Carlos Newton/Tribuna da Imprensa
A cada momento surgem comprovações do crescente distanciamento entre o ex-presidente Lula e a atual presidente Dilma Rousseff.
O quadro atual é o seguinte: Lula, surpreendido pelas manifestações que tomaram conta do país, tem passado os dias em sucessivas reuniões com assessores em seu Instituto, onde tem recebido lideranças sindicais e de movimentos populares. De lá, também se comunica por telefone com governadores e líderes do PT.
O tom oposicionista de Lula impressionou os líderes de grupos como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a União da Juventude Socialista, o Levante Popular da Juventude e o Conselho Nacional da Juventude. Ao invés de pedir conciliação para acalmar a crise no governo, Lula disse que o momento é de “ir para a rua”.
Convidados pela assessoria do ex-presidente, cerca de quinze lideranças participaram do encontro na sede do Instituto Lula, no bairro do Ipiranga, em São Paulo. Estopim para a onda de protestos, o Movimento Passe Livre (MPL) não foi convidado.
EMPURRAR O GOVERNO PARA ESQUERDA…
“Ele chamou os movimentos de que tem mais proximidade, queria ouvir, saber a impressão. Colocou que é hora de trabalhador e juventude irem para a rua para aprofundar as mudanças. Enfrentar a direita e empurrar o governo para a esquerda. Ele agiu muito mais como um líder de massa do que como governo. Não usou essas palavras, mas disse algo com “se a direita quer luta de massas, vamos fazer lutas de massas”, disse o líder de um dos movimentos sociais, segundo o noticiário Repórter Sindical.
Membro da direção nacional da União da Juventude Socialista, que conta majoritariamente com militantes do PCdoB, André Pereira Toranski confirmou o tom do encontro: “O presidente queria entender essa onda de protestos e avaliou muito positivamente o que está acontecendo nas ruas”.
Detalhe: também participaram da reunião jovens do movimento sindical, negro e de direitos dos homossexuais. Mas não foi convidado o Movimento do Passe Livre, que deu origem aos protestos.
CENTRAIS SINDICAIS PARTEM PARA AS RUAS
Na semana passada, Lula se reuniu com os dirigentes de todas as centrais sindicais do país e deu apoio total à iniciativa de realizar um megaprotesto em âmbito nacional, no próximo dia 11. Será o Dia Nacional de Mobilização do Sindicalismo.
A data foi definida em reunião das centrais CUT, Força, UGT, Nova Central, CTB, CGTB, CSP-Conlutas e CSP na terça-feira, em São Paulo, com participação da UNE e do MST.
A mobilização vai reforçar a chamada pauta trabalhista e incorporar reivindicações das ruas, como melhoria no transporte urbano, mais investimentos em saúde pública e reajuste para os aposentados.
Como se vê, desse jeito Lula acaba consagrado como líder da oposição. E vamos parar por aqui, para não dizerem que vivemos inventando coisas, porque a crise é muito séria e a candidatura de Dilma à reeleição está mesmo indo para o espaço.
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