Carlos Newton
O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), tem uma boa cota federal que já vem de longa data e foi mantida pelo PT: o Departamento Nacional de Obras contra Secas (DNOCS). É ele quem controla esse importante órgão federal, que lhe dá prestígio e poder. Portanto, não é à toa que Alves esteja exercendo seu 11º mandato consecutivo.
Alves, denunciado pela ex-mulher
É uma espécie gato de sete vidas, sempre metido em algum escândalo, mas ninguém consegue destroná-lo. Nem mesmo a ex-mulher Monica Infante de Azambuja Alves, que sabia tudo sobre ele e levou boa parte da fortuna na separação matrimonial. Suas denúncias fizeram muitos estragos, mas não conseguiram derrubar o político do PMDB.
Em 2002, quando o PSDB estava escolhendo um vice para a candidatura presidencial de José Serra, o indicado seria Henrique Eduardo Alves. Tudo ia bem, até que a ex-mulher, em pleno processo de separação litigiosa, enviou uma carta ao então presidente do partido dos tucanos, deputado José Aníbal (SP).
“Na briga por uma fatia maior na partilha de bens, a ex-mulher de Alves entregou aos advogados uma coleção explosiva de extratos bancários, contas telefônicas, comprovantes de despesas de cartão de crédito e bilhetes. O material revelava que o deputado tinha uma dinheirama invejável em, no mínimo, três paraísos fiscais: Nassau, nas Bahamas; Ilhas Jersey, no canal da Mancha; e Genebra, na Suíça”, assinalaram os repórteres Sônia Filgueiras e Weiller Diniz, na revista Istoé.
Revelaram que a movimentação de Alves era coordenada pelo banco suíço Union Bancaire Privée (UBP), uma instituição financeira com clientela internacional refinada, atendida através de agências espalhadas por vários paraísos fiscais. Além disso, Henrique Alves tinha uma conta no Lloyds Bank, em Miami. Nada disso constana nas últimas quatro declarações de renda do deputado.
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RENDIMENTOS
“Desde 1997, Henrique Eduardo Alves declarava ter rendimentos anuais médios de R$ 240 mil brutos, ou seja, singelos R$ 20 mil mensais. Considerados os descontos de praxe, sobravam R$ 5 mil da Câmara dos Deputados e R$ 10 mil por conta da participação societária no grupo de comunicação do clã Alves no Rio Grande do Norte, que controla emissoras de rádio, a repetidora local da Rede Globo e jornais impressos”, dizia a matéria da Istoé.
Pior: a vida moderada que o então candidato a vice de Serra dizia ter é incompatível com, por exemplo, a impressionante movimentação financeira da conta numerada (245 3333 HM) no UBP de Jersey, usada pelo deputado para quitar as gordas despesas de seu cartão de crédito American Express emitido no Exterior e sem limite de gasto. Apenas em 1996, o entra-e-sai do dinheiro na conta somou quase US$ 500 mil.
Pelas declarações de Mônica Alves, tratava-se apenas de uma pequena amostra do patrimônio extra-oficial do ex-marido. Ela afirmou aos advogados que o deputado omitiu do Fisco “diversas contas correntes bancárias existentes no Exterior que possuem saldo superior a US$ 15 milhões”. A ex-mulher declara ainda que Henrique Alves também usa laranjas para encobrir o patrimônio.
Os advogados de Mônica alegavam que o deputado “deixou de incluir diversos bens imóveis do casal, bem como várias empresas”, e comprou “vasto patrimônio em nome de terceiros, entre eles, a amante de seu pai, o pai de sua secretária e seu irmão”.
O candidatura a vice malogrou, o casamento acabou, mas a carreira de Henrique Eduardo Alves continua em alta. Ele segue dando as cartas no DNOCS, sua fortuna não foi investigada pela Receita, pela Polícia Federal ou pelo Ministério Público. E agora será presidente da Câmara, ou seja, o terceiro na sucessão presidencial. Ah, Brasil…
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