sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Rio de Janeiro: praia, samba, futebol e manifestações

 

 


Sandra Starling (O Tempo)


Volto ao Rio de Janeiro para a formatura do caçula entre meus sobrinhos. Tobias – que sempre foi aluno brilhante – cola grau com louvor na monografia de fim de curso. Fico toda orgulhosa, já que no meu tempo fui CDF e continuo estudando sem parar, como se ainda faltasse vestibular para ir para o outro mundo… Hei de aprender o alemão cujo domínio me desafia há alguns anos!
Já na descida no Santos Dumont, sou avisada, na longa fila para pegar um táxi, que não há como chegar, naquela hora (cerca de 16h30) ao centro da cidade, tomado por manifestação gigantesca, motivada pela greve dos professores. Alguns passageiros ensaiam um tímido protesto. Fazer o quê? – penso eu, lembrando-me das muitas passeatas de que participei na vida, quando era professora, como militante do Movimento Feminino pela Anistia (e tome pancadaria!!!) na escada e no adro da Igreja São José em Belo Horizonte, ou percorrendo de cabo a rabo a avenida Afonso Pena, nas inúmeras campanhas de que participei como candidata ou como filiada do Partido dos Trabalhadores.
Hoje já não tenho militância partidária, apenas me dispus a ajudar Marina Silva a constituir a Rede Solidariedade (apesar de não subscrever algumas posições do novo partido), e não tenho nem fôlego nem pernas para fugir da polícia, como fiz inúmeras vezes em minha juventude.
NA ZONA SUL
Para minha sorte, vou na direção da Zona Sul, o trânsito segue lento como lento está o trânsito em qualquer cidade do Brasil, depois que esses últimos governos deram de entupir as ruas estimulando a compra do carro ou da moto próprios. Todo mundo fica mais parado que andando porque o transporte coletivo não presta, nem existe em número e qualidade suficientes para melhorar a vida urbana; há que se ter paciência. Encontro um taxista desses falantes, que são, para mim, as fontes mais preciosas para tentar acompanhar o humor da população em geral. Sigo pela praia no rumo de Ipanema, pego minha irmã que me espera na esquina da rua Vinícius de Morais, e lá vamos nós na direção do Leblon.
Aí, claro está, o táxi tem de passar diante do acampamento em frente ao edifício onde mora o governador Sérgio Cabral. Barracas dispostas em fila, um monte de colchões espalhados no canteiro que separa as pistas de ida e vinda, varal com roupas ao vento, gente papeando descontraída – fico imaginando a que horas começará o enfrentamento com a polícia.
Incrível a trajetória desse governador! Até as manifestações generalizadas do mês de junho, parecia dono do Estado do Rio de Janeiro, se dispondo até a peitar a candidatura do Lindbergh Farias (o “lindinho”) do PT. Parecia imune a qualquer escândalo. E andava aprontando. A ponto de se deixar fotografar, em memorável farra parisiense com o dono da empreiteira Delta, dançando de guardanapo na cabeça. Todos os jornais falavam de suas andanças na Europa e do farto uso do helicóptero nos fins de semana. Até que o povo acordou.
E o povo acorda assim, sem mais nem menos: que virá no ano que vem?

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