(Foto: Bruno Carachesti)
Cerca de 90 trabalhadores que atuam na construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, em Vitória do Xingu, chamaram a atenção de quem passou pela Praça da República, na manhã de ontem.
Com cartazes e carro som, o grupo manifestava a insatisfação em relação às condições de trabalho no canteiro de obras da hidrelétrica. A promessa é de que os protestos continuem até a resolução do impasse criado com o Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM). Hoje, o grupo deve se dirigir até a Câmara Municipal de Belém.
Em greve desde o último dia 5, os
trabalhadores esperam negociar diretamente com o governo os 35 itens que
constam na pauta de reivindicações. Entre as prioridades, entretanto,
diz o Sindicato da Construção Civil, que apoia o movimento, está a
redução do tempo de trabalho para poder visitar a família. Segundo a
categoria, apesar da determinação da Justiça, em novembro passado, que
prevê uma licença a cada três meses, atualmente, os trabalhadores
alojados só estariam se beneficiando desse direito a cada seis meses. Os grevistas também reclamam do não pagamento do “adicional de confinamento” de 40%.
RECLAMAÇÃO
“Estamos aqui, com trabalhadores que
vivem a realidade lá para mostrar as atrocidades cometidas. A greve
continua e aqui as manifestações seguem até termos uma garantia real do
governo, que é o verdadeiro dono da obra. O acordo fechado no ano
passado com a construtora não está sendo cumprido”, criticou Antônio
Francisco de Jesus, o Zé Gotinha, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Belém (STICMB-PA).
Contratado como mecânico industrial no
regime de alojamento há quatro meses, Jean Francesco de Souza é um dos
trabalhadores que enfrentaram quase 24 horas de viagem de ônibus entre o
canteiro de obra e Belém.
A queixa principal diz respeito à
diferenciação salarial. “O canteiro reúne pessoas de vários locais do
país que chegaram em busca de um sonho e encontraram um pesadelo. Somos
todos trabalhadores e, apesar de ocupações diferentes, somos capazes de
perceber diferenças gritantes entre um salário
e outro. Hoje, o nível de colegas que perderam o emprego é enorme e por
isso muitos desistiram, mas nós vamos até o fim”, assegurou o
manifestante.
O DIÁRIO tentou, por várias vezes, falar com
o representante do consórcio indicado pela assessoria de imprensa da
empresa para dar entrevista, mas não conseguiu.
(Diário do Pará)
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