quarta-feira, 10 de abril de 2013

Emprestimo feito por governadora do PT causa briga no Pará

Impasse sobre empréstimo de Ana Júlia continua (Foto: Anderson Coelho/Arquivo)
(Foto: Anderson Coelho/Arquivo)

Aprovado em maio de 2010, o empréstimo de R$ 366 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao governo do Pará está, de novo, no centro das disputas entre o PT e o PSDB no Estado. O novo capítulo da história, que começou há quase dois anos, está abalando também as relações entre o governador tucano Simão Jatene e os integrantes do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Depois de tramitar por longo tempo, a autorização para o empréstimo foi aprovado na AL em maio de 2010 e parte dos recursos foi gasta na reta final do mandato da petista Ana Júlia Carepa. Oito meses após assumir o governo, Jatene fez barulho e chamou jornalistas ao Palácio. Com base em levantamento feito pela Auditoria Geral do Estado (AGE), órgão ligado ao governo, anunciou que na prestação de contas junto ao Banco do Brasil e ao BNDES, Ana Júlia tinha apresentado 16 notas replicadas, o que levantou suspeita de que um mesmo pagamento foi feito duas vezes. 
Na época, o PT admitiu o erro, mas informou que se tratava apenas de um problema na digitação do documento, sem prejuízos aos cofres públicos. Jatene levou o caso à Assembleia Legislativa (AL) que oficializou pedido de auditoria ao Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Em dezembro do ano passado, os relatórios levantados ao longo de 2012 foram analisados pelo pleno do TCE e a ex-governadora foi inocentada. O Tribunal confirmou a versão dada pelo PT à época da denúncia. Apesar do erro, diz não ter havido desvio de dinheiro público.
No acórdão, os conselheiros afirmam que o parecer técnico “não apontou irregularidades de natureza grave capaz de ensejar a adoção de medidas saneadoras”. O documento informa ainda que a investigação envolveu “análise de documentos e inspeção in loco; ações essas que impingiram maior segurança no confronto dos contratos de operações de crédito analisados” . 
TCE
E prossegue afirmando que “foi possível constatar que as irregularidades apontadas pelo relatório da AGE não evidenciaram o cometimento de prática intencional por parte dos agentes responsáveis”. Para concluir, o TCE afirma que “as suspeitas levantadas pela AGE são oriundas de fatos e suposições não comprovados, portanto pairam sob o plano da subjetividade, razão que originou a reanálise por esse tribunal”.
A ex-governadora diz que ainda estuda as medidas judiciais que vai tomar contra integrantes do atual governo que fizeram as acusações. “Fui atingida na minha honra. Teve matéria em revista nacional dizendo que eu tinha sumido com R$ 77 milhões”, disse, reafirmando que houve erros no documento, mas não o desvio de recursos. Segundo Ana Júlia, o erro constava apenas na peça informativa e não na prestação de contas final. “Os documentos (apresentados pela AGE) não eram probatórios”. 
O governo de Simão Jatene, contudo, não deu o assunto por encerrado. Durante todo o dia ontem, as informações eram de que, acompanhado de um grupo de secretários, o auditor geral do Estado, Roberto Amoras, iria à AL apresentar as notas supostamente duplicadas. Outra missão era revelar inconsistências entre o relatório técnico e o acórdão já publicado pelo TCE inocentando Ana Júlia. Em Marabá, onde participa de um evento do TCE, o presidente do Tribunal não deu entrevista, mas por meio da assessoria, garantiu que a análise foi “rigorosamente técnica”.
Auditor não chegou a ser convocado
À noite, o governo precisou recuar. Descobriu que não havia requerimento de convite ou convocação para o auditor Roberto Amoras ir à AL e que sua chegada à casa de maneira intempestiva poderia gerar constrangimento até mesmo junto à base aliada, uma vez que, durante o dia, boa parte dos deputados do PSDB afirmava não ter conhecimento da reunião com a equipe do governo.
Autor do requerimento pedindo para convidar Amoras a dar explicações à AL, o deputado petista Carlos Bordalo diz ter concluído que a explanação é desnecessária, uma vez que o relatório do TCE foi resultado de uma auditoria. “Para nós, esse assunto está encerrado”. O caso, porém, ainda vai render novos capítulos. O governo poderá enviar ofício à AL, nos próximos dias, informando sobre a disponibilidade de secretários e servidores de irem à AL apontar supostos erros do TCE e sustentar a denúncia contra a ex-governadora.
Os escolhidos para a missão foram os titulares da Secretaria de Planejamento e Orçamento, Maria do Céu, e, da Fazenda, José Tostes Neto; além do auditor geral do Estado, Roberto Amoras, e do procurador geral do Estado, Caio Trindade.
(Diário do Pará)

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