sábado, 1 de junho de 2013

Um candidato impossível


Carlos Chagas






Dos  quatro candidatos já evidenciados para a disputa da presidência da República, ano que vem, nenhum apresentou mais do que exortações a respeito do futuro do país. Com tanta antecedência não se exigirá de Dilma Rousseff, Aécio Neves,Marina Silva e Eduardo Campos  que disponham de programas de ação,antigamente chamados de “plataformas” de candidatos. Há tempo para isso.
No entanto, pelas preliminares e slogans até  agora conhecidos, como o de que “é possível fazer mais e melhor”, fica evidente por parte deles a falta de imaginação e de vontade para sensibilizar a opinião pública e propor mudanças fundamentais. Os quatro, com todo o  respeito, são vinhos da mesma pipa. Meros seguidores do modelo que nos assola faz tempo, incapazes de apresentar propostas em condições de mudar o Brasil. Quer dizer, acomodam-se  à fórmula de que o país deve seguir adiante dispondo de ricos e pobres, privilegiados e massacrados, exploradores e explorados. Uns mais, outros menos, todos pretendem manter a ordem social, econômica e política sem maiores alterações. Nem reformistas parecem, quanto mais revolucionários.
Seria no  mínimo curioso saber como reagiria a nação caso um candidato, não os atuais, mas alguém novo,  prometesse estabelecer a proibição de demissões nas empresas privadas e no serviço público por um tempo determinado. Que concluísse que salário não é renda e,  portanto, extinguisse o Imposto de Renda dos  assalariados.  Que proibisse a evasão de recursos para o exterior, tanto faz se como remessa de lucros ou investimentos externos. Que abolisse o direito de empresários de retirarem de suas empresas os recursos para suas despesas particulares, obrigados a arcar com elas de seus salários, certamente limitados a um patamar auferido pelos ministros do Supremo Tribunal Federal.
Que estabelecesse a prevalência do interesse nacional sobre o interesse privado, restringindo o direito  de herança aos limites da sobrevivência do herdeiro e submetesse a  empresa familiar à lógica da participação de todos os seus empregados na definição de seus rumos e resultados.  Que estabelecesse o Imposto Sobre Grandes Fortunas e não permitisse conglomerados de atividades distintas controlados pelos  mesmos  personagens.
Mas tem mais. Importante seria, para esse candidato desconhecido, prometer que recursos judiciais seriam admitidos, mas que após a condenação  dos  réus em primeira instância, só pudessem apelar de dentro da cadeia, sem benefícios abertos aos  privilegiados financeiramente. Que tal considerar a população indígena como parte integrante  do estado nacional, jamais como nações independentes.  Por que não acabar com a isenção de impostos para todo o tipo de  igrejas e organizações religiosas sustentadas pela fé popular e tantas vezes exploradas por vilões travestidos de condutores da sociedade.
Seriam inúmeras as propostas de um candidato  alternativo que se apresentasse diante dos concorrentes já alinhados. Coisa impossível de acontecer, porque primeiro seria preso, senão queimado na fogueira,  antes que expusesse sua plataforma.( Tribuna da Imprensa )

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