sexta-feira, 1 de março de 2013

Lula reúne Cid, Luizianne e prefeito de Fortaleza

Para Lula, a presidente Dilma pode até ser eleita sem alianças, mas vai precisar delas para poder governar
Com discursos afinados que antecipam um clima eleitoral, o Partido dos Trabalhadores realizou ontem, em Fortaleza, com a participação do ex-presidente Lula, seminário para celebrar os dez anos do partido à frente do Governo Federal. A ampla mesa de aliados, que reuniu lideranças petistas e dezenas de representantes de siglas da base aliada, ainda demonstrou certas cicatrizes do último pleito na Capital cearense, reunindo, na mesma bancada, a ex-prefeita Luizianne Lins, o governador Cid Gomes e o atual prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio.

Foram convidados a integrar a mesa do evento todos os presidentes estaduais dos partidos da base aliada do Governo Dilma Rousseff FOTO: KID JÚNIOR

Evitando contato direto com a imprensa, o ex-presidente Lula chegou a declarar que estava ciente de algumas "intrigas" pessoais entre aliados e, por isso, tem evitado dar declarações sobre as eleições de 2014. "Eu não vou dar declarações. Aconteça o que acontecer, temos candidatura de presidente da República e vamos eleger a Dilma novamente", garantiu.

Aliança
Lula também fez questão de ressaltar a importância do papel desempenhado pela base aliada no processo eleitoral. "O PT pode até ganhar eleição sozinho, mas precisa de aliados para governar. E tem horas que, humildemente, temos que apoiar os outros também", disse. Lideranças petistas já afirmaram que o dirigente nacional está empenhado em tentar manter a aliança petista com o PSB na esfera nacional como tentativa de evitar a candidatura à sucessão da presidente Dilma, do governador e presidente nacional da legenda, Eduardo Campos.

Como sinalização de tentar ajustar discurso do PSB e PT no Ceará, foram convidados para a programação do PT tanto o prefeito Roberto Cláudio como o governador Cid Gomes, desafetos de Luizianne Lins, presidente estadual do PT. O vice-presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, também faria uma fala sobre combate à pobreza no País, mas, por motivo de doença, não pôde comparecer ao evento.

A presença de Cid e Roberto Cláudio causou visível desconforto à presidente do PT no Ceará. Os dois chegaram, inclusive, a ser vaiados por parte da plateia, quando alguma das lideranças presentes se referiam a um dos dois. Durante o seu pronunciamento, Luizianne evitou ataques aos pessebistas, se resumindo a elogiar as políticas públicas implementadas durante o governo Lula e citando iniciativas de sua própria gestão. "Durante oito anos, fizemos parte dessa história. Lula foi capaz de se reinventar, fazer caravanas pelo País e provar que era possível fazer um novo projeto", ressaltou. A ex-prefeita, bastante aplaudida.

Luizianne fez um discurso de enaltecer as alianças políticas que viabilizaram o governo federal petista. "O que está em jogo agora é a reeleição da presidente Dilma Rousseff e nós temos que comemorar com os partidos aliados", disse. Ao final de sua fala, entregou o livro lançado durante a sua gestão que trata sobre os oito anos de seu Governo.

O governador Cid Gomes também se pronunciou durante a ocasião, acrescentando que Lula "foi o melhor presidente da história". O pessebista fez questão de destacar que, durante sua trajetória política, sempre foi aliado do PT. "Há 14 anos, desde quando tive o privilégio de estar em cargos executivos, sempre estive ao lado do PT, ou melhor, o PT sempre esteve comigo", disse. Sentado ao lado de Luizianne Lins, Roberto Cláudio não fez nenhum pronunciamento.

O discurso do presidente nacional do PT, Rui Falcão, também priorizou a relevância do arco de alianças com o seu partido para dar suporte ao Governo da presidente Dilma. "O Ceará mostra força política, sendo capaz de reunir várias pessoas em torno de um mesmo projeto", apontou.

Inclusão
A palestra do seminário de ontem teve como tema as políticas públicas executadas pelo Governo Federal visando à inclusão social. Contribuíram com a exposição a ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, e o presidente Fundação Perseu Abramo, Márcio Pochmann. O vice-presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, também estava cotado para dar uma palestra, mas não pôde comparecer ao evento.

A ministra Tereza Campello apresentou dados sobre o aumento de empregos formais no País, evolução do salário mínimo, expansão de programas de renda e redução da miséria. Segundo ela, o Governo Federal retirou 22 milhões de pessoas da extrema pobreza através do Bolsa Família.

Avanços
O ex-presidente Lula fez uma retrospectiva da trajetória dos 33 anos do Partido dos Trabalhadores e dos avanços conquistados a partir do seu Governo. "Passei parte da minha vida em reunião com economistas e eles diziam que era preciso crescer para depois distribuir. Em 1970, o bolo cresceu e alguém comeu. Para os trabalhadores, só sobraram bolinhas de chumbo", criticou.

De acordo com Lula, o seu governo teria "quebrado a lógica" ditada até então, já que, segundo ele, a prioridade foi crescer e dividir concomitantemente. "O surgimento da CUT, do PT, tudo foi graças à teimosia. Até a eleição da nossa prefeita (Luizianne Lins) foi fruto de teimosia", declarou.

O ex-presidente Lula ainda tocou num tema que, segundo ele próprio, ainda é considerado tabu por alguns dirigentes: a corrupção. "Eu duvido que neste país algum presidente tenha criado tantos instrumentos de combate à corrupção como eu criei", afirmou. O dirigente aproveitou a oportunidade para defender a aprovação da reforma política. "Pegar dinheiro emprestado para financiar campanha política deveria se tornar crime inafiançável", pontuou. ( Diário do Nordeste )

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