Ela disse que seria “oportuno” que as eventuais mudanças resultantes do plebiscito sobre a reforma política valessem para as eleições de 2014
Agência Brasil
A presidente Dilma Rousseff confirmou que enviará
nesta terça-feira (2) ao Congresso Nacional mensagem pedindo um
plebiscito para discutir a reforma política. Segundo ela, o governo
pretende discutir pelo menos dois pontos: financiamento de campanhas e sistema eleitoral.
Segundo a presidente, existirá a possibilidade de a
população escolher entre o voto proporcional, distrital e misto.
Dilma, no entanto, declarou que a formulação das perguntas não cabe ao
Palácio do Planalto, mas ao Congresso e ao Tribunal Superior Eleitoral
(TSE). Ela ressaltou ainda que o poder de convocar uma consulta popular
cabe exclusivamente ao Congresso.
“Não vamos dar sugestões de perguntas. Isso fica
entre o Senado, a Câmara dos Deputados e o Tribunal Superior Eleitoral.
Está claro, na Consituição, que quem convoca plebiscito é o Congresso
Nacional. Por isso, insisti na palavra sugestão no que se refere à
relação entre o Executivo e o Legislativo”, explicou.
Dilma disse ainda que o Congresso poderá mudar a
proposta de reforma política enviada pelo Planalto. “Amanhã, enviamos
nossa sugestão à Câmara e ao Senado no sentido de plebiscito apontando
em linhas gerais as balizas que julgamos importantes. Isso não
significa que outras balizas não podem aparecer”, declarou.
A presidente também disse que, na reunião desta
tarde, tratou com os ministros sobre a necessidade de todos os
ministérios acelerarem a execução dos projetos de infraestrutura, tanto
das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) como dos
projetos do Programa de Investimentos em Logística, que envolvem a
concessão à iniciativa privada de portos, aeroportos, rodovias e
ferrovias, além da licitação de áreas de exploração de petróleo e gás.
Dilma interrompeu a reunião ministerial, a terceira
de seu governo, para dar esclarecimentos à imprensa. O encontro
começou por volta das 17h e, de acordo com a presidente, ainda levará
várias horas.
Ela disse que seria “oportuno” que as eventuais
mudanças resultantes do plebiscito sobre a reforma política valessem
para as eleições de 2014, mas ressaltou que esse prazo não depende do
governo. “Não tenho governabilidade sobre essa questão. Gostaria que
tivesse efeito sobre essa eleição, agora se vai ser possível ou não,
isso vai levar em conta uma séria de questões práticas do Tribunal
Superior Eleitoral, da Câmara e do Senado.”
Além de 36 ministros, os líderes do governo na
Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), no Senado, Eduardo Braga
(PMDB-AM), e no Congresso, deputado José Pimentel (PT-CE), participam
da reunião na residência oficial da Granja do Torto. Os ministros da
Cultura, Marta Suplicy, das Relações Exteriores, Antonio Patriota, que
estão em viagem ao exterior, não estiveram no encontro, mas mandaram
representantes. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, também não
compareceu, pois está doente.
No fim de semana, Dilma teve reuniões com os ministros das Comunicações,
Paulo Bernardo, e da Saúde, Alexandre Padilha. Hoje (1°) de manhã, a
presidente recebeu o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
Na semana passada, a presidente recebeu pela
primeira vez em seu governo representantes de movimentos sociais e
organizações da sociedade civil, que, de alguma maneira, participaram
dos recentes protestos ocorridos no país. Dilma também reuniu prefeitos
das capitais e governadores para apresentar as medidas que o governo
deve adotar em resposta às demandas levadas às ruas durante as
manifestações.
Entre as medidas anunciadas, está um plebiscito
sobre a reforma política. A ideia do governo é consultar a população
sobre os principais temas da reforma, e, em seguida, as eventuais
mudanças no sistema eleitoral seriam consolidadas pelo Congresso
Nacional.
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