Tentar ser a voz de mais de 2,5 milhões de moradores, listar problemas e demandas de 119 bairros. Esse foi o grande desafio da série "Dossiê Fortaleza", publicada desde o último dia 3 no Diário do Nordeste, apontando as principais falhas a serem enfrentadas pelos novos gestores, recém-empossados em Fortaleza, um local de tantos dilemas e de sonhos. A série acaba hoje, mas os trabalhos, para a atual gestão, apenas começaram, assim como as expectativas da população em ter uma cidade mais digna e justa.
Dilemas e sonhos convivem na cidade entregue, agora, a uma nova gestão FOTO: NATINHO RODRIGUESSe as reportagens apontavam problemas permanentes, a visão do novo gestor, secretário do Instituto de Planejamento de Fortaleza (Iplanfor), Eudoro Santana, se pauta na projeção, no que poderá ser, nesse eterno por vir.
"Nosso principal desafio não é só construir a Fortaleza do hoje, do agora. Essa também é importante, mas temos que preparar a Capital para o futuro, pensar em ações que gerem frutos duradouros, deixem legados importantes para 2013 e daqui aos próximos 20, 30 anos", reforça.
Muitos foram os problemas apresentados nas reportagens: a ocupação irregular do Centro da cidade, o abandono do patrimônio, o esgoto que transborda e polui as orlas, a dengue nos bairros mais populosos, a violência nas periferias e a falta de saneamento nas comunidades recém-criadas. Tudo isso virou manchete, notícia, um guia norteador para pautar os futuros gestores.
Eudoro Santana parabenizou o Diário do Nordeste pela série e frisou a importância do exercício de escutar a população, saber o que pensam, o que desejam. "Vamos também manter um trabalho de escuta com o povo para, assim, pautar e até direcionar melhor nossas ações. Será a meta", diz o gestor do Iplanfor.
Para ele, o governo deverá ser pautado em quatro principais eixos: construção de reforma administrativa mais profunda que trabalhe com a transversalidade de temas; garantia de Plano de Governo e Plurianual consistentes; desenho de uma Fortaleza para o futuro e formalização de observatórios permanentes das políticas públicas municipais.
Investimentos
O titular da Secretaria Executiva Regional (SER) II, Cláudio Nélson Araújo Brandão - umas das regiões que hoje mais recebe investimentos - também parabenizou a série, disse que o material ajuda a "divulgar índices e informações que são fundamentais para que a cidade se conheça". Entre as principais ações da SER II, que possui bairros relevantes e outros ricos como Aldeota, Papicu, Meireles, Praia de Iracema e do Futuro, está em "aumentar a cobertura da limpeza, visando à melhoria do meio ambiente físico e social no qual as pessoas vivem, a recuperação de ruas e avenidas, incluindo-se aí a pavimentação, a drenagem e a iluminação pública", frisa.
Sobre a revitalização da Praia de Iracema, o secretário informa que os contratos estão sendo analisados, assim como as problemáticas da poluição na Praia do Futuro e o ordenamento da Beira-Mar. "Nossa meta é que as populações dos bairros mais pobres sejam atendidas com equidade", detalha o secretário da SER II.
´Ideia é acelerar o que estava parado´
Pensando também nessa "cidade do futuro", o atual secretário extraordinário da Copa, Domingos Neto, afirma que a prioridade desses 100 primeiros dias de governo será acelerar o que estava parado ou atrasado na gestão passada e dar início urgente ao que precisa ser encaminhado.
Em
um mesmo bairro, a Arena Castelão ostenta o luxo de uma das principais
obras da Copa, enquanto a população da área ainda vive de carências
FOTO: JOSÉ LEOMARMesmo com a extensa lista de problemas em todas as sete Secretarias Executivas Regionais (SERs), Domingos Neto é categórico em frisar: a prioridade do atual governo de Roberto Cláudio será, sim, a Copa do Mundo em 2014 e a das Confederações, a se realizar ainda neste ano.
