatos de usuários que quando estavam passando por momentos difíceis nunca puderam contar com nenhum desses ditos “amigos”. Pessoas que foram hospitalizadas e nunca receberam a visita de um daqueles que estava sempre nas baladas ao seu lado ou em sua casa aproveitando uma oportunidade para se drogar. E quando voltam à ativa são indagados pelo sumiço e convidados para algum rateio ou embalo da noite de interesse comum ao grupo.
Certa vez a esposa de um homem que morreu também sem o devido socorro me procurou para contar o absurdo que seu marido foi vítima. Embalados numa noite por cocaína e bebidas na casa de um do grupo, o homem começou a se sentir mal jogando sinuca com os outros. Naquele momento, todos se apavoraram e o abandonaram naquela sala, sozinho, morrendo devagarzinho. No dia seguinte, quando a policia chegou ninguém sabia de nada!
No relato, contam que ele ficou jogando até mais tarde e todos foram dormir, quando o procuraram pela manhã ele estava morto, caído no chão da sala de sinuca. Nenhum deles, adultos, foi capaz de prestar socorro ou mesmo ligar para a emergência! Portanto meu jovem, nunca troque uma amizade sincera, que quer te afastar das tentações fúteis e perigosas da vida e que te dá apoio e conselhos nas horas mais importantes, por uma que só te procura quando quer usar, fornecer ou ter sua companhia para se drogar. Este, provavelmente vai te deixar morrer numa esquina qualquer sem o menor remorso.
Para encerrar o ano, resolvi, através das minhas experiências, fazer um alerta aos jovens usuários de drogas que classificam seus colegas de dependência como as pessoas mais importantes de suas vidas. É muito difícil no universo da drogadição você deparar com um jovem fazendo uso de drogas sozinho. Geralmente, eles estão em bando, se não, pelo menos em dupla. Normalmente, um fator simples para avaliar se um adolescente está usando drogas é saber se seu melhor amigo o está.
Eles são, por sua própria natureza, gregários, isto é, gostam de conviver em turmas ou grupos. Estão sempre testando novos comportamentos ou procurando estabelecer a sua identidade. Têm grande desejo de se relacionar e de serem aceitos por pessoas de sua própria idade. O gregarismo é atuante em todas as idades, mas é um impulso extremamente forte na adolescência.
Há pouco tempo fui procurado pelo pai de um usuário que morreu de overdose. No seu desabafo ele contou que os colegas de seu filho, em plena noitada embalada por drogas, quando viram que ele estava passando mal, abriram a porta do carro e o colocaram, delirando e tendo convulsões, num passeio qualquer de uma rua sem nome e foram embora, provavelmente esquecendo aquele episódio e dando continuidade aos delírios da noite. O rapaz morreu sem ao menos ter passado por uma tentativa de socorro…
Essa narrativa é válida para a maioria dos casos. Fora de si e completamente drogados, eles têm medo de assumir alguma culpa ou mesmo de serem flagrados pelo porte ou uso de drogas. Muitas vezes não se encontram em condições de encarar o acontecimento. O relacionamento entre eles surgiu de um interesse comum por substâncias tóxicas e não pode ser chamado de amizade.
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VÁRIOS RELATOS
Ouvi vários relatos de usuários que quando estavam passando por momentos difíceis nunca puderam contar com nenhum desses ditos “amigos”. Pessoas que foram hospitalizadas e nunca receberam a visita de um daqueles que estava sempre nas baladas ao seu lado ou em sua casa aproveitando uma oportunidade para se drogar. E quando voltam à ativa são indagados pelo sumiço e convidados para algum rateio ou embalo da noite de interesse comum ao grupo.
Certa vez a esposa de um homem que morreu também sem o devido socorro me procurou para contar o absurdo que seu marido foi vítima. Embalados numa noite por cocaína e bebidas na casa de um do grupo, o homem começou a se sentir mal jogando sinuca com os outros. Naquele momento, todos se apavoraram e o abandonaram naquela sala, sozinho, morrendo devagarzinho. No dia seguinte, quando a policia chegou ninguém sabia de nada!
No relato, contam que ele ficou jogando até mais tarde e todos foram dormir, quando o procuraram pela manhã ele estava morto, caído no chão da sala de sinuca. Nenhum deles, adultos, foi capaz de prestar socorro ou mesmo ligar para a emergência! Portanto meu jovem, nunca troque uma amizade sincera, que quer te afastar das tentações fúteis e perigosas da vida e que te dá apoio e conselhos nas horas mais importantes, por uma que só te procura quando quer usar, fornecer ou ter sua companhia para se drogar. Este, provavelmente vai te deixar morrer numa esquina qualquer sem o menor remorso.
(transcrito do jornal O Tempo)
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