Sandra Starling (O Tempo)
Hoje já não tenho militância partidária, apenas me dispus a ajudar Marina Silva a constituir a Rede Solidariedade (apesar de não subscrever algumas posições do novo partido), e não tenho nem fôlego nem pernas para fugir da polícia, como fiz inúmeras vezes em minha juventude.
NA ZONA SUL
Para minha sorte, vou na direção da Zona Sul, o trânsito segue lento como lento está o trânsito em qualquer cidade do Brasil, depois que esses últimos governos deram de entupir as ruas estimulando a compra do carro ou da moto próprios. Todo mundo fica mais parado que andando porque o transporte coletivo não presta, nem existe em número e qualidade suficientes para melhorar a vida urbana; há que se ter paciência. Encontro um taxista desses falantes, que são, para mim, as fontes mais preciosas para tentar acompanhar o humor da população em geral. Sigo pela praia no rumo de Ipanema, pego minha irmã que me espera na esquina da rua Vinícius de Morais, e lá vamos nós na direção do Leblon.
Aí, claro está, o táxi tem de passar diante do acampamento em frente ao edifício onde mora o governador Sérgio Cabral. Barracas dispostas em fila, um monte de colchões espalhados no canteiro que separa as pistas de ida e vinda, varal com roupas ao vento, gente papeando descontraída – fico imaginando a que horas começará o enfrentamento com a polícia.
Incrível a trajetória desse governador! Até as manifestações generalizadas do mês de junho, parecia dono do Estado do Rio de Janeiro, se dispondo até a peitar a candidatura do Lindbergh Farias (o “lindinho”) do PT. Parecia imune a qualquer escândalo. E andava aprontando. A ponto de se deixar fotografar, em memorável farra parisiense com o dono da empreiteira Delta, dançando de guardanapo na cabeça. Todos os jornais falavam de suas andanças na Europa e do farto uso do helicóptero nos fins de semana. Até que o povo acordou.
E o povo acorda assim, sem mais nem menos: que virá no ano que vem?
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