segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Gravações dos telefones de Rose e de sua quadrilha mostram a que ponto chegou a corrupção no governo federal




Carlos Newton


Obtidas pelo jornal Estado de S. Paulo, as gravações de telefonemas captados pela Polícia Federal na Operação Porto Seguro revelam bastidores da máfia dos pareceres, integrada pela então chefe do Gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha, e seus cúmplices, os irmãos Paulo e Rubens Vieira, que operavam a partir nas agências reguladoras, com apoio do advogado-adjunto José Weber Holanda, da Advocacia-Geral da União.





Foram gravados 25.012 telefonemas. As escutas apontam conluios e troca de favores envolvendo autoridades. Em algumas conversas, o então presidente Lula é citado; em outras, Paulo e Rose tratam de assuntos do PT. Também gravado, o advogado-geral Luís Inácio Adams reagiu com cautela quando seu adjunto, José Weber Holanda, falou sobre a operação Porto Seguro.
Detalhe importante: a Polícia Federal diz não ter gravado os telefonemas entre Rose e Lula, seu companheiro de viagens em visitas a 32 países, no período de menos de três anos, e sempre na ausência da primeira-dama Marisa Letícia.
ROSE 1                                
03/05/2012 – 20h36
Rose briga com Paulo no telefone por causa de uma reforma que seu marido fazia no flat do ex-diretor da ANA. Ela acusa Paulo de mentir sobre seus apartamentos pois tinha receio de prejudicar sua candidatura a deputado.
ROSE 2
15/05/2012 – 9h54
Rose diz a Paulo que vai entregar um documento de interesse dele ao ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Paulo é dono de uma faculdade em Cruzeiro (SP) que precisava de credenciamento do ministério.
ROSE 3
29/05/2012 – 12h25
Rose e Paulo conversam sobre notícia de que Lula teria se reunido com Gilmar Mendes (STF) para pedir o adiamento do julgamento do mensalão. Paulo sugere que o PT faça protestos contra o julgamento, bloqueie a Avenida Paulista, e Rose diz que vai dar as sugestões a Lula.
ROSE 4
13/11/2012 – 13h30
Paulo pede a Rose para que ela avise a José Dirceu que sua prisão pode ser decretada no recesso parlamentar. Ele diz ter ouvido a informação de uma “alta autoridade” do Ministério Público.
ROSE 5
21/11/2012 – 23h31
Paulo diz ao irmão Rubens que Rose pediu R$ 650 mil em dinheiro emprestados porque comprou um apartamento novo em Higienópolis. Também diz que o apartamento em que ela mora foi avaliado em R$ 1 milhão.
PAULO 1
26/04/2012 – 20h35
Gilberto Miranda diz que está preocupado com o processo da Ilha de Cabras e que Paulo está “há um mês preparando a defesa” de seus interesses. Eles citam Mário Lima, ex-número 2 da Secretaria de Portos.
VALDEMAR 1
28/05/2012 – 18h12
Paulo pede que Valdemar Costa Neto indique um vereador que sirva de “laranja” para assinar representação para beneficiar empresa de um amigo.
VALDEMAR 2
12/11/2012 – 16h34
Valdemar e Paulo comentam aplicação de pena de José Dirceu no STF.
VALDEMAR 3
04/06/2012 – 16h50
Paulo diz a Valdemar Costa Neto que pode receber um aliado do deputado no escritório da Presidência em São Paulo, onde Rose trabalhava.
VALDEMAR 4
13/11/2012 – 7h58
Paulo e Valdemar discutem possibilidade de prisão de Dirceu durante recesso judiciário.
SARNEY
01/11/2012 – 18h14
Gilberto Miranda e Sarney combinam jantar em São Paulo, com vinho Château Haut Brion 1989, que custa mais de 1.000 euros a garrafa.
KASSAB
23/11/2012 – 19h07
Gilberto Miranda e Gilberto Kassab conversam sobre jantar na casa do então prefeito e discutem tema de “repercussão nacional”, no dia da deflagração da Operação Porto Seguro.
TIAGO 1
23/11/2012 – 10h43
Gilberto Miranda combina depoimento que Tiago Pereira Lima, ex-diretor da Antaq, daria à Polícia Federal.
ADAMS
23/11/2012 – 6h43
José Weber Holanda liga para o advogado-geral da União, Luis Inácio Adams, quando a Polícia Federal chega a sua casa no dia da operação.
WEBER 1
14/11/2012 – 17h37
José Weber Holanda diz a Paulo Vieira que conseguiu convencer o consultor da AGU a adotar uma tese que beneficiaria uma empresa ligada à quadrilha.
WEBER 2
16/11/2012 – 17h46
José Weber Holanda diz a Paulo Vieira que apresentaria o parecer na semana seguinte ao advogado-geral da União, Luis Inácio Adams, chamado de “a autoridade”.
 (material enviado por Mário Assis-Tribuna da Imprensa)

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