- Agora não. Quero me dedicar a carreira. Nem ensaios sensuais, no máximo uma sessão de fotos quando meus amigos pedem - disse, porém, deixando claro que tudo depende da proposta. - Não posso dizer que nunca farei. Agora não quero. Mas dependendo da proposta, da minha necessidade financeira eu irei analisar. Mas, repito, agora não poso nua.
Muito além da beleza, que nunca a fez sonhar ser modelo, Fernanda quer mesmo é ser reconhecida pelo seu trabalho em campo. Fã de futebol, mesmo sem torcer para nenhuma equipe (é o que ela diz), o desejo da professora de educação física é seguir na carreira e, um dia, estar em grandes jogos do Campeonato Brasileiro, Copa Libertadores e até Copa do Mundo.
- Já trabalhei em dois jogos do Campeonato Catarinense neste ano e um em 2011. Foram jogos do Joinville e do Figueirense. Mas ainda faço mais partidas da liga amadora. Vou pegando experiência e isso é importante. Quero trabalhar em grandes competições, com grandes times. Deve ser emocionante. Quem não gostaria de estar em uma Copa? - afirmou a bandeirinha, que é integrante do quadro de arbitragem da Federação Catarinense de Futebol (FCF) e da Liga de Futebol da Comarca de Santo Amaro da Imperatriz (Licosai).
Apesar do caminho não ser fácil, ela não desiste da profissão, que surgiu na sua vida através de um convite de um professor na faculdade. A jovem fazia atletismo e se dedicava ao esporte, quando foi chamada para fazer um curso de arbitragem.
- Entrei de gaiato (risos). Meu treinador ia dar um curso em Balneário Camboriú e me convidou. Aceitei e fiz por um semestre o curso, em 2009. Com 18 anos, bem no início de 2010, eu comecei a trabalhar em jogos do campeonato amador. Mas sempre acompanhei pela TV, ia aos jogos no estádio e meus pais também adoram futebol. Não me imagino fazendo outra coisa - contou, afirmando que aprendeu a lidar com o fato de perder finais de semana. - Isso foi o mais difícil de tudo. Eu moro longe da minha família (se mudou para Florianópolis em 2009). E não posso marcar nada, meus finais de semana são apenas para o futebol.
Mas mesmo complicado, Fernanda tira de letra. Assim como as gracinhas e as cantadas. São tantas, que a catarinense nem liga mais. Na verdade, abstrai e ignora. Afinal, ela tem namorado e não quer saber de misturar trabalho com vida pessoal. Há um ano com o fisioterapeuta Bruno Espíndola, o jovem entende bem a função da bandeirinha e não sente ciúmes dela.
- Quando ele me conheceu, eu já trabalhava com isso. Ele é super tranquilo, não liga mesmo. E eu também não ligo para as cantadas. Estou ali para trabalhar. É irrelevante para mim - falou a professora de hidroginástica e natação.
E se o futebol não sai da sua vida, o judô teve uma passagem breve. Fernanda fez o esporte por seis meses quando estava cursando educação física na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), mas foi obrigada a deixar de lado por causa do trabalho em campo. O risco de lesões a fez abandonar a luta.
- Eu queria continuar e gostava de lutar, mas no judô há muitas lesões no ombro. E eu, como auxiliar, preciso do ombro 100% para poder trabalhar. Então não teve jeito - disse a bandeirinha, que nunca sonhou jogar futebol, por exemplo. - Luta eu gosto, mas ser jogadora de futebol não. E não sou daquelas bandeirinhas frustradas (risos). Gosto é de estar onde estou hoje.
E ser auxiliar de arbitragem não é fácil. Fernanda garante que a pressão é grande tanto da torcida, das equipes e até da mídia. Mas mesmo com as dificuldades, estar em campo acaba sendo gratificante acima de tudo.
- É muito difícil. Há muitos lances complicados e nós somos seres humanos, falhamos também. Mas acertamos mais que erramos. E por isso que ter a experiência de atuar em vários jogos é importante. Eu comecei debaixo, na liga amadora e hoje busco meu espaço. Assim acontecendo com outras mulheres aqui em Santa Catarina - afirmou a jovem, que deixou claro que não sofre preconceito. - Não acho que sofro preconceito por ser mulher, acho que a cobrança é igual para ambos os sexos. Hoje não existe mais essa barreira.
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