quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Bebê foi retirado da barriga da mãe ainda viva

 

 

Bebê foi retirado da barriga da mãe ainda viva (Foto: Thiago Gomes/Diário do Pará) 
 
  Belém -Uma equipe do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves realizou, na manhã de ontem (31), a exumação do bebê que supostamente pertencia à Elizabeth Cardoso da Conceição. O procedimento foi acompanhado pelo delegado Éder Mauro, responsável por presidir o inquérito sobre o assassinato da jovem de 21 anos que desapareceu da praça Matriz de Marituba, no último dia 11, grávida de oito meses. 
A suspeita do crime, Cátia Cilene Nascimento Ferreira, já se encontra detida e confessou para a polícia que o bebê enterrado ali pertencia à vítima. “Mesmo que ela já tenha confessado, é preciso que isso seja tecnicamente comprovado. Por isso, será feito o cruzamento de DNA da Elizabeth, da suspeita e do bebê, para comprovar que a vítima era a mãe”, esclarece a autoridade policial. O procedimento tem previsão de laudo em até 10 dias, segundo a assessoria do CPC Renato Chaves.
“Quando é um recém-nascido, o material biológico se perde muito rápido. A urna será levada para o departamento técnico de DNA, onde eles irão examinar qual o melhor material para aquele exame”, explica. Enterrado um dia após o desaparecimento de Elizabeth, em um cemitério particular no bairro do Tapanã, em Belém, não havia identificação da criança por nome. Toda a tramitação foi feita pelo marido de Cátia Cilene, que afirmou acreditar que estava enterrando o próprio filho. “Nós acreditamos que ele possa ter sido mais uma vítima nessa história”, firmou o delegado.
Ainda de acordo com a polícia, a suspeita contou em detalhes sobre a morte da jovem e a retirada do bebê. “Ela já confessou tudo e disse que a vítima ainda estava viva quando o bebê foi retirado. Conta que ela ainda ficou pedindo socorro e que, quando pegou o bebê com o cordão umbilical e tudo, enrolado em uma toalha, e levou para dentro da casa dela, ele ainda estava chorando”, relatou o delegado. O próximo passo para a Polícia Civil é entregar o corpo de Elizabeth e do bebê, conforme determinação do juiz, para a família da vítima.
Durante a retirada da urna com o bebê, Rosimere Rodrigues Cardoso, de 41 anos, e Priscila Cardoso, respectivamente mãe e irmã da jovem Elizabeth, foram discretas e acompanharam tudo em silêncio. O peso da tristeza que carregam desde o desaparecimento da jovem tem se mostrado cada vez maior no semblante das duas. Quanto mais o momento de retirar o bebê se aproximava, mais as duas pareciam se fechar para o mundo.
A urna foi aberta de maneira rápida, apenas para que os peritos pudessem confirmar a presença da criança. A avó do bebê, que o aguardou ao longo de oito meses, preferiu não ter essa imagem da criança em sua memória. Logo depois, tudo foi novamente fechado e encaminhado para perícia. Pouco antes de sair do cemitério, a única declaração de Rosimere Cardoso, já acompanhada de lágrimas, foi simples e franca. “Eu estou mais aliviada. Mas não perdoo. Só Deus pode perdoar o que ela fez”.
Uma segunda pessoa envolvida no crime era procurada até a manhã de ontem. “Falta apenas prender o amante da Cátia. Ela afirma que ele apenas ajudou a ocultar o corpo, mas acreditamos que a participação dele possa ser maior. Ela não teria força suficiente para certas ações. Ele já foi identificado, falta apenas detê-lo”. Ainda no início da tarde, o homem, identificado apenas como Jonas, foi finalmente detido e encaminhado para a Delegacia do Marco. 
O CASO 
A principal suspeita de causar o desaparecimento de Elizabeth já era Cátia Cilene Nascimento, detida no último dia 26. Até aquele momento muitos acreditavam que ela também esteve grávida e que queria trocar um bebê morto pelo da vítima. Cogitou-se um ritual após um possível aborto espontâneo, mas a verdade é que ela nunca esteve gestante. Após a detenção da mesma, a história, que já parecia macabra, se tornou ainda pior quando o corpo da jovem foi encontrado na última terça-feira (30) no quintal da casa de Cátia, localizada na rua São José, bairro Bela Vista, em Marituba.
A vítima foi atraída para o local com a promessa de que ganharia um enxoval para o bebê que esperava. “Ela saiu da Praça Matriz até o local por volta das 16h. Lá pelas 18h, já estava sendo atacada com garrafadas e uma pedra que estava próxima ao corpo”, conta o delegado Eder Mauro. Um objeto ainda mais torturante, possivelmente uma gilete, não foi encontrado. Com ela, Cátia Cilene teria aberto o tórax de Elizabeth do alto até a região do útero para arrancar o bebê da vítima, quando ela ainda estava viva.
Com o bebê no colo, ela teria ligado para o companheiro e seguido com a criança até a Santa Casa de Misericórdia, mas o menino não sobreviveu à violenta forma como foi retirado da mãe. Também causou estranheza o fato de a suspeita já ter filhos e ainda assim fazer questão de ter o bebê da jovem. A hipótese de Cátia ser ainda uma assassina em série não foi descartada. “Vamos pedir exames de DNA nas duas filhas para comprovar se são mesmo dela”, declarou a autoridade policial após encontrar o corpo de Elizabeth e o cenário em que foi torturada e morta.
VELÓRIO
Dor, tristeza e revolta marcaram o velório de Elizabeth Cardoso da Conceição, 25, que foi velada junto com o filho, na tarde de ontem, em uma igreja evangélica, no bairro de Santa Lúcia, em Marituba. Indignados com a crueldade do crime que tirou a vida da mãe e do filho, que ainda estava no útero, amigos e familiares da jovem gritavam por Justiça durante o cortejo até o cemitério.
“A gente quer justiça! Esse crime bárbaro não pode ficar esquecido. Tiraram a vida de duas pessoas inocentes, acabaram com o sonho de uma mãe que esperava pelo nascimento do filho. Acabaram com uma família inteira. Todos os culpados por essa crueldade precisam ser punidos. Todos”, declarou a dona de casa Sirley Sena, amiga da vítima. 
ABALO
Muito abalada, a mãe de Elizabeth foi amparada pelos filhos durante todo o velório. Com a foto da filha e do bebê nas mãos, Rosimeire Cardoso pediu justiça para o caso e revelou que a filha já tinha comprado todo o enxoval da criança. “A Beth já tinha comprado as roupinhas, arrumado as malas do enxoval. A gente tinha feito todos os planos para essa nova vida que estava chegando, mas de uma hora para outra todos nossos sonhos foram destruídos. Tiraram não só a minha filha e a minha neta, destruíram também parte do meu corpo”, afirmou a mãe da jovem.
O corpo da criança e o de Elizabeth foram enterrados dentro do mesmo caixão. O funeral ocorreu em um cemitério particular no bairro de Santa Clara, em Marituba.
(Diário do Pará)

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