Carlos Chagas
No espaço de uma semana, quatro entrevistas exclusivas: da presidente Dilma, do ex-presidente Lula, do presidente do Supremo, Joaquim Barbosa, e do Papa Francisco.
Os três primeiros, com todo o respeito, disputam o prêmio Pinóquio. Porque ao afirmar que o Lula não precisa voltar ao governo, pois está nele, Dilma não só reconheceu uma administração em condomínio ou, mais ainda, subordinada ao antecessor. Ficou evidente que, com seu comentário, fixou a disposição de não abrir mão da reeleição. Vai para a luta. O problema a envolver o filho do Geppeto é que, continuando a perda de popularidade da presidente até o começo do próximo ano, o PT decidirá existir apenas uma forma de não perder o poder: lançar o Lula. E nesse caso Dilma não teria outra saída senão agradecer e sair do palco. Sendo assim, desde já, sua disposição pelo segundo mandato encontra-se subordinada a forças que não dependem de sua vontade.
Quanto ao Lula, poderá repetir mil vezes não ser candidato, mas é. Obviamente, na dependência de o governo Dilma não se recuperar. Sente-se essa disposição toda vez que ele informa estar muito bem de saúde e que o câncer desapareceu. Poderia, o ex-presidente,guardar-se um pouco mais,deixando de repetir não ser candidato, pois quando for, na dependência da natureza das projeções políticas, será cobrado pela negativa. Um pouco de experiência mineira faz falta a políticos paulistas e nordestinos: para que afirmar aquilo de que não se tem certeza? Tancredo Neves jamais negou sua candidatura presidencial, mas dizia sempre que seu objetivo era continuar governador de Minas. Todo mundo entendeu, sem a necessidade de cobranças constrangedoras.
No capítulo de Joaquim Barbosa, a mesma contradição. Não é candidato ao palácio do Planalto, não tem partido, jamais foi político e até mesmo é negro. Por que, então, continua pontificando a respeito das necessidades do país e lembrando que, onde quer que vá, é aplaudido e saudado como candidato?
Aqui para nós, as três entrevistas mais se assemelham à história onde não faltam personagens como a Raposa Esperta, a Ilha dos Prazeres e a barriga de Monstro, a baleia. Só está faltando a Fada Madrinha.
A única entrevista verdadeira, honesta e justa foi do Papa Francisco ao repórter Gerson Camarotti, afinal, um alívio ético insuperável.
DE VOLTA À REALIDADE
Uma aposta se fazia nas redações de jornais em Brasília, ontem: os trabalhos do Congresso serão retomados hoje, de verdade ou de mentirinha? Porque numa quinta-feira, dia de deputados e senadores voltarem a seus estados, seria a oportunidade para chegarem à capital federal para começar a trabalhar?
Abandonaram sua obrigação em meio a convulsões da sociedade e a cobranças de reformas que jamais produzirão. Mais ainda, quando o país inteiro reverenciou a presença do Papa Francisco entre nós. Iriam perder mais um fim de semana de ócio?
GOVERNADORES EM AGONIA
Existem bons e maus governadores, entre os que se dispõem a disputar o segundo mandato. Um denominador comum os une: os efeitos das manifestações de protesto contra a falência dos serviços públicos verificados no país inteiro. O risco é de serem tragados, todos, pela avalanche da indignação nacional. Nas eleições do ano que vem, serão nivelados por baixo, e não sem razão. O diabo é prever os candidatos que irão sucede-los. Poderão ser piores…( Tribuna Da Imprensa )
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