sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Eduardo Campos sinaliza ser mesmo candidato em 2014

 

 

 
Pedro do Coutto/Tribuna Da Imprensa 


 
Ao apoiar a atuação do diplomata Eduardo Saboia no episodio que culminou com uma crise no Itamarati e irritou a presidente Dilma Rousseff, o governador Eduardo Campos finalmente sinalizou que pretende mesmo disputar, pela oposição, as eleições presidenciais de 2014. Reportagem de Flávia Guerreiro, Fábio Mendes e Taí Nalon, Folha de São Paulo de 28, focalizou amplamente o assunto. Amplamente porque de um lado da página destacou a reação de Dilma Rousseff e, de outro, as declarações de Aécio Neves e Eduardo campos. O senador mineiro já se anunciou candidato de oposição ao governo. O governador de Pernambuco, pela primeira vez, de modo incisivo, contesta a posição assumida pela presidente da República.
Rousseff condenou a atitude de Eduardo Saboia sustentando os riscos a que se expôs, a si, e à própria vida do senador Roger Pinto Molina, ao passar por várias barreiras policiais. Nada aconteceu, mas poderia ter acontecido. Um governo não negocia vidas: age para proteger vidas. Nós não estamos numa situação de exceção Condenou fortemente a comparação de Saboia colocando no mesmo patamar a embaixada em La Paz e o Doi-Codi da ditadura militar.
Eduardo Campos contestou: eu só posso ter uma opinião. Salvamos uma vida, ameaçada pela depressão, uma doença terrível. Cumprimos uma tradição do país, que é de abrigar perseguidos políticos. Por dever de consciência, cumprimento o diplomata Eduardo Saboia, por sua atitude humanitária. A afirmação do governador se choca principalmente com uma das declarações de Dilma Rousseff, quando lamenta profundamente a atuação do diplomata. PEDIDO DE FÉRIAS

A revolta da presidente da República foi autêntica, não um lance no tabuleiro do xadrez internacional, como alguns analistas admitiram. Tanto assim que suspendeu (matéria de Valdo Cruz e Eliane Catanhede, além também de Gabriela Guerreiro) a designação do embaixador Marcel Biato para a embaixada brasileira na Suécia. Marcel Biato é embaixador em La Paz. Havia entrado de férias, o que levou Eduardo Saboia a substituí-lo interinamente. Dilma Rousseff interpretou que o pedido de férias foi programado para Saboia retirar Molina da embaixada.
E só poderia ter irritado, seja qual for a verdade completa, uma vez que o episódio afetou a autoridade presidencial na medida em que, no plano internacional, colocou-a na posição de desinformada. Nenhum dirigente político sente-se confortável em tal posição levada pelas circunstâncias rocambolescas da atuação de Saboia, quase uma aventura de capa espada lançada nos tempos modernos.
Portanto, as afirmações de Aécio Neves e Eduardo Campos só podem ter contribuído para irritá-la ainda mais. As de Aécio nem tanto porque ele sempre se anunciou um candidato de oposição. Mas principalmente as de Eduardo Campos, que é do PSB, legenda que ocupa dois cargos ministeriais na administração federal. O próximo lance de Eduardo Campos deverá ser a iniciativa de retirar o partido da equipe do Planalto, pois não faz o menor sentido alguém assumir a trilha da oposição e, ao mesmo tempo, permanecer integrando a equipe do governo. Lançando-se candidato, por fim, Eduardo Campos terá que renunciar ao governo de Pernambuco até 5 de abril do próximo ano. A atuação de Saboia, do dia para noite, projetou-se profundamente no quadro político nacional.

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