quarta-feira, 31 de julho de 2013

O futebol brasileiro melhorou

 

 

 Tostão (O Tempo)

Nos últimos dez a 15 anos, enquanto evoluía o futebol coletivo na Europa, predominava, no Brasil, o jogo tumultuado, o excesso de faltas, de jogadas aéreas, de chutões e de lançamentos longos, com a esperança de a bola cair nos pés do companheiro, mesmo marcado. É a chamada segunda bola, de que os técnicos


tanto gostam
.



Esse período de péssimo futebol, um horror, foi, paradoxalmente, o da supervalorização dos técnicos. Todas as análises passaram a ser feitas a partir da conduta dos treinadores. Os “professores” davam aulas de “futebol moderno” e recebiam muitos aplausos.
Felizmente, nos últimos dois anos, o futebol, aos poucos, tem melhorado, coletivamente. A seleção, na Copa das Confederações, e a maioria das equipes têm jogado mais com a bola no chão, com mais troca de passes, triangulações, apesar do mau momento atual dos times paulistas. As partidas estão menos tumultuadas.
Os volantes, em vez de ficarem muito atrás, só para proteger os zagueiros e fazer a cobertura dos laterais, passaram a atuar no meio-campo. No lugar de laterais, que corriam pelas pontas, só para cruzar as bolas, há hoje atacantes mais habilidosos pelos lados, que voltam para marcar ao lado dos volantes. Formam duplas com os laterais, na defesa e no ataque.
Antes, os times só marcavam por pressão no fim das partidas, no desespero. Agora, fazem isso com mais frequência. As equipes estão mais compactas, com menos espaço entre os setores. A confusa marcação individual, de que os técnicos tanto gostavam, tem sido abandonada.
O Inter joga diferente, com três no meio-campo (um volante mais recuado e um de cada lado, que marca e avança) e mais três adiantados (um meia ofensivo e dois atacantes). O São Paulo fez o mesmo contra o Corinthians. Lúcio saiu quando a defesa ficou mais protegida. Antes, com Paulo Autuori, o time tinha dois meias ofensivos (Jadson e Ganso), que só voltavam para receber a bola. Não dá para marcar com apenas dois jogadores no meio-campo.
Com a melhora do futebol coletivo e mais troca de passes, surgirão, brevemente, mais jogadores de talento, especialmente no meio-campo. Individualmente, o nível continua baixo. Os veteranos são os destaques. Quando o Botafogo contratou Seedorf, eu achava que ele não brilharia, baseado em seus dois últimos anos no Milan. Seedorf está exuberante, como nos melhores momentos da carreira.
O Corinthians, inicialmente com Mano Menezes, desde a Série B, e, depois, com Tite, foi o precursor dessa evolução coletiva. Técnicos novos e alguns mais antigos foram atrás. Uma das razões da queda de eficiência do Corinthians foi que os outros times passaram a jogar da mesma forma. O mais difícil é melhorar, fora de campo, e diminuir a promíscua troca de favores, praga do futebol e da sociedade.
Líder
Ainda é cedo para euforia, mas o Cruzeiro, cada dia mais, mostra um futebol convincente. A equipe está organizada, trocando muitos passes e muito forte no jogo aéreo. Faltam um ou dois jogadores de mais alto nível, com chances de atuar na seleção. Fábio ainda é a estrela do time.
O time pode ficar mais forte com Dagoberto e Júlio Baptista. Das várias posições em que jogou Júlio Baptista, gosto mais da de volante, quando era titular no Real Madrid. Além de boa técnica, tem muita força física para a posição. É uma opção nessa função ou mais adiantado, como um meia ofensivo, ou até mais à frente, com o time sem um centroavante fixo. Marcelo saberá aproveitá-lo bem.

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