"Temos um atraso visível em várias obras. Temos que priorizar isso e ter foco também nas ações de capacitação para esses grandes eventos", afirma. É a cidade se preparando para ser vista, segundo ele, por mais de quatro bilhões de pessoas durante a realização desses mundiais.
E os contrastes, a Fortaleza da miséria como fica? Para ele, o desafio é justamente esse: garantir que não se suba em extenso muro, um apartheid social. "Não queremos que a Copa seja só para alguns. Ela vai deixar legados para todos, com certeza", conta.
Prioridades
Entre as obras que serão executadas com mais agilidade nesses 100 primeiros dias estão o alargamento da Avenida Alberto Craveiro e a rotatória da Avenida Paulino Rocha. Mas, segundo ele, ainda há muito o que se avançar. "Temos que nos apressar na questão também das desapropriações na Via Expressa e temos muitos desafios na parte de projetos como o do Viaduto da Avenida Murilo Borges, que ainda não foi concluído". O maior legado deixado pela Copa será, em especial, o conjunto de obras de melhoria da mobilidade urbana.
Centro
De um lado, a cidade que ostenta a famosa ´Arena Castelão´, do outro o tumultuado Centro da Capital com seus antigos problemas de desordenamento: demandas importantíssimas e desafiantes para a equipe do recém-empossado prefeito Roberto Cláudio.
Na região central, sobram questões a serem resolvidas: é o lixo que se acumula, a insegurança nas ruas, os feirantes, as ocupações irregulares e tantos mais. Para isso, o titular da Secretaria Executiva Regional do Centro (Sercefor), Régis Dias, informa que, ainda neste semestre, a Prefeitura de Fortaleza deve apresentar algumas dessas soluções.
O novo gestor diz que estão sendo realizados encontros constantes com os feirantes e que essas reuniões serão feitas periodicamente e registradas em ata. A próxima está marcada para o 22 de janeiro.
O secretário avisa que foi orientado pelo prefeito Roberto Cláudio a buscar melhorias para todos por meio do diálogo. Ainda há muito o que planejar, mas já ficou decidido entre as lideranças que as prioridades para o bairro são limpeza e melhoria na segurança. Logo, a retirada dos camelôs dos locais públicos será necessária, principalmente, no que diz respeito à mobilidade.
Ideias
O que prometem para 2013?
Na área da educação, por exemplo, a grande prioridade do governo agora, nesses 100 primeiros dias, será concluir o ano letivo (que está atrasado) e tentar ajustar o calendário. Na parte da saúde, o foco é a melhoria dos postos de saúde e na mobilidade a entrega das obras da Copa. Faremos também muitos trabalhos de limpeza, urbanização e cuidado com o aspecto físico.
Eudoro Santana
Secretário do Iplanfor
Nós vamos ter o desafio também de tentar unir todos (governo, sociedade e empresários) em torno dos mesmos ideais, do crescimento da cidade e da busca por mais qualidade de vida. Fortaleza, durante a Copa, estará na mira de milhares de pessoas e temos que potencializar as riquezas e belezas, deixar esses legados para as próximas gerações. Usar o momento como divisor de águas.
Domingos Neto
Secretário da Copa
Nossa meta também é que as populações dos bairros mais pobres sejam atendidas com equidade, voltar o nosso foco para os que mais precisam. As nossas prioridades são aumentar a cobertura da limpeza, visando à melhoria do meio ambiente físico e social no qual as pessoas vivem, a recuperação de ruas e avenidas, incluindo-se aí a pavimentação, a drenagem e a iluminação.
Cláudio Nelson Araújo BrandãoSecretário da SER II
Sobre a transferência de ambulantes que ocupam calçadas e praças para camelódromos, pensamos que isso requer, sim, muitos investimentos e não tem como ser feito em curto prazo. Estamos na fase do diálogo. Mas a nossa ideia é que todos os passeios públicos sejam liberados para a população e que, assim, possamos ter mais segurança, tranquilidade e mobilidade urbana.
Régis Dias
Secretário da Regional do Centro
IVNA GIRÃOREPÓRTER/Diário do Nordeste )
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