Gaudêncio Torquato
Balões de ensaio, versões polêmicas, verdades (meias verdades) e boatos costumam compor a locução rotineira dos centros e das margens sociais, que se expande nas tubas de ressonância das mídias impressa e eletrônica e, agora, nas céleres redes sociais da internet. Numa cultura como a nossa, pontilhada por padrões que ferem a boa conduta, como oportunismo e má-fé, não causam surpresa coisas como factoides e troca recíproca de verbos ferinos que adensam a tensão entre os Poderes da República.
É o que se tem visto. Comecemos pela fala que ganha o carimbo de “politicamente incorreta”, da lavra do presidente do STF, Joaquim Barbosa. Disse ele: os partidos políticos são de “mentirinha”, e o Congresso é “inteiramente dominado pelo Poder Executivo”. É evidente que os partidos são entes legais, legítimos e enquadrados nos estatutos da vida partidária. A expressão “mentirinha” soa mal no dicionário do comandante da mais alta Corte de Justiça. Denota o deboche.
É sabido que o Poder Legislativo frequentemente é refém do Poder Executivo, tanto pelo fluxo legiferante que patrocina quanto pela condição do parlamentar que se vê obrigado a suplicar para que recursos do Orçamento para suas bases sejam liberados pela presidente da República. Dizer, porém, que o Congresso é dominado plenamente pelo Poder Executivo também é exagero, posto que o embate entre os dois Poderes tem se acirrado. Derrotas do governo são frequentes, apesar do rolo compressor da base governista. O ministro Barbosa, extrapolando os limites da linguagem formal, comete uma ba(r)boseira, pela já afamada mania de rasgar a fantasia litúrgica que veste o altar do Judiciário.
POLÊMICAS
Entremos, agora, nas versões polêmicas. A de maior impacto, nos últimos dias, foi o editorial do jornal “Financial Times” dizendo que a sensação de que tudo corre bem no Brasil é apenas uma “fachada”. De certa forma, a observação do FT assemelha-se à “mentirinha” proclamada pelo presidente do STF.
Por aqui, o mais pode ser menos e vice-versa, e até os contrários mudam de posição. Por que a opinião do jornal inglês é polêmica? Porque a sensação de bem-estar social é um fenômeno captado por pesquisas. O assistencialismo do programa de bolsas mantém as margens sob certo conforto, mostrando, ainda, que o pibinho não chega a alterar o ânimo das margens sociais.
Os balões de ensaio enfeitam os céus. Basta ver os nomes do PT que Lula vai enfileirando na direção do Palácio dos Bandeirantes ou o balão chamado Eduardo Campos. Por fim, os boatos, as mentiras, geralmente de origem desconhecida, transportadas por uma rede sociológica de grupinhos.
Alguém arquiteta uma situação, com impacto sobre os instintos de sobrevivência, conta o caso para um grupo, e, dali, por vias diferentes, as pessoas vão passando a história para a frente, multiplicando indefinidamente o boato. Batendo nas redes sociais, o boato corre como rastilho de pólvora, como se viu com a onda de extinção do Bolsa Família. A pilhéria, a piada, a gozação, a zorra frequentam até nossas tragédias cotidianas. (Transcrito de O Tempo)
Balões de ensaio, versões polêmicas, verdades (meias verdades) e boatos costumam compor a locução rotineira dos centros e das margens sociais, que se expande nas tubas de ressonância das mídias impressa e eletrônica e, agora, nas céleres redes sociais da internet. Numa cultura como a nossa, pontilhada por padrões que ferem a boa conduta, como oportunismo e má-fé, não causam surpresa coisas como factoides e troca recíproca de verbos ferinos que adensam a tensão entre os Poderes da República.
É o que se tem visto. Comecemos pela fala que ganha o carimbo de “politicamente incorreta”, da lavra do presidente do STF, Joaquim Barbosa. Disse ele: os partidos políticos são de “mentirinha”, e o Congresso é “inteiramente dominado pelo Poder Executivo”. É evidente que os partidos são entes legais, legítimos e enquadrados nos estatutos da vida partidária. A expressão “mentirinha” soa mal no dicionário do comandante da mais alta Corte de Justiça. Denota o deboche.
É sabido que o Poder Legislativo frequentemente é refém do Poder Executivo, tanto pelo fluxo legiferante que patrocina quanto pela condição do parlamentar que se vê obrigado a suplicar para que recursos do Orçamento para suas bases sejam liberados pela presidente da República. Dizer, porém, que o Congresso é dominado plenamente pelo Poder Executivo também é exagero, posto que o embate entre os dois Poderes tem se acirrado. Derrotas do governo são frequentes, apesar do rolo compressor da base governista. O ministro Barbosa, extrapolando os limites da linguagem formal, comete uma ba(r)boseira, pela já afamada mania de rasgar a fantasia litúrgica que veste o altar do Judiciário.
POLÊMICAS
Entremos, agora, nas versões polêmicas. A de maior impacto, nos últimos dias, foi o editorial do jornal “Financial Times” dizendo que a sensação de que tudo corre bem no Brasil é apenas uma “fachada”. De certa forma, a observação do FT assemelha-se à “mentirinha” proclamada pelo presidente do STF.
Por aqui, o mais pode ser menos e vice-versa, e até os contrários mudam de posição. Por que a opinião do jornal inglês é polêmica? Porque a sensação de bem-estar social é um fenômeno captado por pesquisas. O assistencialismo do programa de bolsas mantém as margens sob certo conforto, mostrando, ainda, que o pibinho não chega a alterar o ânimo das margens sociais.
Os balões de ensaio enfeitam os céus. Basta ver os nomes do PT que Lula vai enfileirando na direção do Palácio dos Bandeirantes ou o balão chamado Eduardo Campos. Por fim, os boatos, as mentiras, geralmente de origem desconhecida, transportadas por uma rede sociológica de grupinhos.
Alguém arquiteta uma situação, com impacto sobre os instintos de sobrevivência, conta o caso para um grupo, e, dali, por vias diferentes, as pessoas vão passando a história para a frente, multiplicando indefinidamente o boato. Batendo nas redes sociais, o boato corre como rastilho de pólvora, como se viu com a onda de extinção do Bolsa Família. A pilhéria, a piada, a gozação, a zorra frequentam até nossas tragédias cotidianas. (Transcrito de O Tempo)
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