Carlos Chagas/Tribuna da Imprensa
Na celebração do seu dia, ontem, o trabalhador foi o mais ludibriado dos cidadãos. Pelo governo, porque a presidente Dilma apresentou um cenário irreal da vida de cada um, acentuando os sonhos que falta realizar. Vivêssemos um paraíso como o descrito por ela e o Brasil não apresentaria números tão cruéis como esse que a ilusão não consegue sufocar, de um salário mínimo ridículo.
Não há como sustentar a norma constitucional de que o salário mínimo deve bastar para o trabalhador e sua família terem garantidas necessidades vitais como moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social. Vá a presidente viver com esses miseráveis reais para conhecer a farsa encoberta pela Constituição.
Mas tem mais. As centrais sindicais comemoraram a data que seria da redenção do trabalhador sorteando geladeiras e automóveis, sabendo muito bem que sua mensagem atingia apenas metalúrgicos e penduricalhos. Por força de sua resistência, essa categoria conseguiu afirmar-se, ainda que apenas no Sudeste, mas o que dizer dos milhões de trabalhadores espalhados pelo país, sem as mínimas prerrogativas concedidas a seus companheiros privilegiados? Uma encenação em estádios e praças públicas só fazem despertar a indignação da maioria.
Coisa pior aconteceu no plano das elites. Onde elas se reúnem, inclusive nas paradisíacas praias de Comandatuba, a palavra de ordem é “fortalecer” o emprego pela supressão dos direitos que ainda permanecem para os assalariados, depois do terremoto que foi o governo Fernando Henrique, seguido pelos abalos do Lula e de Dilma.
Em nome da preservação de postos de trabalho, os economicamente poderosos lutam para a redução de impostos sobre demissões, como também para a desoneração de encargos nas folhas salariais. Querem isolar a Consolidação das Leis do Trabalho e “ajustar” o moderno mundo do trabalho. Até da extinção da Justiça Trabalhista voltam a falar. Alegam a importância da competitividade entre as diversas economias, ainda que em momento algum imaginem reduzir suas vantagens e seus lucros.
Em suma, nada houve que comemorar neste Primeiro de Maio de 2013, exceção de o fantasma continuar assustando. Um dia, ressurgirá.
BATENDO DE FRENTE
Continuam o PMDB e o PT em campos opostos, apesar de pilares de sustentação da base parlamentar do governo. Um procura diálogo com o Supremo Tribunal Federal, outro pretende acirrar os ânimos na tertúlia entre Legislativo e Judiciário. Fica cada dia mais difícil que os dois partidos se entendam para as sucessões estaduais. Como indicar candidatos comuns nos estados? O risco é de permanecerem unidos apenas no apoio à reeleição da presidente Dilma.
TRÊS PEDRAS NO CAMINHO
Jantam juntos, hoje, Aécio Neves, Gilberto Kassab e Eduardo Campos. Imaginem para falar mal de quem? Os dois netos, um de Tancredo, outro de Miguel Arraes, disputam a preferência do fundador do PSD, também cobiçado pela presidente Dilma. Aliás, em termos de avôs, nem Aécio nem Campos querem lembrar-se da célebre frase de Tancredo quando fundou o PP: “o meu partido não pode ser o partido do Arraes…” Acabou sendo por pouco tempo, quando o PP, inviabilizado, incorporou-se ao PMDB, de onde não deveria ter saído.
Logo depois quem saía era Arraes, para o Partido Socialista…
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