Murilo Rocha
À medida que avançam as investigações sobre o boato do fim do Bolsa
Família, o governo federal vem sendo exposto, de forma constrangedora e
involuntária, a uma espécie de “autobullying”. O Planalto está sendo
obrigado a trazer à tona, na melhor das hipóteses, uma total falta de
comunicação, de gerenciamento público. É inexplicável, por exemplo, o
fato de o presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda,
desconhecer a antecipação agendada do pagamento do mês de maio a todos
os beneficiários do programa, no valor de R$ 2 bilhões.Na semana passada, Hereda veio a público para afirmar que a Caixa só liberou o dinheiro porque houve um corre-corre às agências, nos dias 18 e 19 de maio, provocado pela divulgação de uma informação falsa sobre a extinção do repasse. Nesta semana, pressionado, Hereda mudou de ideia e de versão e pediu desculpas.
Na verdade, a Caixa – não se sabe ainda o motivo – decidiu pagar a todos os beneficiários no dia 17 de maio – geralmente, o dinheiro cai na conta das pessoas atendidas pelo programa no fim do mês. Portanto, a ordem é inversa: primeiro, a Caixa liberou o dinheiro, depois, iniciaram-se o telefone sem fio e os milhares de saques de beneficiários. E, apesar de ninguém do banco nem do governo admitir, essa antecipação inesperada teria sido a causa, ou pelo menos um forte difusor, do boato sobre o fim do Bolsa Família.
E como fica a presidente Dilma nessa história? E a ministra Maria do Rosário? A primeira chamou de “criminosa” a ação de espalhar informação sobre o fim do Bolsa Família enquanto a segunda não teve dúvida de culpar, em seu Twitter, a oposição por tamanha maldade. Se Dilma é tão apegada a dar esporros por falhas administrativas e intolerante com erros de gestão, com certeza alguém deverá pagar por ter imposto esse monstruoso mico ao Planalto.
A oposição cobra um pedido de desculpas, e a imprensa quer esclarecer pontos sombrios dessa ação desastrosa. Por que o pagamento foi antecipado? Quem decidiu e deliberou a medida? Por que o presidente da Caixa deu uma versão em uma semana e, depois, se desculpou pela informação errada? É possível alguém decidir mudar a data de pagamento do Bolsa Família sem o conhecimento do presidente da Caixa ou de membros do primeiro escalão do Planalto, incluindo aí a presidente Dilma?
CENSURA EM MINAS
A proposta com viés de censura do governo estadual, enviada à Assembleia, de impedir o acesso da imprensa a informações públicas de ações internas e processos investigados pela Polícia Civil de Minas Gerais causou reação em entidades representativas de jornalistas em todo o país. A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) criticaram a medida, classificando-a como “autoritária” e contrária à “liberdade de informação”. Estranhamente, o Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais preferiu abster-se da discussão. (transcrito do O Tempo)
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